8 investidores que aterrorizam as reuniões das empresas
Eles acumulam ações até garantirem uma cadeira importante nos conselhos administrativos e fazem muito barulho nas reuniões
Karla Mamona
Publicado em 30 de abril de 2014 às 06h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h13.
Em muitos casos, os investidores ativistas são a “pedra no sapato” de muitas empresas. A estratégia adotada por eles é comprar ações de companhias que valem menos do que deveriam. Com o acumulo de ações, estes investidores garantem uma importante cadeira no conselho de administração.Com o assento garantido, eles passam a interferir na gestão da empresa e muitas vezes causam brigas entre os controladores e acionistas. Muitas vezes, chegam a pedir a saída do presidente da companhia, alegando má administração do negócio.Nos Estados Unidos, este tipo de investidor é mais comum. Os três mais conhecidos, Bill Ackman, Carl Icahn e Daniel Loeb, aterrorizam qualquer conselho administrativo. Conheça eles melhor a seguir.
Bill Ackman é controlador da Pershing Square, uma gestora que tem uma carteira de investimentos de mais de 12 bilhões de dólares. Em dezembro de 2012, ele fez uma apresentação de três horas com 334 slides para investidores tentando provar que o negócio da Herbalife deveria ser classificado como “esquema de pirâmide” e que por essa razão a empresa estaria fadada a falência. O gestor chegou a apostar um bilhão de dólares que as ações da Herbalife na Bolsa de Nova York iriam despencar. Ele já foi o maior acionista da J.C. Penney, rede de lojas departamentos americana, e vendeu a sua participação depois de ver sua campanha para reformar a varejista falhar. Depois de sua saída, a empresa trouxe de volta Myron Ullman, o ex-CEO com quem Ackman tivera desentendimentos.
Carl Icahn é um dos investidores ativistas mais conhecidos nos Estados Unidos. Ele travou uma batalha com a Dell tentando bloquear a oferta de compra da empresa feita pelo seu fundador, Michael Dell. Já brigou com estúdio de cinema Lionsgate, pediu que fundador e então presidente do Yahoo!, Jerry Yang, saísse do cargo e não mediu esforços para entrar no conselho da Motorola para indicar nomes de sua confiança ao grupo. Em 2013, ele vendeu mais de metade de sua participação na Netflix por quase 1 bilhão de dólares, afirmando que era "a hora de colocar algumas cartas na mesa." No começo deste ano, ele pediu que o eBay, empresa em que ele detém 2,5% das ações, vendesse o negócio de pagamentos online PayPal. Ele também chamou a governança corporativa da empresa de "disfuncional" em uma carta endereçada aos acionistas.
O estilo peculiar de cobrança de Daniel Loeb intimida presidentes e executivos. O investidor é conhecido por censurar publicamente atitudes de executivos que ele considera inadequadas. Em 2005, por exemplo, ele teve um acesso de raiva quando viu pela televisão que o presidente mundial da Salton, Leornhard Dreimann, na final torneio de tênis US Open. Em carta de protesto, ele afirmou que seu espanto se tornou em raiva quando viu o executivo “curtindo a partida sob o sol de verão, bebericando e degustando canapés”. No ano passado, ele publicou uma carta à Sony Entertainment, que não estava cumprindo seu potencial porque tem “má gestão, uma estrutura corporativa inchada, pacotes de bônus generosos, salários altos para executivos com desempenho insatisfatório e orçamentos de marketing que não parecem estar alinhados com qualquer senso de retorno sobre capital investido”.
O gaúcho Lírio Parisotto, dono da fabricante de DVDs Videolar e de 2,5 bilhões de reais em ações, é um dos controladores da Eternit. Nos últimos anos, a empresa sofria com um racha no conselho de administração. Mais recentemente, a disputa pelo maior poder de decisão na companhia chegou ao fim. O investidor detém 15,26% da companhia por meio de seu fundo L Par. No mercado, há rumores que ele teria comprado e alugado mais ações para participar da última assembleia, com a finalidade de aumentar seu poder de voto.
Luiz Barsi, um dos maiores investidores individuais do país. Ele é o maior acionista pessoa física do Banco do Brasil. Tem participação de 13,5% da Eternit, 10,5% das ordinárias e 10% preferenciais da Unipar Carbocloro. A lista das empresas incluem ainda Suzano e Eletropaulo. Com a eleição de Parisotto para o conselho da Etenit, Barsi teria ficado de fora do conselho de administração. Barsi fazia parte da oposição de um grupo de acionistas que discordava dos rumos de diversificação de negócios pelo qual passa a companhia.
Guilherme Affonso Ferreira, sócio da Bahema Participações, é um dos maiores investidores individuais do País, com carteira superior a R$ 1 bilhão. Sua estratégia é buscar sempre ter pelo menos 5% do capital das companhias, garantindo assim um assento no conselho para ser ouvido e tentar influenciar os destinos do negócio. Entre as empresas em que ele tem participação no conselho estão Gafisa, Pão de Açúcar, SulAmérica e Eternit.
Antonio José Carneiro esteve sob os holofotes recentemente, por causa de uma disputa empresarial envolvendo o grupo Rede, a CPFL e a Energisa. Carneiro era, então, o maior acionista da Energisa. O investidor já foi dono da financeira Losango e chegou a ter 35% do grupo de petróleo Ipiranga.
Luiz Alves Paes de Barros é um dos maiores investidores da Bovespa, mas mantém a discrição e o anonimato. Avesso a entrevistas e eventos do mercado financeiro, ele já foi o maior acionista individual do banco Real. Sua fortuna é estimada em 1,5 bilhão de reais e sua estratégia inclui procurar ações baratas e adquirir uma quantidade que permita participar dos conselhos de administração das empresas. Hoje, suas aplicações estão reunidas num fundo, o Poland, que só aplica seu dinheiro.
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