ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Como a divulgação científica brasileira evoluiu com o passar dos anos

"A ciência é para todos, e a internet é uma ferramenta poderosíssima de comunicação de largo alcance", escrevem participantes do projeto Jovens Cientistas Brasil

 (lankogal/Getty Images)

(lankogal/Getty Images)

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 08h02.

Última atualização em 16 de janeiro de 2024 às 09h09.

Por muitas vezes, a ciência é dada como uma área constituinte de conhecimentos extremamente complexos, dominados exclusivamente por aqueles que detêm o potencial de compreendê-los, afastando assim o público não-especializado do discernimento de diversos conceitos e situações cotidianas.

Tal estigma é proveniente de séculos de elitização do espaço científico, o qual é marcado por um acesso restrito àqueles que frequentam universidades, congressos e o ambiente acadêmico de modo geral. Contudo, no Brasil, a partir do século XIX, surgiu um movimento que visava a transmitir a informação produzida pelos cientistas, trazendo o conceito basal daquilo que, posteriormente, viria a ser chamado de Divulgação Científica.

A importância da transmissão da informação produzida pelo meio científico tornou-se evidente e ganhou visibilidade especial durante a pandemia de COVID-19, quando pesquisas sobre o vírus e as vacinas eram constantemente noticiadas à população.

Apesar disso, a Divulgação Científica no Brasil é anterior à independência do país, tendo início com a criação da Imprensa Régia, em 1810. O portal de comunicação foi palco da publicação dos primeiros textos de educação científica, os quais, em sua maioria, reduziam-se a manuais para o ensino de engenharia e medicina.

A dinâmica iniciada pela Imprensa Régia sucedeu o surgimento dos primeiros jornais, como a Gazeta do Rio de Janeiro, e, consequentemente, modificou o padrão da Divulgação da Ciência, que, anteriormente, era feita pela própria comunidade científica.

A partir da segunda metade do século XIX, a espécime da comunicação do conhecimento foi ainda mais desafiada com a aparição de iniciativas voltadas à popularização científica, dentre elas destacam-se as exposições, os museus, as conferências abertas ao público e, principalmente, as fundações de fomento à pesquisa.

O professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Wilson Bueno, enfatiza a importância de tais realizações, defendendo que “a partir daí [momento do surgimento das iniciativas anteriormente citadas] podemos chamar efetivamente de divulgação científica para o cidadão comum”.

Com a expansão do alcance dos jornais e das revistas, os acontecimentos e as descobertas do mundo científico se tornaram notícias com grande visibilidade em portais de comunicação. No século XX, episódios marcantes, como a corrida espacial, foram tratados com relevância altamente significativa pela imprensa da época, fazendo parte dos noticiários internacionais.

Todavia, inegavelmente, a emergência da rede de Internet é o marco do impulsionamento da Divulgação Científica, a velocidade da transmissão das informações aumentou exponencialmente com a chegada do meio digital. A partir desta revolução, diversos portais de comunicação surgiram a fim de compartilhar conhecimento complexo de uma maneira descomplicada.

Por meio da internet, com o intuito de popularizar a ciência e levar o conhecimento das universidades para pessoas fora do contexto acadêmico, graduandos e pós-graduandos do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) projetaram o Portal Ciência na Web. Recorrendo a podcasts, textos, vídeos e publicações em plataformas de mídias sociais, a iniciativa traz conteúdos científicos em uma linguagem mais simples e acessível para um público amplo.

O projeto, que teve início na pandemia, conta com voluntários de diversas universidades por todo o Brasil, que produzem conteúdo de acordo com sua área de estudo sob a orientação da profª Drª Maria Helena de Araujo (DQ-UFMG). Segundo Lívian Kessy, uma das idealizadoras do projeto, “o Ciência na Web surgiu durante a pandemia, por ter sido um período onde tivemos um grande problema com a questão do negacionismo e da desinformação; nós queríamos mostrar que a ciência é fundamental na vida das pessoas.”

O Ciência na Web possui uma variedade de formatos para divulgação científica, visando a alcançar efetivamente seu público-alvo. Um dos primeiros meios de publicação adotados foi o podcast, devido à sua popularidade crescente nos últimos anos e à facilidade de acesso para os usuários do portal.

Recentemente, o projeto tem se adaptado às demandas atuais e também passou a publicar conteúdo no Instagram e no YouTube, sendo a última uma das plataformas de vídeos online mais populares. Ainda segundo Lívian, “as redes sociais estão sempre mudando, e isso influencia no formato que a gente produz conteúdo de Divulgação Científica.”

