ESG

Com aporte de R$ 10,2 mi da JBS, projeto lança CRA para escalar pecuária regenerativa

Operação estruturada pela Vox Capital, com apoio da empresa nature-based Rio Capim Agrossilvopastoril, prevê R$ 100 milhões em dois anos

Fundo JBS pela Amazônia: investimentos serão aplicados no atendimento de 3.500 pequenos criadores de gado atuantes na área da Amazônia Legal (Leandro Fonseca/Exame)

Fundo JBS pela Amazônia: investimentos serão aplicados no atendimento de 3.500 pequenos criadores de gado atuantes na área da Amazônia Legal (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 21 de maio de 2024 às 19h43.

A JBS anunciou o aporte de R$ 10,2 milhões no novo Certificado de Recebimento do Agronegócio (CRA) da empresa focada em nature-based Rio Capim. O CRA é lastreado no programa “JUNTOS: Pessoas+Floresta+Amazônia” e será estruturado pela Vox Capital, com previsão de uma emissão total de R$ 100 milhões, sendo a primeira nesta semana, de R$ 50 milhões, e a segunda, em 2025, no mesmo valor. A cota assumida pela empresa alimentícia é a parcela com menor prioridade de retorno.

A expectativa do programa JUNTOS, lançado ano passado pelo Fundo JBS Amazônia, é que sejam alavancados mais de R$ 900 milhões via blended finance ao longo desse período, com melhoria do perfil de risco e retorno da operação e aumento da atratividade do setor privado. No ano passado, a JBS destinou R$ 10 milhões para a estruturação do programa via Fundo JBS Amazônia.

Os valores serão aplicados no atendimento de 3.500 pequenos criadores de gado atuantes na área da Amazônia Legal, oferecendo consultoria sobre o uso da terra, aumentando a rentabilidade e freando o desmatamento ilegal do bioma.

“Estamos incentivando um meio de financiamento com melhores condições e viabilizando a operação. Nosso propósito é gerar impacto positivo por meio de negócios que sejam inclusivos e ambientalmente sustentáveis para a Amazônia, e, ao mesmo tempo, que tenham retorno financeiro. Queremos que a Faria Lima invista no pequeno produtor com toda a segurança necessária, dentro de um novo padrão de modelo de negócio”, afirma Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia. 

O CRA conta com a existência de um comitê de risco e impacto. A frente será formada pela Vox, a Rio Capim e um integrante independente com a função de acompanhar as questões operacionais viabilizadas pelo programa “JUNTOS”. O comitê vai verificar o resultado das mitigações alcançadas e informá-las aos investidores interessados.

“Investidores e os pequenos produtores atuante na Amazônia Legal carecem de iniciativas com viabilidade técnica e financeira que apoiem a pecuária regenerativa de forma integrada. O programa JUNTOS, agora por meio do CRA com um comitê de prestação de contas, atenderão às demandas das duas pontas”, diz Valmir Ortega, CEO da Rio Capim.

A abordagem do CRA é via blended finance, com recursos oriundos de fundos concessionados e privados e centrados no projeto “JUNTOS” de agricultura regenerativa. A estimativa do Fundo JBS é investir até R$ 100 milhões nos próximos dez anos, alavancando mais de R$ 900 milhões entre recursos de Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), comerciais e doações – além de diversos tipos de instrumentos financeiros, como fundos de aval e fundos blended finance, por exemplo, que possam gerar segurança financeira e ajudar a aumentar a escala nessa fase inicial do programa.

“O blended finance permite tanto para o emissor, como para o tomador do crédito, uma taxa muito competitiva. A partir dessa base, o emissor consegue alavancar seu próprio negócio, honrar com seu compromisso, e ao mesmo tempo, criar uma estrutura que o leve a oferecer uma taxa mais atrativa para o mercado. É uma operação ganha-ganha”, diz Daniel Brandão, diretor de nature-based solutions na Vox Capital.

A empresa Rio Capim foi a primeira empresa apoiada com seed money pelo programa “JUNTOS: Pessoas+Floresta+Amazônia”. A Rio Capim tem como meta atender 150 famílias do Pará ainda neste ano, e 250, a partir de 2025. Em dez anos a meta é chegar a 3,5 mil famílias assistidas.

A ideia, em conjunto com o Fundo JBS pela Amazônia, é implantar hubs de negócios que deem suporte ao pequeno produtor em todas as etapas necessárias para uma pecuária de baixo carbono na Amazônia Legal, com apoio ainda à implantação da rastreabilidade animal desde o início da vida do gado. O projeto também incentiva a normalização socioambiental da propriedade, quando necessário.

Acompanhe tudo sobre:SustentabilidadeAmazôniaJBS

Mais de ESG

Energia renovável para calor industrial é opção “quente”?

A utilização de offsets na cadeia de valor das organizações

O que os gaúchos devem fazer com quase 47 milhões de toneladas de entulho

Unicef: dignidade menstrual é um direito de cada adolescente e jovem que menstrua

Mais na Exame