Inovação

O alerta da Falconi sobre a falta de inovação no Brasil

Novo estudo da consultoria de gestão mostra que a maioria das empresas investe pouco em inovação e tem resultados limitados

Ambulantes em São Paulo: a falta de investimento em inovação impede um crescimento mais acelerado da economia (Alexandre Schneider/Getty Images)

Ambulantes em São Paulo: a falta de investimento em inovação impede um crescimento mais acelerado da economia (Alexandre Schneider/Getty Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 10 de março de 2021 às 07h00.

Não é de hoje que o Brasil tem tido resultados pífios nos principais indicadores de inovação do mundo. No ranking de países mais inovadores, do estudo Índice Global de Inovação, o Brasil aparece na 62a. posição numa lista de 131 nações, por exemplo. É uma realidade que mudou pouco nos últimos anos e que explica em parte a dificuldade de a economia brasileira crescer num ritmo mais acelerado desde os anos 1980.

Um novo estudo conduzido pela Falconi, uma das principais consultorias em gestão do país, dá uma dimensão de como as empresas brasileiras sofrem para obter retornos mais expressivos dos seus investimentos em inovação.

De acordo com a pesquisa, 70,8% dos executivos ouvidos pela consultoria dizem que os investimentos em inovação geraram apenas “melhorias marginais” para os resultados operacionais. E somente uma minoria de 25% dos executivos diz que o investimento em inovação trouxe resultados “excepcionais”. Ao todo a consultoria ouviu 98 CEOs, diretores e gestores de 86 empresas brasileiras que atuam em diferentes segmentos. Os dados foram obtidos com exclusividade pela EXAME.

Segundo Bernardo Miranda, sócio da consultoria e um dos responsáveis pelo estudo, o resultado aquém do esperado mostra que a maior parte das empresas brasileiras ainda têm um conhecimento baixo sobre como devem inovar em suas áreas de atuação.

“Muitas empresas tratam a inovação como um fim e não como um meio. Discutem se o processo está sendo realizado e não se os resultados estão sendo entregues. Esta é uma falha cada vez mais comum, quando o desafio da inovação é direcionado a pessoas com baixo conhecimento de causa e/ou experiência”, afirma Miranda.

Outras razões, segundo ele, são a dificuldade das empresas de contratar pessoas experientes e que possam implementar projetos de inovação de impacto, e também a própria característica da demanda do consumidor brasileiro, que permite que as empresas ofereçam produtos de menos valor agregado e tecnologia.

Um ponto ressaltado pela pesquisa é que as empresas menores inovam menos do que as grandes. Os melhores resultados dos investimentos em inovação são obtidos pelas companhias com faturamento acima de 4 bilhões de reais. Dessas empresas de maior porte entrevistadas, 62,5% disseram ter tido resultados “excepcionais”. Em segundo lugar aparecem as empresas com faturamento até 300 milhões de reais, com 26,7%.

Para Miranda, no entanto, as empresas podem extrair mais valor da inovação à medida que novos concorrentes entrarem no mercado e que os consumidores se tornarem mais exigentes. “Mudar esta realidade é uma necessidade de todos. Os primeiros passos orbitam entre investir na capacitação dos colaboradores, adequar os modelos de gestão das organizações e promover acesso a mercados mais desenvolvidos”, diz.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraInovaçãoPesquisa e desenvolvimento

Mais de Inovação

A revolução silenciosa das EdTechs

Tudo em um só lugar: de olho na experiência do usuário, EXAME apresenta nova homepage

Conheça a iniciativa premiada pela ONU por levar eficiência energética a hospitais

Projetos de arquitetura sustentável geram impacto e ditam tendências

Mais na Exame