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González acusa Maduro de ‘golpe de Estado’ e afirma que trabalha para entrar na Venezuela

Líder oposicionista aponta violação constitucional e busca apoio internacional para assumir poder

Líder oposicionista aponta violação constitucional  (AFP)

Líder oposicionista aponta violação constitucional (AFP)

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 20h11.

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O opositor venezuelano Edmundo González, que se declara vencedor das eleições presidenciais de julho, afirmou nesta sexta-feira, 10, em vídeo publicado no X, que o presidente Nicolás Maduro cometeu um “golpe de Estado”. A declaração ocorre após a posse de Maduro, realizada pelo Parlamento controlado pelo chavismo, em meio a contestações sobre o resultado eleitoral e tensões com a oposição, como a prisão de María Corina.

“Hoje, em Caracas, Maduro violou a Constituição e a vontade soberana dos venezuelanos expressa em 28 de julho. Ele se autoproclamou ditador. O povo não o acompanha, e nenhum governo democrático o reconhece”, disse González no vídeo.

O líder oposicionista também reforçou sua determinação de retornar à Venezuela para assumir o poder e o comando das Forças Armadas Nacionais, conforme alegou estar previsto na Constituição.

“Represento a vontade de quase 8 milhões de venezuelanos e de milhões de compatriotas impedidos de votar no exterior. Tenho o dever de defender esse compromisso”, afirmou.

Escalada na crise

González falou de Santo Domingo, na República Dominicana, última parada de uma série de viagens por países americanos para buscar apoio. O opositor denuncia irregularidades no processo eleitoral e conta com aliados estrangeiros para pressionar o governo de Maduro.

O chavista Nicolás Maduro, por sua vez, rejeita as acusações e sustenta que as eleições foram legítimas. Com o cenário político polarizado, cresce o temor de uma nova escalada de instabilidade na Venezuela, marcada por uma crise econômica e humanitária nos últimos anos.

Por que a Venezuela vive uma crise?

A Venezuela é governada pelo mesmo grupo político, o Chavismo, há mais de 25 anos. Hugo Chávez venceu eleições presidenciais em 1998, assumiu no ano seguinte e ficou no poder até morrer, em 2013. Seu vice, Maduro, assumiu em seguida e venceu três eleições seguidas (todas marcadas por acusações incisivas de fraude), a última no ano passado, em disputas marcadas por medidas contra a oposição, como a impugnação de candidatos, prisão de rivais e processos judiciais -- além de resultados amplamente disputados tanto domesticamente quanto internacionalmente.

Em 2024, a ex-deputada María Corina Machado era o nome mais cotado pela oposição, mas foi inabilitada após uma condenação judicial. No lugar dela, disputou Edmundo González, um diplomata aposentado com pouca atuação política.

Após a votação, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirmou a reeleição do presidente, dizendo que ele teve 51,2% dos votos, ante 44,2% de Edmundo González, seu principal oponente. O pleito não foi reconhecido pelo Brasil nem pela comunidade internacional, por causa da falta de transparência na divulgação dos resultados, uma vez que as atas eleitorais não foram publicadas.

A oposição cobrou a liberação das atas de cada seção eleitoral e fez um esforço para reunir os documentos. Conseguiu obter os registros de 79% das urnas do país, que foram depois analisadas pela agência americana Associated Press, especializada em dados eleitorais dos Estados Unidos. A agência apontou que González teria obtido 6,4 milhões de votos, ante 5,3 milhões de Maduro. O governo diz que esses dados são falsos e processou o candidato da oposição.

Em setembro, o ex-diplomata se asilou na Espanha. Nos últimos dias González fez um giro por alguns países da América Latina, como Argentina e Estados Unidos, em busca de ajuda para tentar tomar posse. Ele foi recebido por outros presidentes, que lhe declararam apoio público. No entanto, não está claro o que poderá ocorrer em seguida.

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