Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 13h19.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2021 às 18h34.
Graças às ações de commodities, o Ibovespa encerrou o primeiro pregão pós-Carnaval em alta de 0,78%, aos 120.355 pontos. Devido ao ponto facultativo de Quarta-feira de Cinzas, o pregão teve início apenas às 13 horas. O índice recuperou a marca dos 120.000 pontos operando descolado das bolsas internacionais, que recuaram em meio a realizações.
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Por aqui, as ações da Embraer (EMBR3) lideraram as altas do Ibovespa e decolaram 14,09%, após a Bloomberg noticiar que a Lufthansa está em conversas com a empresa para a aquisição de aeronaves. A notícia animou os investidores após o fracasso das negociações com a Boeing no ano passado.
Em pontos, os papéis de commodities impulsionaram o Ibovespa. No campo do petróleo, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram, respectivamente, 4,14% e 4,04%. Já a Petrorio (PRIO3) também figurou entre as maiores altas do Ibovespa, com seus papéis avançando 9,45% no pregão.
As altas acompanharam a valorização dos preços do petróleo, que atingiram os maiores níveis desde janeiro do ano passado. O motivo para o movimento foi o efeito da onda atípica de frio que atrapalha o bombeamento de petróleo no Texas -- o estado é o maior produtor de petróleo dos Estados Unidos.
O petróleo Brent fechou em alta 1,72%, a 64,44 dólares por barril, enquanto o petróleo WTI avançou 2%, para 61,25 dólares o barril. As expectativas são de que o clima afete a oferta da commodity por dias ou até mesmo semanas.
E, na véspera de o minério de ferro voltar a ser negociado na China, os papéis da Vale (VALE3) subiram 2,62%. As negociações no país estão interrompidas desde quinta-feira passada, 11, devido ao Ano Novo Lunar.
Entre os destaques deste pregão também estiveram as estreias das ações da Eletromídia (ELMD3) e Orizon (ORVR3). Os papéis da Eletromídia caíram 1,74%, enquanto os da Orizon se mantiveram estáveis em seu primeiro dia de negociação.
O real voltou a registrar o pior desempenho global frente ao dólar nesta quarta-feira. A divisa americana avançou 0,76% e atingiu os 5,415 reais.
O dia foi favorável para o dólar. O índice DXY, que mede a força da moeda americana contra uma cesta de rivais de países ricos, subiu 0,45%, renovando máximas desde o começo da semana passada.
Isso porque os mercados vêm reagindo nos últimos dias ao tema da possível reflação no mercado americano -- ou seja, inflação após um período de recessão econômica. O debate é alimentado pelo caminhão de estímulos monetários e fiscais pode em algum momento gerar pressões inflacionárias.
Em última instância, a pressão poderia levar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a retirar parte do suporte concedido aos mercados para enfrentamento da crise causada pela pandemia.
Essa suposição foi negada pelo Fed em ata divulgada hoje a respeito da última reunião de política monetária. No documento, o banco central reiterou sua tolerância com uma inflação acima de 2% pelo tempo necessário para que a média da inflação fique na meta com o tempo.
E já há indícios de que a inflação está subindo nos Estados Unidos. Dados divulgados nesta manhã mostraram que os preços ao produtor dos EUA avançaram em janeiro à maior taxa desde 2009, sugerindo que a inflação nas portas das fábricas está começando a subir. A inflação no Reino Unido também acelerou em janeiro.
Uma inflação mais alta tende a aumentar os rendimentos dos Treasuries (tesouro americano), fortalecendo, assim, a atratividade do dólar perante rivais. A taxa do Treasury de dez anos, referência global para a renda fixa, bateu nesta sessão o maior patamar em um ano.
"A inflação e atividade nos EUA têm surpreendido para cima. O fluxo que vimos em janeiro para emergentes pode começar a regressar para os países de origem com a abertura (dos yields) dos Treasuries. É um bom ponto para se observar", disse à Reuters Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital.
"Se os juros reais no mundo começarem a subir, poderemos entrar em uma espiral negativa com nosso cenário fiscal. Nunca foi tão urgente fazer as reformas", completou.
Com Reuters