Ativos do JPMorgan no Brasil crescem 40% em dois meses
Os ativos da subsidiária brasileira do banco americano subiram de R$ 16,2 bilhões em 30 de junho para R$ 22,5 bilhões em 31 de agosto
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2011 às 05h29.
São Paulo - As compras de títulos do Tesouro brasileiro pelo JPMorgan Chase & Co. contribuíram para que os ativos do banco no País subissem 40 por cento num perído de dois meses.
Os ativos da subsidiária brasileira do banco americano subiram de R$ 16,2 bilhões em 30 de junho para R$ 22,5 bilhões em 31 de agosto, disse Claudio Berquo, presidente do banco no Brasil, em uma entrevista em São Paulo. Cerca de 4 por cento dos R$ 22,5 bilhões são empréstimos para empresas brasileiras e a maior parte do restante está investido em títulos públicos, disse o diretor financeiro Cristiano Almeida.
A política do Federal Reserve de manter a sua taxa básica de juros próxima de zero está estimulando investimentos fora dos Estados Unidos, disse Richard Bove, um analista de bancos na Rochdale Securities LLC. Os títulos do governo brasileiro no mercado interno deram um retorno de 14 por cento nos últimos 12 meses, em comparação com 7 por cento de retorno médio do índice do JPMorgan de governos de mercados emergentes em moeda local.
“Nós estamos tendo um ano maravilhoso no Brasil, melhor do que o planejado”, disse Berquo, de 50 anos.
A compra de títulos do Tesouro brasileiro ajudou o banco com sede em Nova York a elevar em 46 por cento os lucros no Brasil nos oito primeiros meses do ano. O lucro da subsidiária no período subiu para R$ 94,5 milhões, mesmo após o aumento de despesas para expandir seus negócios no maior economia da América Latina, afirmou Almeida.
Goldman Sachs
O Goldman Sachs Group Inc. e o Citigroup Inc. também decidiram aumentar os investimentos no Brasil. O Goldman Sachs, baseado em Nova York, disse neste ano que o Brasil era um dos três países, junto com a China e Índia, nos quais o grupo concentrará novas contratações. O Citigroup, também baseado em Nova York, contratou apenas em março mais de 340 funcionários.
“Os bancos americanos têm de ir encontrar crescimento em algum lugar e eles não vão encontrar nos Estados Unidos se a economia continuar a patinar nos níveis atuais”, disse Bove, cuja companhia está baseada em Lutz, na Flórida.
Os empréstimos para as companhias brasileiras representam apenas uma pequena fatia dos ativos do JPMorgan no país, pois o banco só começou agora a oferecer crédito em reais no mercado interno, disse Berquo. Os empréstimos em dólar vão continuar a representar a maior parte dos empréstimos concedidos pelo banco para as empresas brasileiros, e esses ativos, que Berquo não quis quantificar, são contabilizados em Nova York.
300 maiores
A unidade brasileira do JPMorgan tinha uma carteira de empréstimos de R$ 952,9 milhões no dia 11 de setembro, cerca de duas vezes mais do que no final de dezembro de 2009, disse Berquo, acrescentando que a estratégia do banco é ter entre seus clientes as 300 maiores empresas do Brasil que tem faturamento anual acima de R$ 1 bilhões.
“Nós já estamos fazendo negócios com metade dessas empresas, mas ainda temos muito espaço para crescer”, ele disse.
A crise de dívida na Europa vai restringir o volume de crédito disponível em bancos internacionais, disse Berquo. “Vários bancos aqui estabelecidos vão cortar crédito para os bancos ou diretamente para os clientes, e os spreads vão subir” e essa pode ser uma oportunidade para o JPMorgan ganhar mercado, disse ele.
Como parte desse esforço o JPMorgan trouxe cerca de R$ 923 milhões em capital para o Brasil em setembro e pode trazer mais se for necessário, disse Berquo.
