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Larvas de mosca são alternativa sustentável para alimentação animal na Costa Rica

Moscas são criadas em jaulas dentro de uma estufa a 40ºC e com alta umidade; elas vivem por uma semana e depositam cerca de 500 ovos cada uma antes de morrer

Larva de mosca-soldado-negra em San Jose, Costa Rica (Alberto PEÑA, Ezequiel BECERRA / STR / © /AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 11 de novembro de 2023 às 08h56.

Última atualização em 11 de novembro de 2023 às 09h35.

Criadas em fazendas verticais e recheadas com restos de frutas, as moscas se tornaram alimento para animais e pilar de um empreendimento de economia circular na Costa Rica .

Na localidade agrícola de Guápiles, 60 quilômetros ao norte de San José, uma empresa inovadora pôs para trabalhar as moscas que rondavam as plantações.

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A mosca-soldado-negra (Hermetia illucens) é nativa de climas tropicais como o da Costa Rica e suas larvas engolem resíduos orgânicos sem parar.

"É uma proteína de alta qualidade", disse à AFP Miguel Carmona, presidente da empresa ProNuvo.

Larvas de mosca tornam-se proteínas "mais saudáveis" para os animais e com menor impacto no meio ambiente que os alimentos a base de proteína animal (carne ou peixe) ou vegetal (soja), explica o empresário de 52 anos.

"Economia circular"

Essa empresa dispõe de tudo do que é necessário no local. As moscas são endêmicas e são criadas em jaulas dentro de uma estufa a 40 graus Celsius e com alta umidade. Vivem ali por uma semana e depositam cerca de 500 ovos cada uma antes de morrer.

Quatro dias depois os ovos explodem e as larvas começam a se alimentar por 14 dias dos rejeitos orgânicos das plantações de banana, manga e mamão até engordar 10.000 vezes o seu peso, indica Miguel.

"Essas larvas depois (se) tornam proteínas e óleos e gorduras bem ricas para alimentação animal", afirma à AFP Gabriel Carmona, CEO da ProNuve e irmão de Miguel. Além disso, os excrementos depositados pelas larvas são uma recompensa ideal para as mesmas plantações de frutas.

"Estamos praticando a economia circular", afirma Miguel.

Menos terra e água

“Estamos aproveitando resíduos de outras indústrias para produzir uma proteína de alta qualidade sem causar os impactos ambientais que a sobrepesca, a soja e a pecuária causam hoje”, afirma Miguel.

A proteína de insetos é uma alternativa sustentável à animal e à vegetal.

Segundo a empresa, a produção de uma tonelada de carne bovina necessita de 30.000 m² de superfície e a de soja 3.000 m².

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) diz que 30% da superfície total do planeta é dedicada ao gado.

Enormes extensões de terra são desmatadas para a produção, o que se traduz em menor área florestal de absorção de CO2.

A fazenda de larvas de mosca necessita apenas de 30m².

Isso ocorre também com o consumo de água. Para produzir uma tonelada de proteína de carne bovina são necessários 15,4 milhões de litros de água e para plantações de soja, 1,6 milhão de litros. As larvas consomem apenas 10.000 litros.

E o tempo de produção de uma tonelada de proteína também é inferior: as moscas demoram 14 dias, a soja, seis meses, e as vacas, 36 meses.

"Pioneiros da região"

Essa fazenda da Costa Rica é a primeira a produzir proteína de insetos na América Latina, diz Miguel.

"Pioneiros da região", comenta orgulhoso do empreendimento familiar.

No entanto, a mosca-soldado-negra já faz parte do trabalho de outras inovações similares destinadas à produção de fertilizantes orgânicos no Quênia e em Uganda ante o aumento de seus preços em consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Na Europa, as larvas também são vendidas como suplemento proteico para animais, podendo, até mesmo, serem compradas em pacotes de forma digital.

No momento, o produto resultante da fazenda dos irmãos Carmona vende as larvas secas, proteína em pó e óleo de inseto, embora apenas para os Estados Unidos.

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