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Caem apostas em alta da Selic após BC sinalizar outras medidas

Taxa dos contratos de DI com vencimento em janeiro desabou 22 pontos-base na semana passada

Tombini, presidente do BC: real teve a maior alta entre as moedas da América Latina (Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 08h43.

Nova York/Brasília - Operadores do mercado de renda fixa estão reduzindo no ritmo mais acelerado em sete meses as apostas em aumentos da taxa Selic, após o Banco Central acenar com outras medidas para conter a inflação no País.

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro desabou 22 pontos-base na semana passada para 12,35 por cento. Foi a maior queda semanal desde 20 de agosto e aconteceu depois que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária revelou que o BC estuda novas medidas “macroprudenciais”. Essas medidas foram adotadas em dezembro para conter a expansão do crédito, com o aumento do depósito compulsório e de requerimento de capital para os bancos.

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Bancos centrais de países em desenvolvimento do Peru à Turquia estão elevando o depósito compulsório para reduzir a necessidade de altas de juros, que poderiam ampliar a apreciação cambial e prejudicar as exportações. No Brasil, o BC elevou o juro básico em 300 pontos-base, ou 3 pontos percentuais, nos últimos 12 meses, e o real se valorizou 40 por cento desde março de 2009 em relação ao dólar americano, o maior avanço entre as moedas da América Latina.

“Os mercados emergentes estão tentando evitar altas excessivas nos juros”, disse Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs Group Inc., numa entrevista por telefone de Nova York. Os aumentos de juros criam “pressões cambiais” em nações em desenvolvimento porque “os juros ainda estão muito baixos” nos países do Grupo dos Sete, disse ele.

A Selic, subiu para 11,75 por cento após o comitê liderado por Alexandre Tombini ter elevado a taxa em meio ponto percentual em 19 de janeiro e também em 2 de março. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve mantém o juro básico numa faixa entre zero e 0,25 por cento, enquanto o Banco Central Europeu estabeleceu um juro de referência de 1 por cento.

Quarentena?

O Brasil estuda novas medidas para conter os ganhos do real, disse no dia 11 de março um funcionário do governo a par das discussões. Uma possibilidade é definir uma quarentena para as aplicações estrangeiras em ações, segundo a pessoa, que pediu anonimato porque as conversas não são públicas.

O governo triplicou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras para investimentos estrangeiros em renda fixa no ano passado e impôs depósito compulsório sobre posições vendidas dos bancos em dólar em janeiro para deter a valorização cambial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em 3 de março que o governo continua preocupado com a força da moeda e pode tomar medidas adicionais para impedir uma supervalorização.

Uma moeda mais forte torna os exportadores menos competitivos porque eleva os custos de seus produtos em dólar.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que não tem informações sobre novas medidas cambiais. Um porta- voz do BC se negou a fazer comentários.

Os contratos de DI mostram que os investidores apostam que Tombini vai aumentar a Selic para 12,75 por cento até o fim do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Em 9 de março, eles projetavam a taxa em 13,25 por cento.

A taxa do contrato que vence em janeiro despencou 20 pontos-base, a maior queda diária em 20 meses, em 10 de março, o dia em que o BC divulgou a ata da última reunião do Copom.

“O mercado compreendeu o que o Banco Central quer, então o DI está caindo basicamente por causa disso”, disse Pedro Tuesta, economista da 4Cast Inc. em Washington, numa entrevista por telefone. “O mercado não vai apostar contra um BC que não quer subir.”

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