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Ministério amplia tempo de avaliação de bebês afetados por zika

A partir do novo entendimento, a microcefalia será considerada como um dos possíveis sintomas da síndrome congênita provocada pela zika

Microcefalia: o limite de idade para a avaliação de bebês com microcefalia será ampliado de três meses para três anos (Nacho Doce/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de novembro de 2016 às 21h33.

Última atualização em 10 de novembro de 2016 às 21h36.

Brasília - O limite de idade para a avaliação de bebês com microcefalia será ampliado de três meses para três anos. A mudança integra o novo protocolo para doença que, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, 9, vai mudar a classificação da síndrome.

A partir do novo entendimento, a microcefalia será considerada como um dos possíveis sintomas da síndrome congênita provocada pela infecção do zika .

"Um bebê pode apresentar perímetro cefálico normal, mas problemas auditivos, por exemplo, relacionados à infecção provocada pelo vírus", disse a assessora da Secretaria de Atenção do Ministério da Saúde, Mariana Leal. .

E problemas podem aparecer não no momento do nascimento, mas de forma tardia.

Com a nova definição, ainda não está decido, por exemplo, se secretarias vão convocar crianças que já foram submetidas a uma avaliação e tiveram o caso considerado como descartado.

"Isso está em análise. O fato é que essas crianças não estão perdidas. Elas continuam sendo acompanhadas", completou.

Até o momento, foram registrados no País 10.039 casos suspeitos de microcefalia, dos quais 2.106 foram confirmados, 4.842 descartados e 3.091 ainda estão em investigação.

Em entrevista à reportagem, o diretor de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, afirmou que a pasta não trabalha com a possibilidade de zerar os casos que estão em investigação acumulados ao longo do ano.

De acordo com ele, uma parte dos casos foi registrada no início da epidemia, quando os critérios para definição de microcefalia ainda eram bem flexíveis e, por isso, com maior risco de falso positivos.

"Na primeira fase, muitos casos se perderam. Muitas mães perceberam que o problema não era microcefalia e não voltaram aos postos", disse.

A maior preocupação do ministério não é com esses casos. Mas de bebês que no primeiro momento apresentavam perímetro cefálico normal mas que, com o desenvolvimento, começaram a apresentar sintomas compatíveis à infecção pelo zika durante a gravidez.

"As alterações podem ocorrer de forma tardia, afetar o desenvolvimento. Daí a necessidade de acompanhar mais de perto essas crianças", disse Mariana.

Ela afirmou que a ciência tanto no Brasil quanto no mundo ainda têm várias perguntas sem respostas sobre a zika e a microcefalia.

Daí a necessidade de se fazer ajustes nos protocolos. Cartilhas de estimulação precoce para famílias estão sendo produzidas e há ainda uma estratégia para que Núcleos de Assistência à Saúde da Família atuem no atendimento desses bebês e crianças.

Das crianças acompanhadas, 2.071 fazem estimulação precoce e 1.413 são acompanhadas na assistência social. A coordenadora geral do Programa Nacional de Malária e Dengue do Ministério da Saúde, Ana Carolina Santelle, afirmou que, desde o início da epidemia, foram identificados 16.696 casos de zika em gestante dos quais 10.325 foram confirmados.

A maior incidência de casos de zika em gestantes ocorreu no Mato Grosso, com 142 casos a cada 100 mil habitantes. No Rio, foram 88,1 casos a cada 100 mil habitantes e no Rio Grande do Norte, com 62 casos a cada 100 mil. O número também é expressivo nos Estados de Minas, Goiás, Bahia e Minas.

De acordo com levantamento, o número de casos de zika é predominante entre mulheres do que em homens e atinge, em sua maioria, a população com idade entre 20 a 39 anos.

O acompanhamento de casos de mulheres que ainda não tiveram seus filhos deve ser facilitado com a inclusão, prevista para o próximo mês, do teste rápido de zika. Ele pode facilitar a identificação da contaminação do bebê, logo depois do nascimento.

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