Do empreendedorismo feminino ao agro sustentável: novo VP da Elo detalha plano ESG
Barreto Junior assume o cargo de vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Elo com o objetivo de influenciar os brasileiros no consumo e nos negócios sustentáveis; leia entrevista exclusiva à EXAME
Repórter de ESG
Publicado em 18 de julho de 2023 às 07h02.
Última atualização em 18 de julho de 2023 às 10h11.
A empresa de tecnologia e soluções de pagamentos Elo compreendeu como o ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) é fundamental para, além da sobrevivência, o crescimento dos negócios. É por isto que, pela primeira vez, a companhia apresenta um relatório de sustentabilidade e anuncia a chegada de Barreto Junior no cargo de vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade.
Barreto, que começou a trabalhar na Elo no dia 3 de março, detalhou com exclusividade à EXAME os planos de ESG da Elo, com iniciativas como influencia no comportamento de consumo mais sustentável; detalhamento de poder aquisitivo de interessados nos financiamentos habitacionais da CAIXA para maior certeza das faixas corretas de benefícios; vantagens competitivas para produtores do agronegócio com boas práticas de sustentabilidade; e foco no desenvolvimento do empreendedorismo feminino. “Definimos os temas de trabalho a partir de três pilares: econômico, parceiros e fornecedores e valores da organização. Isto nos ajuda a traçar uma estratégia que conecta a companhia com o que os brasileiros mais precisam”, diz Barreto Junior.
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Para realizar ações que movimentam fora de casa, a companhia também trabalha com ajustes de cultura e fortalecimento de iniciativas como dos grupos de diversidade e inclusão, lançados no ano passado, e a descarbonização por meio da compra de créditos de carbono. “As iniciativas sustentáveis são fundamentais para o negócio e nos ajuda a entender importantes estratégias que impactam a vida dos consumidores”. Atualmente, a Elo possui 43 milhões de cartões ativos, de 37 emissores. Em 2022, isto resultou em 344 bilhões de reais transacionados.
A entrevista completa está a seguir:
Como sua chegada fortalece as práticas ESG da Elo?
Passei os últimos quatro meses estudando a companhia e me deparei com uma cultura forte, já preocupada com temas como a descabonização e empreendedorismo feminino. O que estamos fazendo aqui é entendendo como evoluir essa cultura e ampliar as boas práticas. Nesse momento, a definição do nome do cargo é um bom exemplo. Junto com a presidência e o conselho, foi compreendido que a sustentabilidade é a chave.
Também vimos que não estamos atrelados aos índices, ratings e premiações de ESG, algo que estamos mirando como forma de sermos reconhecidos, mas também de termos os questionários como base para os avanços. A intenção é seguir, por exemplo, os melhores o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, mesmo não sendo uma empresa de capital aberto.
O primeiro relatório de sustentabilidade mira no ano passado, e agora há o anúncio da sua chegada. O que ocorreu nos últimos meses para que o ESG ganhasse força na companhia?
A gente tinha uma janela de oportunidade para a abertura de capital. Então olhamos para a governança, a cultura, os funcionários bastante engajados com propósito e a estrutura como um todo.
Com isto, definimos três pilares fundamentais de atuação: o primeiro deles é o econômico, que não pode ser trabalhado sem associação com o meio ambiente; em seguida, o de parceiros e fornecedores. Por exemplo, como evoluímos os meios de pagamentos ligados à habitação da CAIXA, ou fornecemos oportunidades para o empreendedor do agronegócio ligado ao Banco do Brasil; e, no terceiro pilar, queremos que as pessoas físicas e jurídicas nos escolham pelas vantagens e pelos valores que temos como organização.
Como essas ações podem impactar o comportamento dos brasileiros?
Entendemos que uma empresa como a Elo pode induzir comportamentos de consumo mais sustentáveis. Por isto, estamos buscando uma consultoria para nos ajudar a mostrar que é possível optar por compras melhores.
Queremos participar também do processo de compra de créditos de carbono sendo um meio de pagamento relevante e mostrando com transparência que aquela compra é adequada. Ainda em relação à descarbonização, internamente, a Elo tem o seu projeto e, segue mapeando as cadeias e encontrando parceiros para compras de crédito e participação em projetos de reflorestamento.
Outra iniciativa, voltada ao negócio, é fortalecer os empreendedores e empresários do agronegócio para que sejam mais sustentáveis. Estamos promovendo um estudo das melhores práticas no campo em termos de uso da água, produção de culturas e energia renovável. E devemos investir em ser a melhor opção de meios de pagamento para quem tiver boas iniciativas nessas frentes.
Há iniciativas que integram os negócios e o ESG na frente social?
Sim, um exemplo é ligado ao Caixa Pra Elas, programa da CAIXA criado para dar oportunidades para as mulheres brasileiras. Participamos da construção do meio de pagamento do programa e no entendimento das linhas de crédito. Por exemplo: temos dados para analisar que a mulher é a chefe da família e qual é o seu comportamento de consumo. Isto ajuda a oferecer as melhores oportunidades.
Pensando nisto, estamos estudando com um parceiro – a ser anunciado em breve – um programa de educação financeira para microempreendedor que terá um foco também nas mulheres, considerando os ramos com mais empreendimentos, o estilo de vida e as necessidades delas. Assim, entendemos que a promoção de conteúdos via WhatsApp é uma boa opção para a informá-las sem gerar empecilhos e mais trabalho no dia a dia.
O tema da habitação também está sendo olhado?
Sim, e habitação no Brasil tem dois caminhos claros: o do trabalhador formal que consegue comprovar a renda, e o do que não consegue. Os programas governamentais têm papeis importantes para a inclusão social e moradia, e os meios de pagamento validam as informações. Por exemplo, consigo perceber os perfis de consumo e acertar as faixas de financiamento e subsídio.
Outra questão, é que a partir disto também podemos oferecer serviços melhores, como os de saúde. Por mais que o Sistema Único de Saúde (SUS) faça um bom trabalho, ele não atende a todos na velocidade necessária. Estamos estudando benefícios agregados ao nosso cartão para um pagamento de telemedicina acessível, por exemplo. Queremos ser o cartão preferido do brasileiro e, para isto, precisamos considerar as diferentes realidades.
A Elo anunciou uma virada de marca. Como isto se conecta com os anúncios das práticas ESG?
A virada de marca começou com as campanhas que soltamos a partir do marketing, com a ideia de ser cartão do brasileiro. Somos feitos por empresas brasileiras, temos orgulho disso e mostramos isto na campanha com o Miguelzinho, jovem prodígio do pagode, nascido em Itaperuna, no Rio de Janeiro. Aqui, é importante dizer que asseguramos a formação educacional dele, conectando o marketing com a sustentabilidade.
Também queremos mostrar que a Elo tem maioria feminina na diretoria (60%), o que está ligado aos nossos programas de empreendedorismo e educação financeira para mulheres. Também apoiamos projetos culturais e externalizamos isso participando de pré-vendas de inúmeros shows nos últimos anos. As ações de ESG estão diretamente ligadas ao propósito da marca e estratégia de negócios.