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Dinheiro e interesse europeu: especialistas analisam novo formato do Mundial de Clubes

A partir de 2025, o torneio terá 32 clubes, o que deve impactar o interesse na competição

Mundial: A distância das equipes do futebol brasileiro ainda é considerável se comparada com o futebol que é jogado em alto nível na Europa (Richard Callis/Eurasia Sport Images/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 10h06.

Nas últimas 17 edições do Mundial de Clubes, 15 europeus venceram. Apesar dessa hegemonia, existe uma discussão, entre torcedores e imprensa, se os times da Europa realmente dão o devido valor a competição.

No último sábado, 11, o Real Madrid enfrentou o Al Hilal, da Arábia Saudita, e garantiu o seu oitavo título do torneio. Com a presença das principais estrelas no time titular, como Karim Benzema, Luka Modric e Vini Júnior, a equipe Merengue venceu o adversário por 5 a 3.

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Para os times do “Velho Mundo”, a Uefa Champions League ainda é um torneio mais valorizado e cobiçado que o Mundial de Clubes, pelo nível de dificuldade e faturamento. Um exemplo dessa falta de competitividade está nos campeões das últimas edições. A última vez que um europeu não ergueu a taça de campeão foi em 2012, quando o Corinthians venceu o Chelsea na final.

O Mundial, sediado em Marrocos, e com sete equipes (os campeões de todas as seis confederações continentais, além do representante do país-sede), foi o penúltimo torneio neste formato. A Fifa, entidade máxima do futebol, já anunciou um novo modelo, a partir de 2025, com 32 clubes, tendo 12 europeus e seis sul-americanos, e sendo disputado a cada quatro anos, como uma Copa do Mundo de clubes.

Essa discussão sobre a nova fórmula do torneio começou em 2019, quando a Fifa anunciou a possibilidade de mudança pela primeira vez. Não fosse a pandemia de covid-19, a mudança já seria implementado em 2021, segundo a entidade.

Na visão de Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo, não há dúvida de que a costura para esse novo Mundial passa por atrair os europeus, que são refratários e dão pouco valor à competição atual.

“Esportivamente e financeiramente, é muito interessante ver a chance da elite do futebol mundial reunida para grandes jogos entre clubes. Acho que tudo isso obviamente redundará em ganhos financeiros maiores a todos os envolvidos, coisa que hoje não é tão relevante no atual modelo, sobretudo para os europeus”, completa o especialista.

Para Pedro Melo, Chief Commercial Officer (CCO) do Atlético-MG, responsável por captar e gerir os contratos de patrocínio do clube, com essas mudanças, o campeonato naturalmente alcançará um público bem maior.

“O fato de ser realizado somente a cada quatro anos também permitirá um planejamento a longo prazo junto às marcas parceiras, além de gerar uma sensação de escassez, atraindo ainda mais a atenção dos torcedores. Por tais motivos, certamente o lucro com os direitos de transmissão e patrocínios terá um salto considerável", afirma.

Embora essa mudança possa significar uma rentabilidade mais expressiva para os clubes que disputarem a competição, se olharmos o lado esportivo para as equipes sul-americanas, a vantagem já não é tanta. A conquista do Mundial continuará sendo uma missão ingrata, sobretudo porque haverá mais times europeus na disputa, com investimentos milionários, diferente da realidade da América do Sul.

A distância das equipes do futebol brasileiro ainda é considerável se comparada com o futebol que é jogado em alto nível na Europa. Em termos de estrutura, nível de investimento e qualidade dos atletas, principalmente quando falamos das principais estrelas do futebol mundial, há uma diferença. Um exemplo disso é a saída precoce de atletas brasileiros, que não se desenvolvem aqui, para, posteriormente, brilharem nos grandes times da Europa. Endrick, do Palmeiras, vendido para o Real Madrid por 72 milhões de euros, é um do exemplos recentes. Com 16 anos, o atleta irá se transferir em 2024, quando completa 18 anos.

Como o Brasil  encaixar o Mundial no calendário?

Júnior Chávare, executivo de futebol do Juventude, alerta que um ponto de atenção deve ser o impacto do novo torneio em calendários não estruturados, como acontece no Brasil. “Como o Mundial deve ter mais partidas, com possibilidade de haver até uma fase de grupos, isso exigirá mais datas e os clubes podem ser penalizados ainda mais quando forem vencedores e tiverem a possibilidades de disputar o Mundial”.

Além dessa disparidade em relação às equipes da Europa, os clubes do futebol sul-americano têm encontrado dificuldade em passar da semifinal nos últimos anos. O Flamengo, eliminado nesta edição para o Al-Hilal, se juntou a outros três times brasileiros que caíram nesta fase: Internacional, Atlético-MG e Palmeiras. O River Plate, em 2018, e o Atlético Nacional, em 2016, também foram eliminados precocemente por Al Ain e Kashima Antlers, respectivamente.

Segundo Armênio Neto, gerente de Marketing do Santos na disputa do Mundial de 2011, a queda rubro-negra na semifinal traz poucas consequências negativas nos negócios, mas a frequência na competição e um futuro título pode ser trabalhado por muitas gerações e é capaz de atrair fãs e consumidores de outros lugares do planeta.
“Cair numa semifinal gera mais brincadeiras entre torcedores do que prejuízos à marca, mas vencer o Mundial é um momento histórico, que será explorado eternamente. Muda o time de patamar, amplia torcida, gera receitas”, analisa o hoje diretor executivo da Let!s Goal.

“Chegar no Mundial é mais uma etapa de um ciclo positivo de exposição e reconhecimento, que começou com a conquista da Libertadores e isso reflete nos negócios. A exposição provocada pelo torneio estimula essa aproximação com o público internacional, mas a conquista do fã depende da frequência. O contato frequente com o time estabelece essa relação, seja presencial ou por meio de uma tela, das mais variadas formas.”, completa Armênio.

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