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Mônica de Melo, sobrevivente de violência doméstica, estampa campanha de arrecadação para tratamento odontológico de vítimas (Bruna Lucena/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 28 de março de 2024 às 07h00.
Última atualização em 28 de março de 2024 às 16h32.
Motivada pelo aumento dos casos de agressão contra mulheres depois da pandemia, a Vult, empresa de beleza do Grupo Boticário, lançou um programa de empoderamento feminino em parceria com o Instituto Maria da Penha, organização de luta contra a violência doméstica, e a ONG Turma do Bem, que oferece atendimentos de saúde gratuitos.
Na campanha, nomeada “Isso é mais que um batom”, a empresa destinará os lucros da venda do novo pigmento labial para o tratamento odontológico de mulheres que tiveram problemas na boca e nos dentes em decorrência de agressões domésticas. O objetivo é restaurar a autoestima dessas vítimas, além de aumentar a conscientização sobre o impacto da violência na saúde física e psicológica de quem sofre dela.
A “transformação dos sorrisos” fica por conta da Turma do Bem, ONG internacional que atende jovens e mulheres em vulnerabilidade social. No último mês, três mulheres tiveram seus tratamentos custeados a partir da campanha da Vult, mas a empresa busca aumentar as vendas do batom para garantir escala na iniciativa.
De acordo com a diretora-executiva de branding e comunicação do Grupo Boticário, Marcela De Masi, as estrelas da campanha — as sobreviventes Marli, Rosangela e Mônica — se tornaram referência de resgate de autoestima. “Esse recomeço tem um ganho gigantesco para elas, que podem voltar a se ver sorrindo, mas também porque podem incentivar várias outras mulheres a mudarem sua situação de violência”, conta.
De Masi conta que a empresa buscou agir por ver oportunidades na área social além do que já é realizado atualmente na Empreendedoras da Beleza, plataforma do Grupo Boticário. O projeto capacita mulheres gratuitamente para se tornarem profissionais da beleza, como maquiadoras, manicures e estilistas capilares, o que pode definir a independência financeira delas.
“Quando a gente ouviu do Instituto Maria da Penha os dados alarmantes de violências contra mulheres, o projeto foi aprovado na hora: uma mulher é morta a cada sete horas vítima de violência doméstica no Brasil. A Vult fala sobre orgulho, ascensão, empoderamento das mulheres. Tudo que bloqueia isso vai contra nosso propósito”, conta. Só em 2023, foram mais de 21 mil mulheres formadas nos cursos do Empreendedoras da Beleza.
As capacitações orientam uma parcela vulnerável de mulheres a empreender, o que pode ajudar a evitar sua exposição a situações de violências. De acordo com a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, da DataSenado, as denúncias de violência doméstica são feitas por 35% das mulheres que recebem até dois salários mínimos. Essa taxa cai para 20% entre mulheres que ganham mais de seis salários mínimos. Isso acontece porque a dependência financeira ainda mantém muitas mulheres presas aos seus agressores.
Ciente deste dado, a Vult inseriu aulas sobre o reconhecimento de violências nos cursos de capacitação para mulheres. De acordo com Marcela De Masi, o módulo “Conhecer para Prevenir e Romper”, criado em parceria com o Instituto Maria da Penha, contextualiza a lei contra a agressão à mulher.
“O módulo fala sobre os ciclos de violência de gênero e as ferramentas para procurar ajuda. Ele é muito importante para que as alunas entendam como reconhecer e saibam lidar com quem está passando por isso”, conta.Os cursos incluem ainda aulas sobre inteligência emocional e a independência econômica, com ensinamentos em finanças pessoais, além das capacitações em beleza de forma gratuita.
Para De Masi, é só a semente da mudança que o empreendedorismo e o universo da beleza podem causar na vida delas. “O ganho dessa ação é gigantesco na transformação social. A gente ainda quer colher muitos frutos do impacto positivo na vida dessas mulheres”, afirma.
As aulas começam no dia 8 de abril de forma online, no site do Empreendedoras da Beleza.