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Ibovespa fecha maio no azul pela 1ª vez em 10 anos

Foi por pouco que o indicador não repetiu a má sorte dos anos anteriores; alta foi de 0,7% no mês

 (NurPhoto/Getty Images)

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TL

Tais Laporta

Publicado em 31 de maio de 2019 às 17h24.

Última atualização em 31 de maio de 2019 às 18h09.

Na contramão da má sorte dos últimos anos, o maior índice de ações da bolsa fechou seu primeiro maio no azul em 10 anos. Mas foi por pouco, e de virada. O Ibovespa subiu 0,70% no mês, aos 97.030 pontos.

Nesta sexta-feira, o índice da B3 caiu 0,44%. O giro financeiro do dia somou R$ 16,32 bilhões.

Desde 2009 o indicador não tinha um desempenho positivo no quinto mês do ano. A julgar pelos primeiros 15 dias de maio, tudo indicava que este seria mais um período desastroso para a bolsa.

De um lado, a desarticulação política no Brasil colocou na berlinda as chances de aprovação de uma reforma da Previdência. De outro, o agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China geraram aversão ao risco no exterior.

Brasil descolado do exterior

A virada aconteceu na última semana, com o pacto entre o governo Bolsonaro e os outros dois poderes (Congresso e Supremo Tribunal Federal), elevando a possibilidade de novas reformas, observa Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset.

“Esta ‘vibe positiva’ ancorada na aprovação da reforma fez com que o Brasil se descolasse do resto do mundo”, diz.

De fato, não foi uma semana fácil para os mercados no exterior, mas o Brasil ficou “blindado”. Nem mesmo a preocupante retração do PIB no primeiro trimestre, de 0,2%, abalou a confiança dos investidores.

Como se não bastasse a prolongada disputa comercial entre EUA e China, o líder da maior economia do mundo, Donald Trump, anunciou na véspera que o México também poderá ser sobretaxado caso não faça mudanças em sua política de imigração.

A gripe suína africana, por sua vez, ameaça o mercado global de carnes e já afeta os preços das commodities, incluindo grãos.

Para Spyer, apesar do cenário negativo lá fora, o Brasil tende a se beneficiar desse movimento, mais um ponto a seu favor. “Os chineses não querem consumir a proteína e certamente vão comprar mais do Brasil, em um momento em que os preços estão em alta”, afirma.

“Sell in may”

A recomendação “sell in may and go away” (venda em maio e corra, em tradução livre) é comum no hemisfério norte com a chegada do verão, período em que as bolsas têm um baixo volume de negócios.

É a hora ideal para fugir de Wall Street, visto que os preços costumam ficar mais instáveis. Isso acontece devido à baixa liquidez (facilidade em comprar ou vender os papéis).

Tando que Wall Street fechou maior mais uma vez no vermelho. O índice S&P 500, que reúne as maiores companhias listadas nos EUA, teve seu pior desempenho para maio desde 2010, após a ameaça surpresa de Trump sobre o México.

Desempenho do mês

Veja as ações que mais caíram em maio:

EmpresaTicker da açãoDesempenho da ação no mês de maio
SuzanoSUZB3-21,61%
B2WBTOW3-18,01%
CieloCIEL3-13,02%
BraskemBRKM5-12,62%
CVCCVCB3-11,11%
Pão de AçucarPCAR4-10,08%
BRFBRFS3-9,64%
SabespSBSP3-6,76%
TIMTIMP3-6,15%
KlabinKLBN11-6,07%

Veja as ações que mais ganharam em maio:

EmpresaTicker da açãoDesempenho da ação no mês de maio
CSNCSNA319,85%
GOLGOLL418,09%
QualicorpQUAL316,80%
MRVMRVE316,75%
Via VarejoVVAR316,59%
CCRCCRO316,35%
AzulAZUL416,06%
EcorodoviasECOR314,92%
NaturaNATU313,61%
Energias BrENBR311,25%

Destaques do Ibovespa nesta sexta

BRF, MARFRIG e JBS – Após o anúncio de que estudam uma possível fusão, as duas empresas do ramo de alimentos tiveram desempenhos opostos na bolsa. Marfrig subiu em torno de 3%, enquanto a BRF teve um pregão mais volátil, chegou a subir, mas terminou em intensa baixa de 4,5%.

Já a processadora de carnes JBS, principal concorrente do novo negócio no Brasil,  teve queda de quase 2%. Os analistas da XP Investimentos veem a possível fusão como neutra para a companhia.

“Notamos que a empresa é muito bem posicionada, ao mesmo tempo em que vemos potenciais efeitos positivos para todos os frigoríficos com a Peste Suína africana na Ásia. Mantemos recomendação de Compra na JBS”, escreveram em relatório a clientes.

De forma geral, as ações do setor de carnes vem sendo beneficiadas, em meio a um surto de gripe suína africana que afeta principalmente a demanda por proteínas na China, o que em tese poderia elevar a demanda pelo produto produzido no Brasil.

PETROBRAS -  Os papéis da petroleira recuaram mais de 2% nas preferenciais (com direito a distribuição de dividendos),, em linha com a forte queda nos preços do petróleo no exterior. A estatal confirmou na quinta que o processo de desinvestimento nos campos de petróleo de Pampo e Enchova, no litoral do Rio de Janeiro, está em fase de apresentação de ofertas finais, mas não apontou valores ou comprador.

ITAÚ UNIBANCO - As ações do banco recuaram perto de 0,2%, enquanto Bradesco subiu 0,3%. Na véspera, o Itaú informou que seu conselho aprovou uma nova recompra de ações que pode envolver até 90 milhões de ações. A recompra pode indicar que a instituição considera que suas ações estão baratas no momento.

VALE - A mineradora desvalorizou 2%, em meio à queda dos preços do minério de ferro na China, causada por preocupação de investidores com uma sobreoferta do produto.

Dólar fica quase estável em maio

Afetado pelo clima de cautela no exterior, o dólar teve nesta sexta-feira a queda mais intensa em quase duas semanas, fechando no menor valor desde o começo do mês, fazendo a moeda praticamente zerar a alta acumulada no período. Já o real teve o melhor desempenho global na sessão.

A virada aconteceu pelas mesmas razões que o Ibovespa passou a subir, amparado pela cena política mais favorável.

Nesta sexta, a cotação caiu 1,37%, a R$ 3,9244 na venda. É a maior queda percentual diária desde 21 de maio (-1,39%) e o menor valor desde 1º de maio, quando a moeda era cotada a R$ 3,9227.

Na semana, o dólar acumulou desvalorização de 2,28%, a segunda seguida de baixa e a mais intensa desde o recuo de 2,91% na semana finda em 1º de fevereiro. Em maio, a moeda norte-americana ficou praticamente estável, com variação positiva de 0,04%. No pior momento do mês, o dólar chegou a acumular ganho de 4,64%.

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