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Com retorno de até 25%, ativos alternativos e chegam ao pequeno investidor

Avanço da tecnologia e mudanças regulatórias em ambiente de juro baixo facilitam acesso de investidor a produtos que vão de músicas a precatórios

Investimentos alternativos como o direito a músicas tocadas no Spotify oferecem potencial de ganhos, mas falta de liquidez é uma barreira (David Paul Morris/Bloomberg)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 05h45.

Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 12h35.

Ganhar dinheiro com as músicas que escuta no Spotify se tornou uma realidade para muitos brasileiros. Com nomes como Luan Santana, Gustavo Lima, Paulo Ricardo e compositores consagrados no catálogo, a fintechs Hurst Capital captou mais de 6 milhões de reais por meio de crowdfunding para investimentos no ramo musical. A playlist completa tem cerca de 12.000 fonogramas e composições.

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Arthur Farache, presidente da Hurst Capital, conta que as taxas de retorno esperadas variam entre 11% e 15% ao ano, dependendo do risco de cada operação. “Projetamos o fluxo de caixa de uma música com base em seu histórico e isso reflete numa taxa”, explica. Segundo ele, o risco nesse tipo de operação é inerente ao artista e ao perfil de seu público. “O nicho do Paulo Ricardo, por exemplo, é muito específico, mas fiel, o que resulta em um fluxo mais constante.”

A música, porém, foi apenas o último passo da fintechs fundada há três anos. Queríamos levar os ativos alternativos ao investidor comum e, ao mesmo tempo, a family offices e indivíduos com grande poder aquisitivo. Vimos que, com a queda de juros, seriam necessárias outras opções de retorno”, conta Farache. Com uma equipe de advogados de tamanho incomum para uma empresa de investimentos, os primeiros aportes da Hurst foram em precatórios, que são dívidas de governo reconhecidas judicialmente.

Sem poder oferecer seus produtos por meio de corretoras, o jeito de distribuir os investimentos foi por meio de um aplicativo próprio. “A tecnologia é importante do começo ao fim”, afirma Farache. Recentemente, a Hurst comprou dois aplicativos para aprimorar seu canal de distribuição. “Já estamos preparando a estrada de crescimento para 2021”, diz.

Quem também segue esse caminho é a Balko. Focada exclusivamente em precatórios, a fintechs tem conseguido investimentos com retornos estimados que chegam a 25% ao ano. E, assim como a Hurst, distribui seus produtos por meio de aplicativos.

“A Balko tem 50% de seu time voltado para tecnologia. Essa é uma das características de fintechs com o apelo de democratizar investimentos alternativos. É até engraçado ver como as equipes são completamente diferentes [em relação às gestoras tradicionais]”, diz Caio Fasanella, presidente da Balko. “Há dois lados, o de conseguir viabilizar as operações e o de distribuir o portfólio.”

Tanta atenção voltada para a experiência do usuário em sua plataforma tem gerado frutos. Sem nenhuma oferta aberta, os últimos produtos oferecidos pela Balko atingiram a captação esperada em questão de minutos, conta Vinicius Attilio, diretor da Balko. "A demanda é muito grande."

Pontos de atenção

Apesar do sucesso das recentes operações, Fasanella comenta que o modelo de negócio seria inviável sem avanços regulatórios. Um dos mais importantes nesse sentido ocorreu há pouco tempo, em 2017, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou o crowdfunding de investimentos. A falta de liquidez, porém, ainda é uma barreira a ser superada, diz. “Hoje, operamos caso a caso. Mas a ressalva é investir sabendo que não tem liquidez antes da hora.”

Ainda ganhando espaço entre pequenos investidores, os ativos alternativos há tempos são uma opção para investidores milionários, que conseguem acesso a investimentos como vinhos, obras de arte e até a empresas de jogadores de futebol por meio de fundos de investimentos em participações.

Mas até mesmo investimentos em private equity podem ser classificados como investimento alternativo. No mundo, ativos alternativos representam 10 trilhões de dólares sob gestão, segundo a empresa londrina Preqin, que apura dados sobre esse mercado.

No Brasil, investimentos em empresas de capital fechado por meio de participações ou crédito são pouco acessíveis para investidores com menos de 1 milhão de reais investidos. Mas, se depender do Grupo Solum, esses tipos de ativos serão cada vez mais acessíveis para o pequeno investidor. Visando a busca por diversificação e oportunidades de longo prazo, o Solum lançou a plataforma beegin.invest, que faz a intermediação entre empresas que querem captar recursos e pequenos investidores.

“Nesse mercado, há uma assimetria de informação muito grande. Buscamos uma solução por meio da tecnologia para que o empreendedor consiga ter uma governança transparente e o investidor consiga acompanhar seus investimentos. Tem empresas muito boas que ficavam nesse limbo do mercado”, afirma Rodrigo Fiszman, fundador da Solum.

Fiszman explica que a participação na empresa ou em créditos é distribuída na plataforma somente após uma análise prévia. “As empresas-alvo são pequenas e médias, com faturamento acima de 3 milhões de reais e que já tenha validado seu modelo de negócio.”

Porém, hoje, a saída do investimento só ocorre se a empresa gerar algum evento específico, que possibilite a venda das cotas. Mas o caminho para que isso seja mudado já se iniciou, com a revisão da instrução 588 da CVM. “Isso pode permitir que uma pessoa que já seja cotista de uma empresa consiga comprar a participação de quem quer deixar a posição”, diz Fiszman.

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