Olhar externo: Omega Energia chega aos EUA e cria área para lutar por políticas públicas
No ano passado, a empresa de energia limpa investiu no exterior e estruturou uma diretoria ESG, focada em mudar as regras do mercado livre
Editor ESG
Publicado em 11 de maio de 2023 às 12h07.
Última atualização em 11 de maio de 2023 às 12h10.
Uma empresa de energia limpa é ESG por natureza? Quando seu próprio negócio está alinhado aos preceitos socioambientais e de governança que regem a tríade financeira da sustentabilidade, é fácil enxergar onde cada coisa se encaixa. Porém, como todo profissional que entra por esse caminho na carreira sabe, a complexidade e a qualidade de uma estratégia ESG são proporcionais. E, se dentro de casa está tudo certinho, o passo seguinte é olhar para fora.
A Omega Energia, empresa que opera 10 complexos de geração de energia renovável no Brasil, está passando por esse processo. No ano passado, a companhia tomou a decisão de expandir para além das fronteiras nacionais, investindo em uma operação nos Estados Unidos – um parque eólico localizado no Condado de Armstrong, no Texas. E estruturou sua primeira diretoria de sustentabilidade e ESG, sob a liderança da executiva Lívia Mariz. Mais do que garantir a execução da estratégia de sustentabilidade, Mariz tem a missão defender externamente a principal causa da companhia: abrir o mercado livre de energia para toda a população.
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“Sempre nos apoiamos no fato de termos um produto verde, mas precisávamos de uma área para fortalecer a estratégia de sustentabilidade”, disse Mariz à EXAME. “Foi um acerto, conseguimos tirar do papel projetos que não eram prioridade.”
O início da internacionalização
O primeiro parque eólico da Omega fora do país está com as obras adiantadas, e a expectativa é de entrar em operação no final deste ano. Sua capacidade inicial será de 265,5 MW, a partir de 59 aerogeradores fabricados pela Vestas. Em 2024, a empresa estima gerar um EBTIDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 20 a 25 milhões de dólares (aproximadamente 100 milhões de reais) com o parque, contribuição importante para a meta de chegar a um EBITDA de 2 bilhões de reais no próximo ano.
No que se refere ao ESG, a operação segue à risca as melhores práticas ambientais de empreendimentos do tipo nos Estados Unidos. Mas essa é a parte já resolvida do negócio. O que mais preocupa a diretoria ESG da Omega é o que está do outro lado dos muros. “Não vamos descarbonizar a economia sem luta”, afirma Mariz.
A batalha por políticas públicas
Não é por acaso que a executiva, além do chapéu ESG, comanda a área de relações governamentais. No centro da estratégia da Omega está a ampliação do acesso ao mercado livre de energia, com foco nas fontes renováveis. A empresa defende publicamente que todos os brasileiros tenham direito a escolher o fornecedor e a fonte de energia que desejam. Para isso, é preciso mudar as regras e a legislação do setor elétrico, que só permite essa escolha a grandes consumidores corporativos.
Esse engajamento se dá pela via do advocacy, palavra em inglês que descreve o ato de defender uma causa perante um público de interesse – o mesmo que lobby, mas sem a negatividade da expressão mais antiga, muito associada à corrupção; e da diplomacia pública. Nesse último aspecto, o relatório de sustentabilidade da Omega, lançado nesta quinta-feira, 11, destaca o Movimento Luz Livre, que obteve mais de 70 mil assinaturas em um abaixo-assinado pela aprovação do PL414/21, que trata da abertura do mercado livre de energia.
Realpolitik
No corpo a corpo junto ao Congresso, a Omega vem buscando aliados de fora do setor elétrico, como organizações de defesa do meio ambiente e dos consumidores. Há alinhamentos em curso com o Instituto Clima e Sociedade, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, a Frente Nacional dos Consumidores, entre outros. “Não se faz política sem coalizão”, afirma Mariz.
Essa realpolitik do bem não tem o objetivo de proteger os interesses da empresa, embora o resultado seja exatamente esse. “Nosso objetivo é levar energia limpa e barata para todos, e para isso precisamos fazer política”, afirma a executiva. “É uma oportunidade para o país, podemos entrar na nova era da economia como protagonistas.”
E como jamais se deve perder a ternura, no ano passado, a Omega usou o humor e o futebol para espalhar sua mensagem. Em parceria com o canal Embrulha, do Youtube, a empresa produziu um vídeo mostrando torcedores brasileiros e portugueses questionando o preço da energia. O vídeo teve mais de 1,5 milhão de visualizações.