A covid-19 e a economia: desemprego nos EUA pode chegar a 20 milhões
Dado semanal de pedidos de seguro-desemprego na maior economia do mundo deve trazer nova carga de volatilidade para as bolsas
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2020 às 06h30.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 06h53.
As quintas-feiras viraram um dia crítico para mapear o peso do coronavírus sobre a economia americana e, consequentemente, sobre a economia global. É quando os Estados Unidos divulgam o dado semanal de pedidos de seguro desemprego, uma informação que vem medindo, de sete em sete dias, a força devastadora da pandemia sobre a mão de obra do país mais rico do mundo.
Nas últimas semanas, mais de 15 milhões de americanos já pediram seguro-desemprego, um recorde histórico absoluto. Até antes da crise, o topo de pedidos havia sido de 600.000 na semana — agora, a conta passa facilmente dos milhões.
Nesta quinta-feira, a expectativa é que o número de pedidos passe de 20 milhões. É um dado que se soma a uma série de indicadores desalentadores. Ontem, o varejo anunciou uma queda recorde nas vendas em março, e a produção industrial teve o maior recuo desde 1946.
O desemprego no país pode, em semanas, passar de pouco mais de 3% (melhor marca da história) para mais de 10% — há quem preveja que possa chegar a 20%.
As previsões econômicas não dão muito lugar a otimismo. Segundo a agência Reuters, a economia americana encolheu 10,8% no primeiro trimestre, o que seria o maior recuo desde 1947. O Fundo Monetário Internacional prevê que a economia americana recue 5,9% em 2020, bem acima da previsão de queda de 3% para o mundo, e acima da queda prevista de 5,3% para a economia brasileira.
O impacto econômico tem sido fonte de uma volatilidade recorde nas bolsas. Investidores, hoje, devem acompanhar com lupa os dados de desemprego nos Estados Unidos.
Semana passada, a expectativa de que um pacote recorde de 2,3 trilhões de dólares pudesse segurar os efeitos da pandemia fez subir bolsas no mundo todo, inclusive no Brasil. Mas esta semana a temporada de balanços de empresas americanas vem fazendo o mundo real se impor.
Ontem, o Ibovespa recuou 1,36%, e o S&P 500 caiu 2,20%. Nesta quinta-feira, Tóquio fechou em queda de 1,3%, e Hong Kong recuou 0,58%. Mas na Europa, onde países como a Alemanha vêm reduzindo as medidas de isolamento, as bolsas abriram em alta: o alemão Dax subia 1% até as 7h. O total de casos no mundo chegou a 2,06 milhões, com 640.000 nos Estados Unidos, muito acima dos 180.000 contaminados na Espanha, o segundo país mais afetado. O Brasil tem 28.000 casos confirmados.