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ATUALIZA-Mercados emergentes criticam decisão do Fed

Reação à política dos EUA pode prejudicar acordo no G20 Para Mantega, ação do Fed não ajudará crescimento global China alerta contra futura crise Trichet, do BCE, acha que EUA apoiam dólar forte (Texto reescrito e atualizado com mais comentários) Por Ana Nicolaci da Costa e David Chance BRASÍLIA/SEUL, 4 de novembro (Reuters) - Autoridades […]

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2010 às 16h12.

  • China alerta contra futura crise

  • Veja também

  • Trichet, do BCE, acha que EUA apoiam dólar forte

  • (Texto reescrito e atualizado com mais comentários)

    Por Ana Nicolaci da Costa e David Chance

    BRASÍLIA/SEUL, 4 de novembro (Reuters) - Autoridades das
    maiores economias da América Latina e da Ásia criticaram nesta
    quinta-feira a decisão do Federal Reserve de injetar bilhões de
    dólares na economia norte-americana para estimular o
    crescimento.

    As economias emergentes avaliaram que a medida torna
    improvável um acordo significativo para reduzir os
    desequílibrios globais na reunião do G20 na semana que vem.

    "Todo mundo quer que a economia americana se recupere,
    porém não adianta ficar jogando dólar de helicóptero", disse o
    ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília.

    Mantega disse que o Brasil utilizará o encontro do G20 como
    um fórum para reclamar da decisão do Fed de comprar mais 600
    bilhões de dólares em títulos do governo norte-americano.

    Segundo o ministro, é improvável que tal medida estimule o
    crescimento da economia global, podendo, por outro lado,
    agravar os desequilíbrios mundiais, preocupação também
    compartilhada pela China.

    "Enquanto o mundo não exercer restrição à emissão de moedas
    de reserva como o dólar --e isso não é fácil--, a ocorrência de
    outra crise é inevitável", escreveu Xia Bin, assessor do banco
    central da China, em um jornal administrado pela autoridade
    monetária.

    Reclamações sobre a política monetária dos EUA também
    partiram do mundo desenvolvido. O ministro da Economia alemã,
    Rainer Bruederle, afirmou estar preocupado com que os Estados
    Unidos estejam tentando estimular o crescimento ao injetar
    liquidez na economia. Sua colega francesa, Christine Lagarde,
    disse que a reação das economias emergentes mostra a
    necessidade de reformas.

    O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude
    Trichet, disse estar confiante de que os EUA ainda apoiam um
    dólar forte.

    REAÇÃO CONTRÁRIA POSSÍVEL

    O Ministério das Finanças da Coreia do Sul disse que irá
    "agressivamente" considerar a adoção de controles de capital,
    enquanto o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber
    Barral, afirmou na véspera que o movimento do Fed pode gerar
    outras medidas.

    A Tailândia levantou a possibilidade de uma ação conjunta
    para combater a enxurrada de dólares que deve entrar nos
    mercados emergentes.

    "O presidente do banco central confirmou discussões com
    bancos centrais de países vizinhos, que estão prontos para
    impor medidas juntos se for necessário para conter o possível
    fluxo de capital especulativo na região", afirmou o ministro
    das Finanças, Korn Chatikavanij.

    Uma autoridade sênior de Finanças da Índia, que preferiu
    não ser identificada, disse que, embora os EUA tenham o direito
    de estimular sua economia, outras nações também devem proteger
    seus interesses.

    O chinês Xia acrescentou no Financial News que Pequim irá
    perseguir seus próprios interesses, dizendo que "precisamos
    pensar 'o que é bom para nós'".

    O Brasil anunciou medidas nas últimas semanas para conter a
    apreciação do real . O México disse que está monitorando
    de perto sinais de excesso de liquidez no país.

    O Chile, embora não seja membro do G20, anunciou novos
    limites para investimento estrangeiros em fundos de pensão numa
    tentativa de frear a apreciação do peso .

    IMPROVÁVEL DEFINIÇÃO DE METAS

    O estrategista cambial do Credit Suisse, Olivier Desbarres,
    disse: "Esse não me parece o tipo de ambiente no qual qualquer
    país se comprometerá com metas".

    Na quarta-feira, o Fed anunciou a compra de mais 600
    bilhões de dólares em bônus.

    As bolsas de valores globais subiam ao
    maior nível em mais de dois anos, antes do colapso do banco de
    investimento Lehman Brothers, enquanto o Ibovespa se aproximava
    dos 73 mil pontos . O dólar, por sua vez, recuava ante
    outras moedas , cedendo também contra o real .

    No mês passado, os ministros de Finanças do G20 chegaram a
    um acordo sobre as visões radicalmente diferentes de como gerir
    a economia global liderada pelas duas principais nações em
    disputa: Estados Unidos e China.

    Em comunicado que pediu que desvalorizações cambiais
    visando ganho de competitividade sejam evitadas, o G20 instou
    governos a trabalhar a favor de políticas que reduzam
    desequilíbrios em conta corrente.

    Os fluxos de dinheiro para países em desenvolvimento têm
    sido maciços. O capital para fundos de mercados emergentes
    alcançou 46,4 bilhões de dólares neste ano até a quarta semana
    de outubro, ante 9,4 bilhões de dólares em todo o ano de 2009,
    de acordo com a EPFR, que monitora os ativos globais.

    Os países temem não somente o fato de que os fluxos de
    capital impulsionem suas moedas, mas também que esse dinheiro
    possa ser acompanhado de bolhas de investimento nos mercados
    emergentes.

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