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Oposição ao acordo UE-Mercosul: o Senado francês aprova declaração contra o tratado (Ludovic Marin/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 21h35.
A exemplo do que ocorreu com os deputados no dia anterior, os senadores da França também se posicionaram contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Com 338 votos favoráveis de um total de 348, o Senado francês manifestou apoio à posição do governo de Emmanuel Macron, que vem sendo pressionado pelos agricultores franceses.
A votação, embora simbólica, reforçou a oposição do governo francês ao tratado comercial. O acordo UE-Mercosul ainda está sendo negociado pela Comissão Europeia, mas a decisão do Senado reflete uma forte pressão política interna contra o avanço do pacto.
A classe política da França, que vai da esquerda radical até a extrema direita, tem se unido contra o acordo. A oposição é uma reação às preocupações com os impactos no setor agrícola, especialmente em relação à entrada de produtos como carne bovina, aves de corte e açúcar provenientes dos países do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No dia anterior, a posição do governo foi validada por 484 dos 555 deputados, com o objetivo de criar uma frente unânime para pressionar a Comissão Europeia nas negociações. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, comemorou a aprovação, afirmando que “essa dinâmica a nosso favor será ouvida por outros países europeus”. A Polônia, uma potência agrícola europeia, também se opôs ao tratado, o que fortalece a posição da França.
O governo francês e seus aliados enfatizam que a França não está se opondo aos acordos comerciais em geral, nem ao comércio agrícola, mas exigem "garantias sérias para seus agricultores". Caso o acordo avance sem medidas de proteção, os agricultores enfrentariam "concorrência insuportável", segundo a ministra da Agricultura, Annie Genevard.
A principal preocupação está na chegada em massa de produtos agrícolas do Mercosul, o que poderia prejudicar o mercado local. A França insiste em uma negociação que assegure condições mais equilibradas para seus produtores, evitando que o mercado agrícola europeu seja saturado com produtos a preços mais baixos.
A forte oposição política interna e a união entre os partidos franceses contra o acordo mostram o desafio enfrentado pela Comissão Europeia nas negociações do tratado.