O JPMorgan era o vigésimo terceiro maior banco do Brasil em capital em 30 de junho, com R$ 1,7 bilhão em patrimônio líquido, segundo os dados do Banco Central. O Itau Unibanco Holding SA, o maior, tinha patrimônio líquido de R$ 67,2 bilhões.
Grande banco de crédito
“Nós queremos financiar os maiores projetos de óleo e gás, os projetos de infraestrutura, nós queremos ser um grande banco de crédito no Brasil”, disse Berquo, acrescentando que linhas de financiamento ao comércio exterior e pré-pagamentos à exportação são também prioridades para o banco.
“Mas nós também estamos planejando iniciar a nossa participação no mercado local de títulos, como debêntures e notas promissórias, que está aberto neste momento e é mais atrativo do que os mercados internacionais”, ele disse.
O JPMorgan contratou Ricardo Leoni, que estava no Santander, para dirigir a area de renda fixa no Brasil e planeja mais contratações depois do fim da temporada de bônus, em fevereiro, Berquo disse. O JPMorgan mais do que dobrou o total de funcionários no Brasil, de 339 pessoas para 750, desde que o brasileiro Berquo voltou de New York para dirigir a subsidiária brasileira no final de 2009.
O banco também está construindo uma área de gestão de recursos de terceiros para atender a grandes corporações e investidores institucionais e tem 40 pessoas dedicadas ao negócio até agora.
Aquisição
No ano passado, o JPMorgan comprou o Gávea Investimentos Ltda., a empresa de gestão de recursos fundada pelo ex- presidente do Banco Central Armínio Fraga, por um valor não revelado. O banco tem um braço de private equity chamado One Equity Partners que investe o capital próprio do JPMorgan, dirigido por Veronica Serra, filha do candidato a presidência da República em 2010 José Serra, que perdeu a eleição para a Presidente Dilma Rousseff.
“Nós vamos continuar crescendo no negócio de gestão de recursos de terceiro, em private e corporate banking”, disse Berquo, acrescentando que o plano é de atingir 1.000 empregados no final de 2014.
São Paulo - As compras de títulos do Tesouro brasileiro pelo JPMorgan Chase & Co. contribuíram para que os ativos do banco no País subissem 40 por cento num perído de dois meses.
Os ativos da subsidiária brasileira do banco americano subiram de R$ 16,2 bilhões em 30 de junho para R$ 22,5 bilhões em 31 de agosto, disse Claudio Berquo, presidente do banco no Brasil, em uma entrevista em São Paulo. Cerca de 4 por cento dos R$ 22,5 bilhões são empréstimos para empresas brasileiras e a maior parte do restante está investido em títulos públicos, disse o diretor financeiro Cristiano Almeida.
A política do Federal Reserve de manter a sua taxa básica de juros próxima de zero está estimulando investimentos fora dos Estados Unidos, disse Richard Bove, um analista de bancos na Rochdale Securities LLC. Os títulos do governo brasileiro no mercado interno deram um retorno de 14 por cento nos últimos 12 meses, em comparação com 7 por cento de retorno médio do índice do JPMorgan de governos de mercados emergentes em moeda local.
“Nós estamos tendo um ano maravilhoso no Brasil, melhor do que o planejado”, disse Berquo, de 50 anos.
A compra de títulos do Tesouro brasileiro ajudou o banco com sede em Nova York a elevar em 46 por cento os lucros no Brasil nos oito primeiros meses do ano. O lucro da subsidiária no período subiu para R$ 94,5 milhões, mesmo após o aumento de despesas para expandir seus negócios no maior economia da América Latina, afirmou Almeida.
Goldman Sachs
O Goldman Sachs Group Inc. e o Citigroup Inc. também decidiram aumentar os investimentos no Brasil. O Goldman Sachs, baseado em Nova York, disse neste ano que o Brasil era um dos três países, junto com a China e Índia, nos quais o grupo concentrará novas contratações. O Citigroup, também baseado em Nova York, contratou apenas em março mais de 340 funcionários.
