Maior banco da Noruega é líder mundial em igualdade de gênero
Relatório global mostra que o banco GNB ASA é a empresa com maior diversidade de gênero no mundo, à frente de companhias como L'Oreal e General Motors
Maria Clara Dias
Publicado em 8 de março de 2021 às 12h58.
Última atualização em 8 de março de 2021 às 13h00.
Um dos bancos com maior capitalização e melhor desempenho da Europa acaba de ser eleito como a empresa com maior diversidade de gênero do mundo.
O DNB ASA, maior banco da Noruega, alcançou a pontuação mais alta em igualdade de gênero entre todas as corporações no Relatório Global de Igualdade de Gênero e Ranking de 2021 da Equileap publicado este mês.
Kjerstin Braathen, diretora-presidente do DNB, afirma que a chave do sucesso é garantir que as mulheres não fiquem em desvantagem quando tiverem filhos. E a melhor maneira de fazer isso é conceder licença parental remunerada adequada.
“É absolutamente possível ter filhos e uma carreira de sucesso”, disse a executiva à Bloomberg. “Uma organização moderna deve facilitar os programas para tornar isso mais fácil e atraente.”
No DNB, a meta é ter pelo menos 40% das quatro principais escalas de gestão do banco ocupadas por mulheres. “Estamos quase lá”, disse Braathen.
Segundo ela, as cotas que a Noruega aplica para conselhos de administração são uma “ferramenta útil”. Mas, idealmente, “os conselhos devem ver o valor de equipes com diversidade sem cotas rígidas”.
“Percorremos um longo caminho em termos de diversidade de gênero no DNB”, disse. “Ainda temos um caminho a percorrer em outros aspectos da diversidade e estamos pressionando rumo a equipes mais diversificadas em todo o banco.”
O valor das participações de investidores do DNB dobrou na última década, enquanto o índice de ações de bancos europeus da Bloomberg caiu cerca de 40% no mesmo período.
No entanto, mesmo na Noruega, um dos países mais ricos e com maior igualdade de gênero do mundo, não existe paridade real entre homens e mulheres. Erna Solberg, primeira-ministra da Noruega, sede da conferência “SHE” deste ano em Oslo, diz que, apesar do acesso igualitário à educação, mulheres norueguesas tendem a optar por diplomas que as colocam em empregos públicos com salários mais baixos. A Noruega ainda busca descobrir como corrigir esse desequilíbrio, disse Solberg na sexta-feira.
Ao mesmo tempo, empresas do setor privado na Noruega têm menos igualdade de gênero do que estatais. Solberg reconheceu que as discussões sobre ter um número suficiente de CEOs “podem parecer um problema de luxo”. Ainda assim, “também é importante”, disse.
Mas a Noruega está à frente de muitos países onde a pandemia agravou a desigualdade.
De acordo com a Comissão Europeia, nenhum país está a caminho de alcançar a igualdade de gênero até 2030. Em relatório de novembro, a comissão estimou que o índice de desemprego entre as mulheres devido à pandemia é 1,8 vez maior do que entre os homens, resultando em aumento de 9,1% na taxa de pobreza feminina.
Solberg diz que os planos de recuperação global precisam responder ao maior impacto da recessão econômica nas mulheres.
“Precisamos de um enfoque de gênero também em nossos planos de recuperação”, disse Solberg. “Temos que resolver a crise ambiental e climática, mas também temos que fazer uma avaliação de gênero.”