Redação Exame
Publicado em 22 de dezembro de 2024 às 21h34.
O Netflix parece estar cada vez mais disposto a entrar no mundo dos esportes. Nesta sexta-feira, 20, a Fifa anunciou um acordo de transmissão com a Netlix para a Copa do Mundo Feminina de 2027 e 2031. Os valores não foram divulgados.
Durante o anúncio, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, aproveitou para criticar as emissoras públicas, que normalmente costumam passar os jogos de competições femininas, mas que tem encontrado barreiras financeiras para sacramentar esses acordos. “Este acordo envia uma mensagem clara sobre o verdadeiro valor da Copa do Mundo Feminina da FIFA e do esporte feminino global”, disse.
A próxima Copa do Mundo, de 2027, será disputada no Brasil com 32 equipes e 64 jogos, entre 24 de junho e 25 de julho. Já a de 2031 ainda não tem sede definida, mas os Estados Unidos aparecem como o principal favorito.
"A aquisição dos direitos da Copa do Mundo Feminina pela Netflix indicam duas tendências importantes: o posicionamento e investimento cada vez mais significativo do streaming no esporte e a forte evolução da modalidade a nível mundial", aponta Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports.
A entrada da Netflix nas transmissões ao vivo no esporte começou ao final de 2023, por meio da ‘Netflix Cup’, programa que uniu as modalidades de automobilismo e golfe, que já eram retratadas em séries presentes no catálogo da plataforma.
Seguindo a tendência de seus principais concorrentes, como a Prime Video, Apple TV+, Star+, o movimento feito agora pelo serviço de mídia americano representa a consolidação da fusão entre o esporte e as plataformas de streaming.
"Acredito quer o crescimento do streaming de vídeo no Brasil é resultado de uma série de fatores interligados, que vêm moldando o comportamento do consumidor e impulsionando o consumo de conteúdo online. A capacidade das novas plataformas de oferecer um acesso fácil, rápido e flexível à uma ampla variedade de conteúdo de entretenimento e informação é um dos principais motivos pelos quais a procura por esses serviços disparou no país, avalia Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
O grande sucesso, no entanto, ocorreu no mês passado, com mais de 60 milhões de lares assistindo a uma luta de boxe entre a lenda aposentada dos pesos pesados Mike Tyson e a personalidade da mídia social Jake Paul.
Nos últimos anos, o crescimento do streaming não teve a ver apenas com novas séries ou filmes, mas principalmente a diversidade e a forma personificada com que cada uma delas trata os clientes, oferecendo um mundo de possibilidades que trazem experiências e comodidades diversidades a quem assiste.
“O crescimento do mercado de streaming se dá não só pelo aumento do número de usuários mas também pelo surgimento de novas plataformas a cada mês com conteúdos diversos, nesse aspecto, a disputa pela audiência tende a aumentar cada vez mais assim como o desafio de educar o consumidor sobre qual canal transmitirá determinado conteúdo”, aponta Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
Se for levado em consideração o Brasil, o faturamento com plataformas de streaming geraram US$ 4,2 bilhões no último ano, sendo que metade deste montando vem de publicidade.
"A TV aberta não detém mais o monopólio das transmissões esportivas de décadas atrás, uma mudança acelerada pela pandemia. Hoje, o streaming oferece aos espectadores não apenas flexibilidade, mas também a chance de se aprofundar mais na narrativa esportiva, nas estatísticas e nos bastidores das competições. Essa evolução está redefinindo a maneira como consumimos entretenimento esportivo”, conta Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports.