Ata exclui impacto da crise no Brasil e juros caem
Ao excluir do documento o trecho que mencionava um impacto da crise internacional no Brasil, a autoridade monetária abriu espaço para uma queda generalizada nos DIs
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2012 às 17h09.
São Paulo - O principal destaque da ata da última reunião do Copom, divulgada nesta sexta-feira, foi o que o Banco Central não disse. Ao excluir do documento o trecho que mencionava um impacto da crise internacional no Brasil equivalente um quarto do verificado em 2008 e 2009, a autoridade monetária abriu espaço para uma queda generalizada nas taxas dos DIs. A interpretação do mercado é de que, como sugere o documento, a crise na Europa é um sério golpe na economia mundial e o Brasil não ficará imune, restando ao Copom continuar com o ciclo de afrouxamento monetário. A preocupação com Grécia e Espanha, principalmente, dão respaldo a esse movimento de redução de prêmios, em especial na parte longa da curva.
Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em janeiro de 2013 (447.560 contratos) marcava 7,80%, ante 7,89% do ajuste de quarta-feira. Já a taxa do contrato de janeiro de 2014 (327.065 contratos) estava em 8,14%, ante 8,28% do ajuste. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2017 (38.845 contratos) marcava 9,70%, ante 9,95% de quarta-feira, e o DI para janeiro de 2021 (3.400 contratos) estava em 10,32%, ante 10,60% do anterior.
Por enquanto, a curva segue precificando um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom de 10 e 11 de julho. Para o encontro seguinte, em 28 e 29 de agosto, a curva a termo reflete uma divisão nas apostas, entre estabilidade e novo corte de 0,25 ponto. Porém, entre economistas de bancos e corretoras, crescem as previsões de que possam ocorrer mais dois cortes da taxa básica de juros, ambos de 0,50 ponto, com a Selic encerrando o ano em 7,5%.
"Lá fora o cenário não é tranquilo. A ata deixa a porta aberta para mais cortes", afirmou Flávio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil. A instituição mantém a previsão de apenas mais um corte da Selic, de 0,50 ponto em julho, mas Serrano admite que o cenário externo "está pesando bem". Nesta quinta-feira, segundo ele, as taxas longas dos DIs recuaram de forma consistente também em função dos receios com a Grécia, a Espanha e a zona do euro como um todo.
"A ata, em termos gerais, confirma a percepção de que o BC vai continuar reduzindo os juros, com parcimônia", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora. Ele prevê mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic justamente porque o exterior não ajuda. "A Europa, com suas políticas, encomendou um segundo semestre ruim para a economia em termos de nível de atividade. Mesmo que a Espanha consiga alinhavar um pacote de ajuda para seus bancos no fim de semana, isso pode ter um efeito parecido ao que vimos no início do ano, quando a expectativa dos mercados foi impulsionada sem que houvesse correspondência no lado real da economia", analisou.
No documento desta sexta-feira, o Copom observou que aumentaram as evidências de que a transmissão da crise externa para a economia brasileira ocorre por diversos canais. Entre eles estão a moderação da corrente de comércio, do fluxo de investimentos e as condições de crédito mais restritivas. "Também constitui canal de transmissão de grande importância a repercussão sobre a confiança de empresários", informou o texto que, porém, destacou que a confiança dos empresários brasileiros segue elevada.
São Paulo - O principal destaque da ata da última reunião do Copom, divulgada nesta sexta-feira, foi o que o Banco Central não disse. Ao excluir do documento o trecho que mencionava um impacto da crise internacional no Brasil equivalente um quarto do verificado em 2008 e 2009, a autoridade monetária abriu espaço para uma queda generalizada nas taxas dos DIs. A interpretação do mercado é de que, como sugere o documento, a crise na Europa é um sério golpe na economia mundial e o Brasil não ficará imune, restando ao Copom continuar com o ciclo de afrouxamento monetário. A preocupação com Grécia e Espanha, principalmente, dão respaldo a esse movimento de redução de prêmios, em especial na parte longa da curva.
Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em janeiro de 2013 (447.560 contratos) marcava 7,80%, ante 7,89% do ajuste de quarta-feira. Já a taxa do contrato de janeiro de 2014 (327.065 contratos) estava em 8,14%, ante 8,28% do ajuste. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2017 (38.845 contratos) marcava 9,70%, ante 9,95% de quarta-feira, e o DI para janeiro de 2021 (3.400 contratos) estava em 10,32%, ante 10,60% do anterior.
Por enquanto, a curva segue precificando um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom de 10 e 11 de julho. Para o encontro seguinte, em 28 e 29 de agosto, a curva a termo reflete uma divisão nas apostas, entre estabilidade e novo corte de 0,25 ponto. Porém, entre economistas de bancos e corretoras, crescem as previsões de que possam ocorrer mais dois cortes da taxa básica de juros, ambos de 0,50 ponto, com a Selic encerrando o ano em 7,5%.
"Lá fora o cenário não é tranquilo. A ata deixa a porta aberta para mais cortes", afirmou Flávio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil. A instituição mantém a previsão de apenas mais um corte da Selic, de 0,50 ponto em julho, mas Serrano admite que o cenário externo "está pesando bem". Nesta quinta-feira, segundo ele, as taxas longas dos DIs recuaram de forma consistente também em função dos receios com a Grécia, a Espanha e a zona do euro como um todo.
"A ata, em termos gerais, confirma a percepção de que o BC vai continuar reduzindo os juros, com parcimônia", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora. Ele prevê mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic justamente porque o exterior não ajuda. "A Europa, com suas políticas, encomendou um segundo semestre ruim para a economia em termos de nível de atividade. Mesmo que a Espanha consiga alinhavar um pacote de ajuda para seus bancos no fim de semana, isso pode ter um efeito parecido ao que vimos no início do ano, quando a expectativa dos mercados foi impulsionada sem que houvesse correspondência no lado real da economia", analisou.
No documento desta sexta-feira, o Copom observou que aumentaram as evidências de que a transmissão da crise externa para a economia brasileira ocorre por diversos canais. Entre eles estão a moderação da corrente de comércio, do fluxo de investimentos e as condições de crédito mais restritivas. "Também constitui canal de transmissão de grande importância a repercussão sobre a confiança de empresários", informou o texto que, porém, destacou que a confiança dos empresários brasileiros segue elevada.