Brasil e Colômbia firmam financiamento contra racismo ambiental na COP16
Projeto "Quilombo das Américas" deve aportar mais de US$120 mil para evitar desigualdades socioambientais entre comunidades negras tradicionais nos países latinos
Repórter de ESG
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 15h11.
Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 15h16.
De Cali, Colômbia*
Uma parceria entre o Brasil e a Colômbia pode minimizar o impacto do racismo ambiental. Lançado nesta segunda-feira, 21, o projeto de cooperação internacional que recebeu o nome de “Povos Afrodescendentes das Américas”, e foi apelidado de “Quilombo das Américas”, visa evitar que as desigualdades socioambientais causadas pelas mudanças climáticas e da biodiversidade afetem principalmente as comunidades negras na América Latina e Caribe.
O anúncio foi feito durante o primeiro dia da Conferência das Nações Unidas pela Biodiversidade, a COP16. Em uma primeira investida, o Quilombo das Americasdeve aportar US$121.475 (o que equivalente a R$ 690.816,28) até 2028 a partir do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Durante o lançamento do programa no Pavilhão da América Latina do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), a ministra da igualdade racial do Brasil, Anielle Franco, afirmou que o projeto proporcionará reconhecer o papel das comunidades quilombolas e tradicionais na conservação da biodiversidade.
“Este projeto foi desenhado a partir da articulação regional com o Brasil, na perspectiva de projetar uma rede de trabalho entre os povos”, disse a brasileira.
Além da ministra, estiveram presentes na solenidade, a vice-presidente colombiana, Francia Marquez, e o presidente executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados.
Financiamento pela biodiversidade
Durante o anúncio, o CAF informou que destinará umaUS$ 300 milhões (R$ 1,705 bilhões) para conservar e restaurar ecossistemas estratégicos da América Latina, como a Amazônia, o Pantanal, a Patagônia, o Chaco e a Antártica. O banco ainda deve mobilizar mais recursos entre os governos locais, sociedade civil e setor privado.
Segundo Sergio Díaz-Granados, a quantia representa apenas o começo de um fluxo de canalização de recursos de doação e financiamento para a proteção dabiodiversidade no continente. Para a vice-presidente colombiana, os recursos consistem também em uma mensagem de paz da região do Pacífico para todas as espécies e populações. “A América Latina é uma região que sofreu com o conflito armado e a violência desproporcional. Mas somos um povo que, apesar de ter estado de joelhos, se levanta e caminha.”, disse.
Anielle Franco destacou que o convite está aberto para que outros países da região engrossem a rede de proteção ambiental da população negra. Ao longo de 2024, deve ser oficializado a iniciativa Cultivando Esperança, parageração de rendae promoção daconservação ambientalpara as comunidades-alvo do projeto de cooperação. O foco no próximo ano deve ser sobretudo na cadeia produtiva do açaí e seus atores.
*A jornalista vajou a convite.