ESG

Em NYC, jovens do Complexo do Alemão apresentam o Voz das Comunidades e conhecem projetos locais

Há 17 anos a equipe do Voz das Comunidades leva informações para os moradores de favelas do Rio de Janeiro. Agora, oito pessoas visitam Nova York para compartilhar experiências e conhecer projetos comunitários nos Estados Unidos

Equipe do Voz das Comunidades em Nova York (Leandro Fonseca/Exame)

Equipe do Voz das Comunidades em Nova York (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 1 de outubro de 2022 às 08h05.

De Nova York

Numa tarde quinta-feira, oito jovens do jornal Voz das Comunidades, fundado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, se reuniram no saguão de um prédio comercial na 6th Avenida, em Nova York. Nos minutos seguintes, eles conheceram a redação da revista Time, e tiveram a oportunidade de tirar dúvidas sobre as práticas de jornalismo do time que há décadas elege a Personalidade do Ano.

Essa foi só uma das agendas ao longo da semana para apresentar o Voz das Comunidades e conhecer projetos estadunidenses que inspirem o trabalho realizado há 17 anos no Rio de Janeiro. "O Voz das Comunidades é um jornal que surgiu no Complexo do Alemão para mostrar os problemas, mas também os projetos culturais e sociais que não tinham visibilidade antes. Toda a equipe é feita por pessoas que são das favelas e falam de dentro para dentro e de dentro para fora", diz Rene Silva, fundador e CEO do Voz das Comunidades em entrevista exclusiva à EXAME.

Segundo ele, o intercâmbio para NYC aconteceu depois da expansão do empreendimento. "A ideia surgiu pela expansão do Voz. Hoje temos apoiadores e patrocinadores, que nos ajudam com doações. Com isto, pensamos: por que não fazer esse intercâmbio? Ano passado fomos para Medellín, na Colômbia, e conhecemos as iniciativas de lá. Agora, viemos para entender como funciona a cadeia de organizações sociais, culturais e ativistas dos Estados Unidos", afirma.

Geisa Pires, coordenadora de responsabilidade social do Voz das Comunidades, define sua primeira vez em NYC como uma experiência incrível. "A gente foi num colégio em que as professoras induzem os alunos a permanecerem na educação. Ter essa experiência e perceber o incentivo foi algo que me emocionou muito", diz.

A coordenadora de comunicação Melissa Cannabrava, que assim como Geisa está no Voz há onze anos, compartilha o sentimento. "A Melissa de dez anos atrás nunca imaginou estar aqui hoje, e por meio de projeto social. Sou a primeira da minha família a se formar e está sendo incrível participar disto tudo", diz.

O momento também é de inspiração para outros que não estão no grupo. "Estamos aqui com oito favelados. Com isto, as pessoas podem imaginar estar aqui no próximo ano, por exemplo. É uma boa experiência para mostrar que os projetos sociais têm validade, que podemos trabalhar juntos para o nosso território e crescimento próprio", diz Melissa.

Do Complexo do Alemão para Nova York

O intercâmbio dos oito jovens com idades entre 22 e 31 anos foi patrocinado pelo aplicativo de corridas Uber e a fabricante de bebidas Ambev. De acordo com Rene Silva, na pandemia da covid-19 houve um crescente interesse das empresas em se aproximar do Voz. "A pandemia mostrou para a sociedade e para as empresas que existe um problema muito grave no Brasil em relação à fome, miséria, emprego e educação. E muitas marcas nos procuram para tocar essa parte de responsabilidade social. Não só grandes empresas, mas comércios locais próximos de nós".

Também na pandemia, o Voz intensificou o trabalho social e de auxílio aos moradores das favelas. "Em 2021 atuamos fortemente no combate à fome, que continua sendo uma crise no país. Doamos 120 mil toneladas de alimentos, e tentamos manter esse trabalho de ajuda humanitária nas comunidades no Rio de Janeiro", afirma Geisa.

Apesar de avanços, é preciso que as companhias se mobilizem ainda mais. "É importante que as empresas que abordam o  ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) passem a olhar de dentro pra fora também. Vejo muito as empresas se posicionando, mas não agindo. Muitas estão colocando diversidade, mas de alguma forma a estrutura continua a mesma, com as mesmas pessoas brancas nos cargos de liderança. As empresas de modo geral ainda estão mais mostrando para fora, do que fazendo de verdade", afirma Rene.

Veja mais detalhes na entrevista em vídeo.

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