Bolsas europeias caem mais de 1% em meio a temores comerciais e políticos
Além de debates entre EUA e China, continuam no radar os desdobramentos políticos na Itália
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de maio de 2018 às 10h03.
Última atualização em 23 de maio de 2018 às 10h07.
São Paulo - As bolsas europeias operam em forte baixa, com as perdas da maioria dos índices acionários superando 1%, em meio a preocupações com o andamento das discussões comerciais entre EUA e China e com o futuro político da Itália, e também na esteira de indicadores fracos da zona do euro .
Ontem, o presidente americano, Donald Trump, declarou não ter ficado satisfeito com a última rodada de negociações comerciais com os chineses, ocorrida na semana passada em Washington, embora a veja como um "começo" no sentido de lidar com o gigantesco desequilíbrio na balança comercial dos EUA com a China.
A fala de Trump contrastou com comentários recentes do Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, que anunciou uma "trégua" nas divergências comerciais e viu "progresso significativo" nas últimas conversas.
Também continuam no radar os desdobramentos políticos na Itália, onde o partido antissistema Movimento 5 Estrelas e a ultranacionalista Liga tentam emplacar um acordo de governo de coalizão. O presidente italiano, Sergio Mattarella, ainda precisa dar seu aval à indicação pelas duas siglas do acadêmico e advogado Giuseppe Conte para o cargo de primeiro-ministro.
A indefinição na Itália não apenas pesa nas ações em Milão nos negócios da manhã, como também volta a impulsionar os juros dos bônus italianos, conhecidos como BTPs.
Além disso, há sinais de mais desaceleração da atividade econômica na zona do euro. Pesquisa da IHS Markit revelou hoje que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto do bloco, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, caiu de 55,1 em abril para 54,1 em maio, atingindo o menor nível em 18 meses. A leitura acima de 50 indica expansão, mas em ritmo mais fraco.
No Reino Unido, a inflação ao consumidor desacelerou de 2,5% em março para 2,4% em abril, tocando o menor patamar desde março de 2017, de acordo com o órgão de estatísticas local. Em reação ao indicador, a libra atingiu mínimas em cinco meses frente ao dólar.
Mais tarde, quando os mercados europeus já estiverem fechados, a atenção vai se voltar para a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), realizada no começo de maio. O documento será publicado às 15h (de Brasília). Investidores e analistas buscam sinais de que com qual velocidade o Fed pretende continuar elevando juros nos próximos meses. Em março, o Fed aumentou sua taxa básica em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 1,50% a 1,75%.
Às 7h54 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 0,72%, enquanto a de Paris recuava 1,10% e a de Frankfurt tinha queda de 1,46%. Em Milão, Madri e Lisboa, as perdas eram de 1,66%, 1,52% e 1,42%, respectivamente. No mercado de câmbio, o euro se enfraquecia a US$ 1,1719 e a libra seguia a mesma direção após os números da inflação britânica, cotada a US$ 1,3348.