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Bovespa pode não retomar os 60 mil pontos

O inesperado prejuízo registrado pela Petrobras no trimestre passado prejudica a bolsa

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2012 às 10h33.

São Paulo - O sinal positivo que prevalece nos mercados internacionais na manhã desta segunda-feira, mantendo o otimismo observado ao final da semana passada, até que poderia facilitar a tentativa da Bovespa de testar uma importante resistência já nesta segunda-feira, com o intuito de retomar uma trajetória de alta, rumo aos 60 mil pontos. Mas essa missão tornou-se mais árdua no curto prazo diante do inesperado prejuízo registrado pela Petrobras no trimestre passado, o que deve provocar uma forte correção, para baixo, nas ações da companhia. As atenções se voltam, agora, para a teleconferência que a estatal petrolífera realiza, enquanto o exterior segue em busca de pistas das autoridades monetárias para contornar a perda de tração da dinâmica global. Por volta das 10h10, o Ibovespa caía 0,63%, aos 56.893,19 pontos, na mínima.

Na sexta-feira, após o fechamento do pregão regular da Bolsa, a Petrobras reportou um prejuízo líquido de R$ 1,346 bilhão entre abril e junho de 2012, no primeiro resultado negativo desde 1999. Esta segunda-feira, portanto, será o primeiro dia de reação do mercado financeiro ao resultado da companhia, que contrastou com a estimativa média de lucro de R$ 3,24 bilhões, conforme instituições consultadas pela Agência Estado.

Para se ter uma ideia, no after market da sexta-feira, as ações da Petrobras caíram mais de 2%, o que interrompeu a negociação dos papéis, já que atingiram o porcentual limite de variação de preço, de 2%, (para cima ou para baixo). Segundo um operador de renda variável, espera-se, pelo menos, uma queda de 5% de cada ação da Petrobras no mercado à vista hoje. No horário acima, as ações ON da companhia cediam 5,18%, enquanto as PN recuavam 5,12%.

"Mas tudo é possível", pondera ele, lembrando que há cerca de duas semanas, quando saiu o balanço financeiro também ruim da Vale, os papéis da mineradora absorveram a queda registrada pela manhã e acabaram ajudando a alta de 2,65% do Ibovespa do pregão do dia 26.

Para esse profissional, que falou sob a condição de não ser identificado, os investidores estarão atentos à teleconferência com analistas, que acontece nesta segunda-feira, além de declarações da presidente da Petrobras. Ele cita informação publicada em uma revista semanal, na qual Graça Foster continua a descobrir "esqueletos no armário e abacaxis escondidos" pelo ex-presidente da companhia, Sérgio Gabrielli.

Como os papéis da blue chip têm peso relevante na composição do Ibovespa, o pregão desta segunda-feira já deve começar sob uma forte pressão negativa, justamente quando a Bolsa iniciaria a semana cara a cara com uma importante resistência, que, se superada, poderia garantir dias mais promissores à renda variável brasileira.

O analista gráfico da Ágora Corretora, Daniel Marques, comenta, em relatório, que o encerramento eufórico do pregão doméstico na última sexta-feira - alta de 3,12%, no maior nível desde 14 de maio, aos 57.255 pontos - fez com que o Ibovespa fechasse a semana passada "beijando a resistência". "O Ibovespa continua cutucando os 57,6 mil pontos", diz.


O profissional ressalta, porém, que o rompimento dessa marca precisa ser confirmado para reconquistar uma tendência de alta e abrir caminho rumo à média móvel de 200 dias (MM200), perto dos 58,8 mil pontos. "O Ibovespa ainda depende de um fechamento acima da resistência (57.600 pontos) para finalmente tirar o mercado dessa enorme zona de congestão e atrair compras mais fortes", avalia.

A depender da reação das ações da Petrobras ao resultado financeiro e às declarações dos executivos da companhia, Marques, da Ágora, destaca que é fundamental que qualquer correção para baixo do índice à vista respeite o suporte formado em 55.240 pontos. E esse ponto merece atenção, ressalta ele, já que seu rompimento deixaria qualquer melhora da Bolsa mais distante.

Para o economista e sócio da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira, uma retomada substancial dos negócios com risco está na dependência, novamente, do noticiário acerca da zona do euro e da manutenção do voto de confiança dos investidores à autoridade monetária do bloco. "Na última sessão da semana passada, os mercados financeiros reavivaram as expectativas de adoções de novas medidas, e até ações não convencionais, por parte do Banco Central Europeu (BCE) para sanar a crise das dívidas na Europa", lembra.

Além de Europa, os investidores também estarão atentos aos indicadores econômicos na China, para tentar quantificar o ritmo da desaceleração no gigante emergente, bem como aferir a possibilidade novos estímulos por parte de Pequim. Entre quarta e quinta-feira o país informa os números da inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI), sobre a produção industrial, as vendas no varejo e a balança comercial.

Já em relação aos Estados Unidos, é fundamental acompanhar se os dados desenham uma tendência clara de reversão da economia norte-americana da acomodação ocorrida no segundo trimestre deste ano rumo à recuperação nos últimos seis meses de 2012, conforme o Federal Reserve tem indicado.

Também nesta segunda-feira, o presidente do BC dos EUA, Ben Bernanke, fala sobre "medições econômicas" durante conferência em Boston (Massachusetts). O discurso da autoridade monetária é o grande destaque da agenda econômica norte-americana de hoje que, aliás, está relativamente fraca ao longo da semana. No horário acima, o futuro do S&P 500 avançava 0,16%.

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