COP29: "Presente de Deus" para presidente do Azerbaijão, combustíveis fósseis atingem novo recorde
Estudo do Global Carbon Project, divulgado nesta quarta-feira, 13, aponta para um agravamento sem limites das emissões mundiais de CO2 em 2024. Tema será alvo de debate neste terceiro dia da conferência do clima.
Editora ESG
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 09h10.
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 09h25.
*De Baku
Chamados de "presente de Deus" pelo presidente do Azerbaijão na abertura da Conferência do Clima cujo país é a sede nesta edição, os combustíveis fósseis e as emissões mundiais provenientes de suas queimas devem atingir números sem precedentes em 2024, chegando a 37,4 bilhões de toneladas - um incremento de 0,8% em comparação com 2023.
O dado preocupante, embora não surpreedente, foi divulgado por pesquisadores do Global Carbon Project nesta quarta-feira, 13, e evidencia a contínua dependência global de fontes de energia não renováveis.
O tema é um dos destaques na pauta da COP29 neste terceiro dia da cúpula, para ser debatido entre líderes mundiais. Conforme o estudo, a situação se torna ainda mais crítica quando se consideram as emissões relacionadas às alterações no uso do solo, especialmente o desmatamento. Ao incluir esses fatores, as projeções indicam que as emissões totais alcançarão a marca expressiva de 41,6 bilhões de toneladas, representando um aumento significativo de 2,5%. Este crescimento ocorre mesmo diante dos diversos alertas da comunidade científica sobre os riscos do aquecimento global.
Sem tempo (e sinais) para otimismo
Embora o Global Carbon Project aponte que os níveis totais de emissão de CO2 tenham se mantido relativamente estáveis durante a última década, isso não é motivo para otimismo.Projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgadas desde 2023, trazem uma perspectiva temporal para a questão. E consideram que o consumo mundial de combustíveis fósseis - incluindo petróleo, gás natural e carvão - deve atingir seu ponto máximo "antes do término desta década". Esta previsão, embora represente um horizonte positivo, ainda deixa um cenário desafiador pela frente.
O relatório Global Carbon Budget apresenta uma projeção que confirma o que outros estudos têm alardeado: mantendo-se os padrões atuais de emissão, existe uma probabilidade de 50% de que o aquecimento global ultrapasse a marca de +1,5°C em relação aos níveis pré-industriais nos próximos seis anos, aproximadamente. Este limiar está contemplado no objetivo mais ambicioso estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, e sua ultrapassagem pode desencadear consequências ainda mais severas para o clima global.
Esta análise abrangente ressalta a urgência de ações mais efetivas no combate às mudanças climáticas. Enquanto os avanços tecnológicos em energias limpas mostram um caminho possível, a velocidade da transição energética ainda não corresponde à gravidade da situação. O desafio agora é acelerar estas mudanças antes que os impactos se tornem irreversíveis para nosso planeta.