Bolsa recua com realização de lucros após renovar recorde
Apesar de operar em queda, Ibovespa registra novo recode intradiário
Reuters
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 10h38.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 16h35.
São Paulo — O Ibovespa recuava nesta sexta-feira, refletindo alguns movimentos de realização de lucros, mas buscava se sustentar acima dos 119 mil pontos, tendo renovado máxima histórica mais cedo apoiado por clima favorável no exterior e sentimento positivo para as ações brasileiras.
Às 16:34, o Ibovespa caía 1,02% e ficava em 118.305,32 pontos. Mais cedo, alcançou 119.593,10 pontos, recorde intradia, após renovar na véspera máxima histórica de fechamento, a 119.527,63 pontos. O volume financeiro do pregão totalizava 3,84 bilhões de reais.
Apesar da fraqueza nesta sessão, o Ibovespa caminhava para fechar a semana no azul.
Agentes financeiros atribuíam a melhora no cenário externo a declarações da Organização Mundial da Saúde na véspera, de que o surto de coronavírus surgido na China ainda não é uma emergência global, bem como medidas do governo chinês para combater a disseminação do vírus, embora o assunto continue no radar.
Em Wall Street, a sexta-feira começou com ganhos, ajudados ainda pela temporada de resultados trimestrais, com destaque para previsões melhores do que o esperado da Intel.
Da pauta doméstica, o Ministério da Economia divulgou mais cedo que o Brasil abriu 644.079 vagas formais de trabalho em 2019, no melhor resultado em seis anos, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O resultado de dezembro, tradicionalmente negativo, foi de fechamento de 307.311 vagas, contra projeção em pesquisa da Reuters de encerramento de 320 mil postos.
"Apesar da menor percepção de risco com o coronavírus e com os números do Caged melhores que a expectativa, o índice Bovespa tem movimento de realização", relatou a equipe da Elite Investimentos, em nota a clientes.
Na próxima semana, a temporada de resultados de empresas brasileiras também começa a ocupar as atenções dos investidores, com os números da Cielo abrindo a safra das companhias listadas no Ibovespa no dia 27, após o fechamento do mercado.
Para a equipe da XP Investimentos, a temporada deve mostrar bons resultados, apesar da recuperação econômica ainda gradual, dada a evolução positiva de indicadores que impactam diretamente as empresas, como quadro ainda confortável para a inflação e cenário de juros baixos com Selic em 4,5% no final do trimestre.
Destaques
- BRASKEM PNA perdia 2,5%, entre as maiores quedas, após seis altas consecutivas, período em que acumulou valorização de 16%. Também no radar estava relatório do JPMorgan, que cortou a recomendação das ações da Braskem para 'underweight' ante 'neutra', bem como reduziu o preço-alvo dos papéis para 29,50 reais, de 32 reais anteriormente.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN perdiam 0,06% e 0,4%, respectivamente, após fortes ganhos na véspera, com o setor como um todo passando por um ajuste negativo nesta sessão.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON tinham acréscimos de 0,3% e 0,03%, respectivamente, apesar da fraqueza dos preços do petróleo, em nova sessão de ajustes, conforme acumulam perdas no acumulado do mês.
- VALE ON perdia 0,9%, também pesando do lado negativo, tendo no pano de fundo o começo do período de feriado na China em razão do Ano Novo Lunar. Papéis do setor siderúrgico tinham direção mista: CSN ON caía 2,2% e USIMINAS PNA cedia 0,09%, mas GERDAU PN subia 0,6%, ajudada por dados na véspera positivos sobre aços longos.
- CIA HERING ON avançava 1,6%, ensaiando uma recuperação após fortes perdas nesta semana, que chegavam a 15,7% na véspera, após dados de vendas decepcionarem e uma importante gestora divulgar que vendeu papéis da varejista de vestuário. Em janeiro, a perda superava 20%.
- AMBEV ON subia 1,6%, tendo no radar declaração do presidente Jair Bolsonaro descartando um aumento da tributação sobre a cerveja e produtos com açúcar, além de reportagem do Valor Econômico de que a Coca-Cola e seus distribuidores entraram na Justiça para anular compra da Brasil Kirin pela Heineken.
- MINERVA ON, que não está no Ibovespa, recuava 5,5%, após precificar oferta de ações a 13 reais por papel na véspera, um desconto de quase 9% em relação ao fechamento da quinta-feira.