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Ameaça de corte pela Moody’s incita alta de swaps de crédito

Custo de swaps de crédito para cinco anos do Brasil, um instrumento financeiro de proteção contra um calote, aumentou 0,1% ontem, a maior alta desde novembro

Moedas: agência disse que é improvável que economia brasileira se recupere no curto prazo (Rodrigo_Amorim/Creative Commons)
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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 15h30.

O custo que investidores pagam para se proteger contra um calote da dívida brasileira teve a maior alta em 10 meses depois que a Moody’s Investors Service disse que está considerando um corte da nota do país para o limiar de junk.

O custo de swaps de crédito para cinco anos do Brasil, um instrumento financeiro de proteção contra um calote, aumentou 0,1 ponto porcentual ontem, a maior alta desde novembro, após a decisão da Moody’s de reduzir a perspectiva da nota Baa2 do Brasil para negativa.

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O Brasil agora é visto como menos solvente do que o Uruguai, a Colômbia ou o Panamá, três países na América Latina com a mesma nota atribuida pela Moody’s.

A medida chega menos de um mês antes de a presidente Dilma Rousseff, que se empenha em impulsionar uma economia que enfrenta sua primeira recessão em cinco anos, tentar se reeleger.

A Moody’s disse que é improvável que a maior economia da América Latina se recupere no curto prazo e levantou a possibilidade de que o Brasil possa acabar sendo rebaixado para um status fora do grau de investimento, ou dois níveis abaixo da sua nota atual.

“Todas as variáveis macroeconômicas estão se deteriorando”, disse Marco Santamaria, gestor da AllianceBernstein em Nova York, que administra US$ 25 bilhões em títulos de dívida de países emergentes, em entrevista por telefone.

“Já é reconhecido que algumas mudanças têm de ser feitas. Isso manda uma mensagem”.

A economia do Brasil encolheu 0,6 por cento no período de abril a junho em relação ao trimestre anterior, após se contrair 0,2 por cento no primeiro trimestre, informou o IBGE em 29 de agosto.

O ministério da Fazenda disse em um comunicado que, apesar de o crescimento no primeiro semestre ter ficado abaixo das suas expectativas, a mudança da perspectiva “não condiz com a evolução do segundo semestre”.

"Mais difícil"

A nota dada ao Brasil pela Moody’s está em linha com a da Fitch Ratings e é um nível mais alta do que aquela dada pela Standard Poor’s.

“Definitivamente, para este ano, o que estamos vendo para os números fiscais e de crescimento será muito mais fraco do que havíamos antecipado”, disse Mauro Leos, analista da Moody's, em uma entrevista por telefone da Cidade do México.

“As condições estão muito mais fracas do que havíamos antecipado. O ponto de partida para a próxima administração será mais difícil”.

A dívida do Brasil equivale a cerca de 60 por cento da sua economia, em comparação com a mediana de 39 por cento para os países com nota Baa, disse Leos no comunicado que anunciava a mudança de perspectiva.

“Caso as tendências atuais permaneçam inalteradas, os indicadores de dívida subirão para níveis não apenas inconsistentes com seus ratings atuais, mas que poderiam ser incompatíveis com os do grupo Baa de pares do Brasil”, escreveu Leos no relatório.

Bryan Carter, gestor da Acadian Asset Management, que administra US$ 500 milhões em ativos de renda fixa de países emergentes, disse que ele não espera que o corte de perspectiva da Moody's tenha um impacto duradouro no preço de ativos.

“A única surpresa é eles fazerem isso tão perto das eleições”, disse ele em uma entrevista por telefone de Boston.

“Até mesmo a própria plataforma da Dilma parece estar evoluindo para uma mudança de políticas que colocaria o Brasil mais em linha com seus pares. O timing sugere que esse corte não considera muito um cenário futuro”.

Perspectiva de crescimento

Economistas reduziram a projecao de crescimento do Brasil para 2014 pela 15ª semana consecutiva em uma pesquisa do Banco Central publicada no dia 8 de setembro.

A estimativa caiu para 0,48 por cento, em comparação com uma previsão de cerca de 2 por cento em janeiro.

Enquanto Leos disse que o timing “não era o ponto principal” da decisão da Moody's, a agência de classificação de risco esperará pelas eleições e pela apresentação dos planos econômicos da nova administração antes de decidir se cortará a nota do Brasil.

“Será a resposta da nova administração para enfrentar isso que, no fim das contas, influenciará fortemente qualquer decisão que tomarmos”, disse ele.

“O noticiário econômico continuará a ser mais negativo que positivo, e isso está refletido na perspectiva da nota”.

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