Na ONU, Brasil usará redução no desmatamento e aquecimento global para conter crise das queimadas
André Corrêa do Lago, secretário de clima e meio ambiente do Itamaraty, diz que países ricos devem fazer sua parte e ajudar no financiamento dos países em desenvolvimento
Editor ESG
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 16h40.
Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 15h26.
O Brasil está pegando fogo. Essa talvez seja uma das frases mais pronunciadas pelos brasileiros que chegam a Nova York, desde segunda-feira, 16, para participar da Semana do Clima e da Assembleia Geral da ONU. Da lamentação pela tragédia, as conversas derivam para temas da diplomacia e como a posição do país perante as nações desenvolvidas é enfraquecida por conta do desastre climático.
Diplomacia, no entanto, é uma via de mão dupla, e o Ministério das Relações Exteriores está pronto para retrucar acusações. Se o Brasil, dono da maior biodiversidade do planeta, não consegue apagar o fogo , países desenvolvidos também não estão isentos das consequências das mudanças climáticas.
“ Essa é uma consequência das mudanças climáticas, que afeta a todos”, disse à EXAME o embaixador André Corrêa do Lago, secretário para clima e meio ambiente do Itamaraty.
Neste ano, foram identificados mais de 180.000 focos de incêndio, quase o total de 2023. Apesar das imagens alarmantes, o embaixador destacou que o Brasil já promoveu uma grande redução do desmatamento na Amazônia.
O impacto das queimadas e o foco no aquecimento global
Corrêa do Lago ressalta que as queimadas são uma consequência direta do aquecimento global, o que faz com que muitos enxerguem a situação de forma mais grave em termos de desmatamento do que realmente é. Ele argumenta que o foco deve estar em medidas eficazes para combater as mudanças climáticas, mas semsobrecarregar financeiramenteos países que estão liderando esses esforços.
“Você tem que tomar a medida que ajuda a combater a mudança do clima ”, afirmou o embaixador, ressaltando a importância de não afundar financeiramente as nações em desenvolvimento. Para ele, as imagens de queimadas, apesar de chocantes, acabam gerando uma visão distorcida da realidade, uma vez que não refletem a queda nas taxas de desmatamento já alcançadas.