“Os bancos americanos têm de ir encontrar crescimento em algum lugar e eles não vão encontrar nos Estados Unidos se a economia continuar a patinar nos níveis atuais”, disse Bove, cuja companhia está baseada em Lutz, na Flórida.
Os empréstimos para as companhias brasileiras representam apenas uma pequena fatia dos ativos do JPMorgan no país, pois o banco só começou agora a oferecer crédito em reais no mercado interno, disse Berquo. Os empréstimos em dólar vão continuar a representar a maior parte dos empréstimos concedidos pelo banco para as empresas brasileiros, e esses ativos, que Berquo não quis quantificar, são contabilizados em Nova York.
300 maiores
A unidade brasileira do JPMorgan tinha uma carteira de empréstimos de R$ 952,9 milhões no dia 11 de setembro, cerca de duas vezes mais do que no final de dezembro de 2009, disse Berquo, acrescentando que a estratégia do banco é ter entre seus clientes as 300 maiores empresas do Brasil que tem faturamento anual acima de R$ 1 bilhões.
“Nós já estamos fazendo negócios com metade dessas empresas, mas ainda temos muito espaço para crescer”, ele disse.
A crise de dívida na Europa vai restringir o volume de crédito disponível em bancos internacionais, disse Berquo. “Vários bancos aqui estabelecidos vão cortar crédito para os bancos ou diretamente para os clientes, e os spreads vão subir” e essa pode ser uma oportunidade para o JPMorgan ganhar mercado, disse ele.
Como parte desse esforço o JPMorgan trouxe cerca de R$ 923 milhões em capital para o Brasil em setembro e pode trazer mais se for necessário, disse Berquo.
O JPMorgan era o vigésimo terceiro maior banco do Brasil em capital em 30 de junho, com R$ 1,7 bilhão em patrimônio líquido, segundo os dados do Banco Central. O Itau Unibanco Holding SA, o maior, tinha patrimônio líquido de R$ 67,2 bilhões.
Grande banco de crédito
“Nós queremos financiar os maiores projetos de óleo e gás, os projetos de infraestrutura, nós queremos ser um grande banco de crédito no Brasil”, disse Berquo, acrescentando que linhas de financiamento ao comércio exterior e pré-pagamentos à exportação são também prioridades para o banco.
“Mas nós também estamos planejando iniciar a nossa participação no mercado local de títulos, como debêntures e notas promissórias, que está aberto neste momento e é mais atrativo do que os mercados internacionais”, ele disse.
O JPMorgan contratou Ricardo Leoni, que estava no Santander, para dirigir a area de renda fixa no Brasil e planeja mais contratações depois do fim da temporada de bônus, em fevereiro, Berquo disse. O JPMorgan mais do que dobrou o total de funcionários no Brasil, de 339 pessoas para 750, desde que o brasileiro Berquo voltou de New York para dirigir a subsidiária brasileira no final de 2009.
O banco também está construindo uma área de gestão de recursos de terceiros para atender a grandes corporações e investidores institucionais e tem 40 pessoas dedicadas ao negócio até agora.
Aquisição
No ano passado, o JPMorgan comprou o Gávea Investimentos Ltda., a empresa de gestão de recursos fundada pelo ex- presidente do Banco Central Armínio Fraga, por um valor não revelado. O banco tem um braço de private equity chamado One Equity Partners que investe o capital próprio do JPMorgan, dirigido por Veronica Serra, filha do candidato a presidência da República em 2010 José Serra, que perdeu a eleição para a Presidente Dilma Rousseff.
“Nós vamos continuar crescendo no negócio de gestão de recursos de terceiro, em private e corporate banking”, disse Berquo, acrescentando que o plano é de atingir 1.000 empregados no final de 2014.