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Urso-polar com plástico na boca e outras fotos impactantes mostram o abandono e a beleza dos oceanos

Finalistas do concurso promovido pela 'Oceanographic Magazine' registram as imagens impactantes, seja pela fragilidade, seja pelo encantamento, do Planeta Azul

Vítima: urso-polar brinca com pedaço de plástico no lugar mais remoto do mundo (Celia Kujala/Oceanographic Magazine/Divulgação)
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 18h15.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 18h55.

O momento em que um urso-polar com um pedaço de plástico preso pelos grandes dentes foi registrado pela fotógrafa Celia Kujala, no arquipélago de Svalbard, na Noruega, é mais um dos sinais de como o ser humano tem lidado muito mal com seus rejeitos. Os objetos plásticos, principalmente garrafas, são os lixos mais encontrados nos oceanos.

Um estudo do Blue Keepers, projeto ligado ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que o Brasil é responsável por 3,44 milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos todos os anos. A estimativa é de que de 86 milhões a 150 milhões de toneladas desses resíduos se acumulem nas águas atualmente. Segundo a ONU, a cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo de plástico é jogado nos oceanos.A produção anual de plástico mais que duplicou em 20 anos até alcançar as 460 milhões de toneladas e está a caminho de triplicar em quatro décadas se não for controlada.

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Plástico perigoso

Por essa razão, a imagem registrada por Celia, especializada em natureza, em um dos lugares mais isolados do mundo é tão chocante e foi escolhida como uma das finalistas do prêmio Ocean Photographer of the Year 2024 na categoria Conservação (Impacto). Na descrição da foto, batizada de ' Plástico Perigoso ', a revista explica que trata-se de um lembrete gritante de que mesmo os confins desabitados do Ártico não estão isentos do domínio generalizado da poluição plástica.

O arquipélago de Svalbard tem cerca de 2,2 mil habitantes, ficano meio do Oceano Ártico e é considerado o lugar mais remoto do mundo, a última cidade do planeta Terra. Ao Norte, não há nada além de geleiras.

Ao saber da indicação, a fotógrafa postou a seguinte mensagem em seu perfil no Instagram: "No ano passado, durante uma expedição com @arcticwildlife_tours, vi esse urso-polar pegar algo do chão e começar a brincar com ele. Meu coração se abateu quando percebi que ele havia encontrado um pedaço de plástico".

Rastros: mergulhadores do Papahānaumokuākea Marine Debris Project trabalham para remover um gigante emaranhado de redes abandonadas nas águas do desabitado Atol Pearl e Hermes, no Havaí (Andrew Sullivan-Haskins/Oceanographic Magazine/Divulgação)

Andrew Sullivan-Haskins, fotógrafo conservacionista, registrou no desabitado Atol de Pearl e Hermes, no Havaí, o trabalho de mergulhadores do Projeto de Detritos Marinhos Papahānaumokuākea, para remover um grande volume de redes de pesca abandonadas nas águas.

No momento da foto de Sullivan-Haskins, a equipe de voluntários já estava há quase dois meses seguidos trabalhando e, ao todo, foram removidos quase 91 mil quilos de redes de uma Área Marinha Protegida.

Esconderijo: nas Filipinas, fotógrafo conservacionista registra um polvo do coco escondido dentro de um saco plástico para sanduíches (Pietro Formis/Divulgação/Oceanographic Magazine)

Nas Filipinas, Pietro Formis viu uma cena preocupante e inusitada. Um polvo do coco, conhecido pelo hábito de carregar cascas de coco para se esconder, estava entocado em um saco plástico usado em sanduíches.

Segundo a Oceanographic Magazine , cerca de 15 mil imagens foram enviadas, de diferentes partes do mundo, por fotógrafos especialistas em registros nos oceanos. São fotoscosteiras, feitas com drones e subaquáticas. Entre as categorias estão Vida Selvagem, Aventura e Conservação (Impacto e Esperança).

Interação positiva e danosa

Ainda de acordo com os editores da publicação, as fotografias deste ano incluem mostram diferentes momentos, como exemplos da conexão entre humanos e o oceano, o cuidado de conservacionistas com viveiros de corais e um mergulhador livre a caminho das profundezas de um buraco azul.

Mas não são só belos registros. Há ainda "lembretes gritantes do nosso impacto no oceano, incluindo um polvo abrigado em um saco plástico, uma baleia sendo puxada para a costa para ser abatida e um ganso-patola acidentalmente enforcado depois que seu ninho não natural se tornou um laço", exemplificam.

Sacrifício: arraia prenhe, presa em estrutura de aquicultura, é vítima de captura acidental; cerca de 40% dos peixes do mundo são capturados acidentalmente, morrem nas armadilhas ou quando são devolvidos ao mar (João Rodrigues/Divulgação/Oceanographic Magazine)

Os vencedores do prêmio serão anunciados em 12 de setembro, em uma cerimônia promovida pela Oceanographic Magazine e pela Blancpain. Neste link, é possível ver o trabalho de todos os finalistas.A primeira exposição do Fotógrafo Oceânico do Ano 2024 será aberta no Museu Marítimo Nacional Australiano, em Sydney, em 28 de novembro, e vai ser levada para outras cidades em 2025.

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