Brasil Foods pode perder mais na renda fixa com decisão do Cade
A desvalorização dos títulos pode piorar com o rompimento da fusão que criou a maior exportadora mundial de frango
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2011 às 08h37.
Nova York e São Paulo - A desvalorização dos títulos da BRF - Brasil Foods SA pode piorar com especulações de que o possível rompimento da fusão que criou a maior exportadora mundial de frango prejudicará a capacidade de pagar dívidas.
O rendimento dos títulos em dólar da Brasil Foods com vencimento em 2020 deu um salto de 20 pontos-base em 9 de junho -- a maior alta em seis meses, segundo dados compilados pela Bloomberg -- depois que dois dos cinco conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica votaram a favor da reversão da fusão de US$ 3,8 bilhões que criou a empresa há dois anos. O aumento de 28 pontos-base na taxa dos papéis na semana passada se compara a uma queda média de três pontos-base no rendimento de títulos de atacadistas de alimentos com acompanhamento pelo Bank of America Corp.
O Cade decide em 15 de junho se a Brasil Foods, formada quando a Perdigão SA comprou a Sadia SA em 2009, tem participação de mercado excessiva e deve ser desmembrada. Carlos Ragazzo, um dos cinco conselheiros do Cade e relator do processo, disse em 8 de junho que a fusão não beneficia os consumidores. A Sadia aceitou a proposta da Perdigão depois de perder mais de R$ 3 bilhões com apostas erradas em derivativos de câmbio.
“O desempenho dos títulos vai se distanciar ainda mais porque há incerteza quanto à qualidade de crédito do garantidor na eventualidade de uma reversão completa”, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes na corretora de renda fixa Knight Libertas, em entrevista por telefone de Greenwich, no Estado americano de Connecticut. “Não fazemos ideia da qualidade de crédito da companhia subjacente, a não ser que provavelmente será mais fraca do que a empresa combinada.”
Garantia dos títulos
O rendimento dos títulos da Brasil Foods pode subir mais 20 pontos-base, ou 0,20 ponto percentual, disse Viegas.
Os papéis que vencem em 2020 pagam 6,09 por cento, ou 247 pontos-base a mais do que os títulos do governo com vencimento em 2019, a maior diferença desde 4 de janeiro, de acordo com a Bloomberg. Os bônus são garantidos pela empresa combinada e também pela Sadia.
A Brasil Foods não quis fazer comentários para esta reportagem, segundo a assessoria de imprensa da companhia.
A Brasil Foods ainda está “otimista” que pode negociar uma solução com o Cade, disse Wilson Mello, vice-presidente de relações institucionais da Brasil Foods, a repórteres em 8 de junho após a audiência. O adiamento da decisão da semana passada para 15 de junho foi “positivo” porque dá às autoridades mais tempo para rever o caso, afirmou a companhia em outro comunicado divulgado no mesmo dia.
Perspectiva para a nota
Os títulos da Brasil Foods devem se desvalorizar ainda mais com a desmontagem de posições por investidores que apostavam numa melhora da nota de crédito, disse Cornel Bruhin, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de mercados emergentes na Clariden Leu AG em Zurique, em entrevista por telefone.
O presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, disse em 16 de maio durante teleconferência com analistas que a companhia trabalha para receber o grau de investimento já este ano. A empresa tem nota Ba1 pela Moody’s Investors Service, um nível abaixo do grau de investimento, e a equivalente BB+ na escala da Standard & Poor’s.
“Se o plano não der certo, eles vão permanecer com BB+?” disse Bruhin em entrevista por telefone.
Milena Zaniboni, analista da S&P em São Paulo, e Ricardo Kovacs, analista da Moody’s em São Paulo, não retornaram telefonemas da reportagem solicitando comentário.
Nova York e São Paulo - A desvalorização dos títulos da BRF - Brasil Foods SA pode piorar com especulações de que o possível rompimento da fusão que criou a maior exportadora mundial de frango prejudicará a capacidade de pagar dívidas.
O rendimento dos títulos em dólar da Brasil Foods com vencimento em 2020 deu um salto de 20 pontos-base em 9 de junho -- a maior alta em seis meses, segundo dados compilados pela Bloomberg -- depois que dois dos cinco conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica votaram a favor da reversão da fusão de US$ 3,8 bilhões que criou a empresa há dois anos. O aumento de 28 pontos-base na taxa dos papéis na semana passada se compara a uma queda média de três pontos-base no rendimento de títulos de atacadistas de alimentos com acompanhamento pelo Bank of America Corp.
O Cade decide em 15 de junho se a Brasil Foods, formada quando a Perdigão SA comprou a Sadia SA em 2009, tem participação de mercado excessiva e deve ser desmembrada. Carlos Ragazzo, um dos cinco conselheiros do Cade e relator do processo, disse em 8 de junho que a fusão não beneficia os consumidores. A Sadia aceitou a proposta da Perdigão depois de perder mais de R$ 3 bilhões com apostas erradas em derivativos de câmbio.
“O desempenho dos títulos vai se distanciar ainda mais porque há incerteza quanto à qualidade de crédito do garantidor na eventualidade de uma reversão completa”, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes na corretora de renda fixa Knight Libertas, em entrevista por telefone de Greenwich, no Estado americano de Connecticut. “Não fazemos ideia da qualidade de crédito da companhia subjacente, a não ser que provavelmente será mais fraca do que a empresa combinada.”
Garantia dos títulos
O rendimento dos títulos da Brasil Foods pode subir mais 20 pontos-base, ou 0,20 ponto percentual, disse Viegas.
Os papéis que vencem em 2020 pagam 6,09 por cento, ou 247 pontos-base a mais do que os títulos do governo com vencimento em 2019, a maior diferença desde 4 de janeiro, de acordo com a Bloomberg. Os bônus são garantidos pela empresa combinada e também pela Sadia.
A Brasil Foods não quis fazer comentários para esta reportagem, segundo a assessoria de imprensa da companhia.
A Brasil Foods ainda está “otimista” que pode negociar uma solução com o Cade, disse Wilson Mello, vice-presidente de relações institucionais da Brasil Foods, a repórteres em 8 de junho após a audiência. O adiamento da decisão da semana passada para 15 de junho foi “positivo” porque dá às autoridades mais tempo para rever o caso, afirmou a companhia em outro comunicado divulgado no mesmo dia.
Perspectiva para a nota
Os títulos da Brasil Foods devem se desvalorizar ainda mais com a desmontagem de posições por investidores que apostavam numa melhora da nota de crédito, disse Cornel Bruhin, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de mercados emergentes na Clariden Leu AG em Zurique, em entrevista por telefone.
O presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, disse em 16 de maio durante teleconferência com analistas que a companhia trabalha para receber o grau de investimento já este ano. A empresa tem nota Ba1 pela Moody’s Investors Service, um nível abaixo do grau de investimento, e a equivalente BB+ na escala da Standard & Poor’s.
“Se o plano não der certo, eles vão permanecer com BB+?” disse Bruhin em entrevista por telefone.
Milena Zaniboni, analista da S&P em São Paulo, e Ricardo Kovacs, analista da Moody’s em São Paulo, não retornaram telefonemas da reportagem solicitando comentário.