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Bovespa cai e registra maior recuo desde dezembro

A Bovespa registrou hoje a maior queda percentual desde o início de dezembro, em dia de forte correção após uma sequência de nove pregões de alta


	Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: de acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 3,99%
 (Nacho Doce/Reuters)

Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: de acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 3,99% (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 18h37.

São Paulo - O principal índice da Bovespa registrou nesta terça-feira a maior queda percentual desde o início de dezembro, em dia de forte correção após uma sequência de nove pregões de alta, pressionado particularmente pelo recuo dos papéis de bancos, Vale e Petrobras.

Além do movimento de ajuste à queda verificada nos ADRs brasileiros na véspera em Nova York, o recuo também foi acentuado pela repercussão desfavorável a dados piores do que o esperado sobre as importações chinesas, enquanto permanece conturbado o cenário político doméstico.

O Ibovespa caiu 4 por cento, a 47.362 pontos, a maior queda desde 1º de dezembro de 2014. O giro financeiro totalizou 8 bilhões de reais. Na segunda-feira, quando a bolsa paulista não funcionou por feriado nacional, boa parte dos ADRs (recibo de ações negociados nos Estados Unidos) de companhias nacionais recuou, principalmente Petrobras e Vale, pesando no Ibovespa nesta sessão.

O noticiário externo do dia reforçou a pressão de baixa, com a queda acima do esperado nas importações pela China reforçando as preocupações com a desaceleração global.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 flertou com o território positivo, mas fechou em queda de 0,68 por cento, com os temores ligados à China pesando, assim como a queda de papéis do setor financeiro, em meio ao início da safra de balanços.

Na cena local, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminares que, na prática, suspendem momentaneamente o andamento de um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que ganha mais tempo em meio à intensa disputa política que trava no Congresso.

DESTAQUES

=ITAÚ UNIBANCO despencou 5,35 por cento e BRADESCO desabou 5,46 por cento, ambas registrando as maiores baixas desde dezembro de 2014 e respondendo pelo maior peso negativo no Ibovespa. O Credit Suisse cortou a recomendação dos bancos para "underperform", vendo 2016 como o mais desafiador em 15 anos para o setor. BANCO DO BRASIL e SANTANDER BRASIL, que também tiveram as recomendações reduzidas, caíram 8,32 e 8,9 por cento, respectivamente. No caso de BB, foi a maior queda em quase um ano, enquanto as units do Santander tiveram o maior recuo diário em mais de três anos. O UBS também cortou os preços-alvos de vários bancos, enquanto o Deutsche Bank elevou a recomendação de Bradesco para "compra", citando que os riscos macroeconômicos seguem, mas que os níveis de preços são difíceis de ignorar.

=PETROBRAS fechou com queda de 7,61 por cento nas preferenciais e de 8,12 por cento nas ordinárias, maiores declínios desde o final de janeiro deste ano, após os respectivos ADRs recuarem em Wall Street na véspera, quando os preços do petróleo caíram 5 por cento. Nesta sessão, os contratos futuros da commodity chegaram a ensaiar uma recuperação, mas terminaram em baixa, após a Agência Internacional de Energia (IEA) reacender temores de que o mercado permanecerá com excesso de oferta.

=VALE terminou com as ações ordinárias em baixa de 10,63 por cento, no maior recuo em 7 anos, e os papéis preferenciais de classe A recuando 7,87 por cento, conforme pesaram nas negociações os ajustes aos ADRs e o noticiário desfavorável sobre o comércio exterior chinês, que impacta as perspectivas da mineradora. CSN e USIMINAS, que vêm de fortes altas recentes, também sofreram com a correção na bolsa e figuraram na ponta de baixa, com recuos de 12,57 e 11,53 por cento, respectivamente.

=AMBEV fechou em baixa de 5,51 por cento, pressionada ainda pela notícia de que sua controladora, a Anheuser-Busch Inbev, fechou um acordo de 69 bilhões de libras, equivalente a 106 bilhões de dólares, para a aquisição da SABMiller. O BTG Pactual avaliou que ainda é inconclusivo qual papel da Ambev na operação, mas vê a posição da empresa como desconfortável do ponto de vista de governança corporativa, independentemente do resultado. "Se a Ambev se envolver, estamos com medo de que isso possa ser a um custo muito elevado; e se isso não acontecer, vamos ficar nos perguntando para sempre porque um negócio que faz sentido para ABI ... não tem seu valor e oportunidades de crescimento compartilhados com os minoritários da Ambev", disse em nota a clientes.

=GOL despencou 13,41 por cento, maior queda desde meados de 2011, após avançar nas últimas seis sessões, pressionada também pela valorização do dólar ante o real, além da correção ao declínio de seu ADR negociado na bolsa de Nova York.

=GRUPO PÃO DE AÇÚCAR perdeu 7,36 por cento, com agentes financeiros também atentos a dados de vendas do terceiro trimestre, que foram afetados negativamente pelo desempenho da Via Varejo. A corretora Brasil Plural disse que mantém visão cautelosa com o Grupo Pão de Açúcar no curto prazo, "que deve continuar a reportar pressão nos resultados completos do terceiro trimestre". A sessão ainda contou com relatório do JPMorgan reduzindo recomendação do papel para "underweight", citando que, apesar da estabilidade do lado de alimentos, vê a divisão não-alimentos deteriorando mais ainda nos próximos 12 meses.

=SUZANO PAPEL E CELULOSE saltou 9,22 por cento, maior alta desde abril de 2009, beneficiada pela alta do dólar frente ao real de quase 3 por cento na sessão. A ação vinha apresentando um comportamento mais fraco neste mês em relação a sua rival FIBRIA, que terminou com uma alta mais branda, de 4,20 por cento. No mês, Suzano ainda acumula perda de 4,77 por cento, enquanto Fibria cai apenas 0,35 por cento.

=CESP subiu 2,52 por cento, após a divulgação de novas informações relacionadas ao leilão de hidrelétricas existentes que o governo federal promove em 6 de novembro

Texto atualizado às 18h37

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