As próximas etapas do projeto envolvem uma transição para o formato presencial, de modo a ampliar seu alcance. Entre as ações já realizadas, estão a elaboração de kits de experimentos, que foram gratuitamente distribuídos para professores da educação básica, juntamente à produção de vídeos instrutivos e a produção de material de divulgação científica em colaboração com outros projetos e iniciativas com ênfase em desenvolvimento sustentável e ação social.

Jovens Cientistas Brasil

Outra iniciativa é o Jovens Cientistas Brasil (JCB), que ilustra exatamente a relevância da acessibilidade da ciência nos meios de comunicação. O projeto, criado em 2020, produz artigos nas áreas de Ciências Naturais, Ciências Humanas e Matemática feitos por estudantes de Educação Básica e Universitária para um público da mesma faixa etária.

Os textos são publicados na internet e divulgados nas redes sociais, principalmente no Instagram, abarcando toda a extensão do Brasil. Com o objetivo de alcançar jovens de 13 a 19 anos, intervalo etático dos próprios participantes do JCB, a linguagem, o uso de analogias, as simplificações e os termos comuns ao público-alvo, e, o mais importante, o uso do meio digital para realizar Divulgação Científica são utilizados para a difusão dos conhecimentos acadêmicos de forma eficaz.

O Jovens Cientistas Brasil cria um espaço seguro para adolescentes aprenderem sobre ciência. Beatriz Franco, coordenadora do Jovens Cientistas Brasil, diz que os estudantes que mantêm o projeto também não são especialistas nos assuntos que discutem, mas querem compartilhar o que sabem: "Nós ainda temos muito a aprender, mas queremos estimular o jovem a seguir carreira científica nesse momento formativo da escola, principalmente durante o Ensino Médio, período crucial nas decisões de carreiras futuras". A coordenadora conta que o JCB é uma rede de comunicação e apoio entre jovens, e, a partir disso, a plataforma se expandiu, atingindo centenas de brasileiros por todo o país.

O sucesso do Jovens Cientistas Brasil está diretamente ligado à proximidade entre quem escreve e quem lê os artigos do projeto. A equipe do JCB é responsável pela produção, pela revisão e pela edição de todo o conteúdo publicado no jornal digital e nas redes sociais.

A partir da comunicação entre o produtor de conteúdo e o público alvo, incentiva-se a iniciação dos jovens no universo científico, encorajando-os a pesquisar, a escrever e a estar sempre atualizado nas notícias relacionadas ao seu tema de interesse.

Além de integrar os seus próprios leitores no universo da ciência, o projeto convida seus participantes a produzirem textos de divulgação científica, incentivando boas práticas científicas de pesquisa, síntese, discussão e organização das ideias em um texto escrito.

Ser um jovem divulgador científico possibilita o desenvolvimento de costumes que envolvem responsabilidades com o conhecimento a ser divulgado e sua articulação com a realidade. O “Jovens Cientistas Brasil” é um sistema de oportunidade para jovens que desejam exercitar habilidades de escrita, pesquisa e comunicação; além de criar uma rede de apoio entre estudantes de todo o Brasil, um país com uma educação extremamente desigual, visto que não são todos os estudantes que possuem estrutura e oportunidade de obter uma boa formação acadêmica e, consequentemente, científica.

Portanto, a importância dessas iniciativas no contexto moderno se tornam claras. Com os avanços dos meios de comunicação por conta da expansão das redes e da intensa globalização, informações se espalham muito rapidamente, o que aumenta a difusão de notícias falsas e desinformação.

Assim, torna-se primordial que a ciência consiga se inserir nesse cenário e que os meios de comunicação da atualidade sejam utilizados para a divulgação responsável dos conhecimentos produzidos pela academia. A ciência é para todos, e a internet é uma ferramenta poderosíssima de comunicação de largo alcance, de forma que se valer de novas modalidades de divulgação – externas à academia e inseridas na modernidade – garante que os conhecimentos sejam acessíveis para o público geral e não-especialista.

Acompanhe tudo sobre:Ciência de DadosPesquisas científicas

Mais de ESG

Entenda os principais acordos da COP29 em Baku

COP29: ONU esperava mais ambição. Leia reações de países ao acordo final

COP29 aprova US$ 300 bi para financiamento climático após muito impasse

COP29: Regras de mercado de carbono internacional são aprovadas