ESG

“ESG é uma farsa”? Por que Tesla ficou de fora do índice S&P 500 ESG

Em sua atualização anual, a S&P Dow Jones retirou a Tesla, montadora de carros elétricos de Elon Musk, do seu índice S&P 500 ESG. Em resposta, o bilionário afirma “ESG é uma farsa”.

 (JIM WATSON/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2022 às 16h56.

Última atualização em 19 de maio de 2022 às 18h27.

Na sua última atualização anual, a S&P Dow Jones retirou a Tesla, montadora de carros elétricos de Elon Musk, do seu índice S&P 500 ESG, que usa dados ambientais, sociais e de governança para classificar e recomendar efetivamente as empresas aos seus investidores. 

Entre os critérios usados para incluir ou excluir uma empresa do índice estão não somente a forma como as empresas afetam o planeta, mas também como tratam as partes interessadas além dos acionistas – incluindo clientes, fornecedores, funcionários e parceiros.

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No entanto, a atualização do índice, que entrou em vigor no dia 2 de maio deste ano, não agradou em nada Elon Musk, que se pronunciou no Twitter.

Em uma sequência de tuítes na rede social, o bilionário diz: "A Exxon é classificada como uma das dez melhores do mundo em meio ambiente, social e governança (ESG) pelo S&P 500, enquanto a Tesla não entrou na lista! O ESG é uma farsa. Foi armado por falsos guerreiros da justiça social.”

Mas por que a Tesla foi retirada do S&P 500 ESG?

Segundo Maggie Dorn, diretora sênior e chefe de índices ESG para a América do Norte da S&P Dow Jones Indices, os dois grandes motivos da Tesla ter perdido pontos ESG em 2021 foram a sua estratégia de baixo carbono e os seus códigos de conduta empresarial.

De acordo com uma postagem feita por um porta-voz do índice, outros problemas como racismo e as más condições de trabalho relatadas na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, também afetaram a pontuação. 

Ainda, em 2021, a Tesla ficou em 22º lugar no Toxic 100 Air Polluters Index (o Índice das 100 empresas mais Poluidoras do Ar), uma colocação pior do que a da Exxon Mobil (citada no tuíte de Musk), que ficou em 26º. 

O "S" esquecido de ESG

Embora a Tesla tenha a missão maior de tirar os carros movidos a combustível das estradas e promover o uso de energias sustentáveis,  ela ficou muito para trás quando os critérios ESG foram analisados de uma forma mais ampla, sob o aspecto social e de governança.

Na Califórnia, por exemplo, o departamento de Emprego Justo e Habitação processou a Tesla por assédio e discriminação contra negros em sua fábrica de automóveis em Fremont. 

Segundo a agência, foram encontradas evidências de que a empresa mantinha trabalhadores negros em cargos de baixo escalão na empresa, atribuindo a eles tarefas mais fisicamente exigentes e os retaliando quando se queixavam de insultos racistas.

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ESG é uma farsa?

Não. Apesar de o ocorrido evidenciar ainda mais o debate sobre os critérios e métricas usados para avaliar o desempenho das empresas nos quesitos ESG, ele também dá luz a aspectos que estão sendo negligenciados pelas companhias.

Afinal, os consumidores e investidores não aceitam mais estratégias ESG ‘pela metade.’ Projetos de redução da emissão de carbono precisam também vir acompanhados de transparência, responsabilidade social, bons ambientes de trabalho, diversidade e remuneração justa etc. para que uma empresa seja classificada corretamente como ESG. Para aquelas que não se preocupam com todas as partes da sigla, pode ser que isso pareça uma farsa mesmo.

E no Brasil não é diferente. Segundo Fábio Alperowitch (cofundador e gestor da FAMA Investimentos), o investidor ainda tem dificuldade de compreender o que significa, de fato, ser uma empresa sustentável e o debate no país é superficial, ou “escrito com S minúsculo”, já que os desafios sociais são, por muitas vezes, deixados de lado.

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