Apreensão com eleições e exterior dita queda do Ibovespa
Principal índice de ações da B3 terminou o dia em baixa de 1,03 por cento, a 76.028,50 pontos, antes do vencimento de contratos de opções sobre ações
Reuters
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 17h16.
Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 17h56.
São Paulo - O Ibovespa caiu nesta sexta-feira, revertendo a alta da semana, diante de maiores receios com a cena eleitoral e a apreensão envolvendo a Turquia, com as ações da Marfrig liderando as perdas após notícias de que a Tyson Foods fechou acordo para comprar a unidade Keystone por 2,5 bilhões de dólares.
O principal índice de ações da B3 terminou o dia em baixa de 1,03 por cento, a 76.028,50 pontos, antes do vencimento de contratos de opções sobre ações, na segunda-feira, e tem entre as séries mais líquidas papéis com relevante participação no Ibovespa, o que costuma adicionar volatilidade.
O volume no pregão alcançou 10,26 bilhões de reais.
Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 0,6 por cento. Até a véspera, contabilizava ganho de 0,4 por cento, após ter recuado 6 por cento na semana anterior.
"A situação na Turquia e a corrida eleitoral foram os dois grandes vetores a influenciaram fortemente o mercado brasileiro nos últimos dias", disse gestor Igor Lima, sócio da Galt Capital, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, a situação turca criou efeito cascata de aumento de risco para todos os outros mercados emergentes, incluindo o Brasil, enquanto pesquisas mais recentes apontaram estagnação de presidenciáveis vistos positivamente pelo mercado e, por outro lado, crescimento de candidatos de esquerda.
Pesquisa encomendada pela XP Investimentos divulgada nesta sexta-feira mostrou melhora do petista Fernando Haddad na preferência dos eleitores, mesmo em cenário sem o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Geraldo Alckmin, do PSDB, benquisto pelo mercado, segue patinando.
"As pesquisas ainda não mostram que um candidato pró-mercado possa ser presidente", reforçou gestor-chefe da Garín Investimentos, Ivan Kraiser, em São Paulo.
No exterior, a lira turca voltou a recuar nesta sessão, conforme segue o impasse entre Turquia e Estados Unidos relacionado à libertação de um pastor norte-americano, o que tem resultado em sanções para o país turco, que passa por momento econômico complicado.
Após o fechamento da bolsa , a agência de classificação de risco S&P cortou o rating soberano da Turquia para 'B+' ante 'BB-', com perspectiva estável.
Notícias ligadas a potenciais acordos dos EUA com parceiros comerciais, particularmente envolvendo a China, trouxeram algum alívio aos mercados, ampliando os ganhos em Wall Street. O S&P 500 encerrou em alta de 0,33 por cento.
Destaques
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,56 por cento e BRADESCO PN recuou 3,05 por cento, entre as maiores pressões de baixa, já que o setor de bancos estão entre os mais sensíveis a expectativas sobre a corrida presidencial. BANCO DO BRASIL perdeu 3,52 por cento.
- PETROBRAS PN cedeu 2,59 por cento, também contaminada por receios com o panorama eleitoral, apesar do avanço dos preços do petróleo no mercado externo. PETROBRAS ON perdeu 1,6 por cento.
- MARFRIG perdeu 9,3 por cento, maior queda em quase três anos, após notícias de que a norte-americana Tyson Foods fechou acordo para comprar Keystone Foods por 2,5 bilhões de dólares. O Itaú BBA afirmou que o valor veio abaixo do que vinha sendo aventado na mídia como desejado pela Marfrig e reiteraram recomendação underperform.
- B2W recuou 3,63 por cento, entre as maiores quedas, com o setor de consumo como um todo no vermelho.
- GOL PN fechou em baixa de 3,11 por cento, conforme o dólar avançou pela segunda semana ante o real, encerrando a 3,9147 reais.
- ELETROBRAS ON cedeu 1,7 por cento, após fortes ganhos recentes, na esteira da decisão da estatal de alterar o cronograma de desestatização de distribuidoras.
- VALE avançou 2,17 por cento, na esteira do avanço do preço do minério de ferro à vista na China, ajudando a atenuar a pressão negativa no Ibovespa e na recuperação de BRADESPAR PN,que subiu 3,57 por cento.
- SUZANO subiu 1,81 por cento, encontrando na alta do dólar frente ao real suporte para retomar os ganhos após perder 8,9 por cento nos últimos três pregões.