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Coinbase estreia na bolsa com listagem direta: saiba o que esperar

Principal corretora de criptoativos dos EUA estreia na Nasdaq cercada de expectativas e dúvidas; oferta pode ter impacto em diferentes setores

(Chesnot / Colaborador/Getty Images)
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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 14 de abril de 2021 às 06h03.

Última atualização em 14 de abril de 2021 às 07h02.

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Principal corretora de criptoativos dos Estados Unidos, a Coinbase vai abrir capital nesta quarta-feira, 14, e este acontecimento tem criado grandes expectativas não apenas no mercado de criptoativos, mas em vários outros setores. Além de um IPO com valores recordes, a abertura da negociação de ações da empresa pode ter impacto considerável na indústria cripto, hoje avaliada em mais de 2 trilhões de dólares.

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A oferta inicial de ações da Coinbase não será exatamente um IPO, e sim uma listagem direta. Nesse modelo, já utilizado por outras empresas de tecnologia como Spotify e Palantir, a companhia não contrata bancos para coordenar a oferta, tampouco percorre o longo caminho de apresentação do negócio ao mercado e testagem de preços, nem emite novas ações; apenas possibilita a negociação de ações já emitidas na bolsa escolhida - no caso da Coinbase, a Nasdaq.

Apesar de ser um modelo muito mais simples e barato de promover a abertura de capital, a listagem direta também tem seus riscos, já que não possui mecanismo que garanta liquidez no primeiro dia de negociação - ou seja, se muitos acionistas colocarem papeis à venda e não houver compradores, o preço das ações pode despencar.

Este, entretanto, não parece ser o caso da Coinbase. Em divulgação de resultados recente, a exchange mostrou números bastante positivos no primeiro trimestre de 2021 - um faturamento de 1,8 bilhão de dólares, aumento de 117% no número de usuários ativos, entre outros - e um crescimento impressionante ao longo dos últimos meses.

"Se o cenário 'médio' [exibido no documento junto aos cenários pessimista e otimista] se concretizar, ou seja, com preços de criptomoedas estáveis o ano todo e uma média de 5,5 milhões de usuários por mês, a empresa deve dar um lucro líquido de 4 a 5 bilhões de dólares este ano. É alto crescimento, disruptivo, inovador, então merece um P/E [Índice Preço/Lucro] bem alto, acima da Netflix", disse Bernardo Carneiro, CFA e head de Investimentos Internacionais na EXAME Invest Pro.

O valuation da Coinbase permanece uma incógnita, já que a listagem direta, diferente do IPO, não tem preço pré-estabelecido. As análises citam valores que variam de 68 bilhões a mais de 100 bilhões de dólares - no caso mais otimista, seria a maior oferta inicial de ações de uma empresa de tecnologia desde que o Facebook abriu capital em 2012.

Além disso, o crescimento e a consolidação do mercado de criptoativos pesa a favor da empresa. Desde 2020, o número de investidores institucionais interessados em buscar exposição a este mercado só aumenta, mas muitos esbarram em temores ligados à regulação e outros fatores. Assim, os papeis da Coinbase podem ser usados como forma de ter exposição às criptomoedas sem participar diretamente deste mercado e por meio de um setor mais regulado.

O setor de criptoativos, por sua vez, também aguarda ansiosamente pela resposta do mercado tradicional à oferta da Coinbase, a primeira bolsa de criptos a fazer um IPO. Se o mercado demonstrar interesse, poderá ser entendido como um sinal de otimismo em relação às criptomoedas, o que poderá fazer os preços dos ativos digitais subirem ainda mais.

É este, aliás, o argumento para o movimento de alta mais recente no preço do bitcoin e do ethereum, os dois principais criptoativos do mundo. Na terça-feira, 13, ambos atingiram novos recordes de preço: o bitcoin passou de 63 mil dólares pela primeira vez, enquanto o ethereum chegou à inédita marca de 2.300 dólares.

Resta saber se a resposta de Wall Street à oferta da Coinbase ficará à altura das expectativas dos setores de criptoativos, ou se este será mais uma decepção para a lista do setor de tecnologia, que inclui nomes como WeWork, Uber e Lyft.

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