Ações de “qualidade chinesa” assustam os investidores
Empresa, possivelmente ajudada por bancos, fez um IPO considerado uma fraude completa; regulador já cancelou seis empresas
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2011 às 12h17.
São Paulo – Ao contrário de grandes esquemas de fraude que foram desmascarados nos Estados Unidos, como o que envolveu a Enron e a Worldcom, um novo caso de manipulação de balanços parece estar surgindo na China, desta vez envolvendo a participação de bancos como cúmplices.
A acusação cai sob a fabricante de software Longtop Financial, cujo IPO foi feito em 2007 pelo Goldman Sachs e pelo Deutsche Bank e levantou 182,6 milhões de dólares - os papéis eram negociados na Bolsa de Nova York (NYSE) pelo código LFT. Acredita-se que bancos tenham ajudado a companhia a manipular os resultados de seu balanço, tudo para enganar os investidores sobre a real situação da empresa.
A companhia, que atualmente possui capitalização de mercado avaliada em 1,08 bilhão de dólares, viu suas ações despencarem de 33 dólares no final de abril para 19 dólares desde que o blog da Citron Research começou a publicar informações sobre esquemas de fraude na empresa. A Longtop é uma desenvolvedora de softwares para os setores bancários e de seguros.
“A Citron introduz uma história que tem todas as nuances de uma completa fraude de ações – com transações fora do balanço que criaram margens enormes e uma administração com um histórico incompatível para comandar uma empresa em bolsa”, mostra o início do post com a data de 26 de abril. As apostas de queda da ação multiplicaram-se e, um dia depois, os papéis recuaram 20%.
A origem
O assunto tomou proporções maiores após a firma de auditoria Deloitte rescindir contrato com a Longtop Financial, alegando possíveis manipulações nos números trimestrais apresentados pela empresa, especialmente no fluxo de caixa, empréstimos e potenciais datas de realização das vendas.
Em carta, a Deloitte explicou que decidiu cancelar o contrato após identificar falsificações nos balanços, além de possíveis fraudes envolvendo a receita da empresa. A Deloitte ainda acusou os membros da Longtop Financial de interferirem no processo de auditoria.
Desde então, a LFT atrasou a publicação de seus resultados anuais, que deveriam ser apresentados à Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado financeiro americano) em 17 de maio. A negociação das ações da companhia foi suspensa.
O caso elevou a preocupação dos investidores americanos sobre a veracidade das informações divulgadas pelas companhias da China. A SEC já revogou o registro de seis companhias desde dezembro, e 24 companhias já comunicaram a demissão de auditores ou problemas com o órgão regulador desde março, informou em 27 de abril, Mary Schapiro, chairman da SEC.
Envolvimento dos bancos
A possibilidade do setor bancário estar envolvido no esquema de fraude começa agora a esquentar. O auditor da Deloitte que trabalhava na Longtop Financial, Derek Palaschuk, afirmou que os bancos enviaram declarações falsas atestando o saldo de caixa da companhia.
Além disso, a auditoria identificou um grande número de defeitos nas declarações de funcionários das instituições financeiras, que afirmam não ter certeza sobre determinadas transações.
Diferenças significativas entre os valores encontrados e os empréstimos bancários realizados, sendo alguns deles sem registro no livro de ofertas, também foram localizadas.
Recomendação
Das 13 corretoras que cobriam a ação, incluindo as que participaram do IPO (Goldman Sachs e Deutsche Bank), 10 recomendavam a compra dos papéis da companhia, segundo dados copilados pela Bloomberg.
A média de preço-alvo estimada por 10 analistas era de 43,20 dólares por cada papel, com um potencial de valorização de 128% para o último preço em bolsa, de 18,96 dólares em 16 de maio. Desde que as denúncias contra a Longtop começaram a surgir, o Goldman Sachs e a Janney Montgomery Scott suspenderam a cobertura das ações da empresa.
São Paulo – Ao contrário de grandes esquemas de fraude que foram desmascarados nos Estados Unidos, como o que envolveu a Enron e a Worldcom, um novo caso de manipulação de balanços parece estar surgindo na China, desta vez envolvendo a participação de bancos como cúmplices.
A acusação cai sob a fabricante de software Longtop Financial, cujo IPO foi feito em 2007 pelo Goldman Sachs e pelo Deutsche Bank e levantou 182,6 milhões de dólares - os papéis eram negociados na Bolsa de Nova York (NYSE) pelo código LFT. Acredita-se que bancos tenham ajudado a companhia a manipular os resultados de seu balanço, tudo para enganar os investidores sobre a real situação da empresa.
A companhia, que atualmente possui capitalização de mercado avaliada em 1,08 bilhão de dólares, viu suas ações despencarem de 33 dólares no final de abril para 19 dólares desde que o blog da Citron Research começou a publicar informações sobre esquemas de fraude na empresa. A Longtop é uma desenvolvedora de softwares para os setores bancários e de seguros.
“A Citron introduz uma história que tem todas as nuances de uma completa fraude de ações – com transações fora do balanço que criaram margens enormes e uma administração com um histórico incompatível para comandar uma empresa em bolsa”, mostra o início do post com a data de 26 de abril. As apostas de queda da ação multiplicaram-se e, um dia depois, os papéis recuaram 20%.
A origem
O assunto tomou proporções maiores após a firma de auditoria Deloitte rescindir contrato com a Longtop Financial, alegando possíveis manipulações nos números trimestrais apresentados pela empresa, especialmente no fluxo de caixa, empréstimos e potenciais datas de realização das vendas.
Em carta, a Deloitte explicou que decidiu cancelar o contrato após identificar falsificações nos balanços, além de possíveis fraudes envolvendo a receita da empresa. A Deloitte ainda acusou os membros da Longtop Financial de interferirem no processo de auditoria.
Desde então, a LFT atrasou a publicação de seus resultados anuais, que deveriam ser apresentados à Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado financeiro americano) em 17 de maio. A negociação das ações da companhia foi suspensa.
O caso elevou a preocupação dos investidores americanos sobre a veracidade das informações divulgadas pelas companhias da China. A SEC já revogou o registro de seis companhias desde dezembro, e 24 companhias já comunicaram a demissão de auditores ou problemas com o órgão regulador desde março, informou em 27 de abril, Mary Schapiro, chairman da SEC.
Envolvimento dos bancos
A possibilidade do setor bancário estar envolvido no esquema de fraude começa agora a esquentar. O auditor da Deloitte que trabalhava na Longtop Financial, Derek Palaschuk, afirmou que os bancos enviaram declarações falsas atestando o saldo de caixa da companhia.
Além disso, a auditoria identificou um grande número de defeitos nas declarações de funcionários das instituições financeiras, que afirmam não ter certeza sobre determinadas transações.
Diferenças significativas entre os valores encontrados e os empréstimos bancários realizados, sendo alguns deles sem registro no livro de ofertas, também foram localizadas.
Recomendação
Das 13 corretoras que cobriam a ação, incluindo as que participaram do IPO (Goldman Sachs e Deutsche Bank), 10 recomendavam a compra dos papéis da companhia, segundo dados copilados pela Bloomberg.
A média de preço-alvo estimada por 10 analistas era de 43,20 dólares por cada papel, com um potencial de valorização de 128% para o último preço em bolsa, de 18,96 dólares em 16 de maio. Desde que as denúncias contra a Longtop começaram a surgir, o Goldman Sachs e a Janney Montgomery Scott suspenderam a cobertura das ações da empresa.