Unilever, Nestlé e outras 59 grandes empresas vão adotar o capitalismo de stakeholder
Compromisso anunciado durante o Fórum Econômico Mundial tem como objetivo promover a agenda ESG no setor privado
Maria Clara Dias
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 12h43.
Como parte do esforço para promover a divulgação de relatórios de performance que levem em consideração os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) no mundo, mais de 60 empresas e seus respectivos líderes se comprometeram a adotar as métricas de capitalismo de stakeholder , modelo que defende a geração de valor a todas as partes interessadas no negócio.
No total, 61 organizações divulgaram a adoção do modelo nesta terça-feira, durante a versão online do Fórum Econômico Mundial. Entre as signatárias estão Unilever, Nestlé, PayPal, Sony, Santander, IBM, UBS, KPMG, Accenture e Allianz.
Na nova postura, as companhias deverão inserir as principais métricas ESG em seus relatórios aos investidores e outras partes interessadas como índices de sustentabilidade, por exemplo. Parte do compromisso também prevê que empresas incentivem publicamente a agenda para o mercado e para seus parceiros e promovam a adoção dos padrões, estruturas e princípios ESG já existentes em relatórios não financeiros em todo o mundo.
No Brasil, a Raízen é um exemplo de empresa que soma bons resultados após a implementação do capitalismo de stakeholder. A produtora de etanol teve uma melhoria expressiva nas notas de crédito com a redução da pegada de carbono das operações e com a divulgação transparente dos riscos climáticos aos investidores.
A trajetória de sucesso do modelo que coloca o impacto gerado pelas empresas à frente do lucro é uma exposição constante da BlackRock, maior gestora do mundo. Em uma pesquisa, a BlackRock estima que mais da metade (54%) dos investidores considera que os investimentos sustentáveis são fundamentais para os resultados. Esses investidores planejam dobrar a participação dos ativos ESG em suas carteiras, o que elevará o porcentual total de 18% para 37%, em cinco anos.
Na Europa, a participação dos ativos ESG na carteira será ainda maior: 47%. O velho continente é o mais adiantado nessa transição para o investimento sustentável. Mais de 80% dos investidores europeus declaram que o ESG já se tornou, ou deverá se tornar, essencial para as suas estratégias de investimento.
As 21 métricas do capitalismo de stakeholder foram delineadas pelo Fórum Econômico Mundial e também pelo Conselho Internacional de Negócios (IBC) em setembro de 2020 e são centradas em quatro pilares principais: pessoas, planeta, prosperidade e princípios de governança, explica o Fórum. Algumas métricas de divulgação incluem emissão de gases, igualdade salarial e diversidade nos conselhos, por exemplo.
Ao adotar e relatar essas métricas, a comunidade empresarial irá encorajar a padronização das divulgações que consideram a sustentabilidade, governança e social na mensuração do desempenho. “O capitalismo das partes interessadas torna-se agora realmente popular”, disse Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial. “Os compromissos públicos das empresas de relatar não apenas questões financeiras, mas também seus impactos ASG são um passo importante em direção a uma economia global que trabalha para o progresso, as pessoas e o planeta”, disse.