Apenas 1% dos cargos de alta liderança no Brasil são ocupados por negros
Novo estudo da Diversitera é reflexo da desigualdade racial nas empresas e também revela que o salário de pessoas pretas e pardas é 43% menor
Repórter de ESG
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 12h48.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 12h50.
Se por um lado pessoas pretas e pardas são a maioria da população e da força de trabalho, a desigualdade reflete nas empresas brasileiras. Um novo estudo da Diversitera revelou que apenas 1% dos negros ocupamcargos de liderançae 8,7% são pardas. Em contrapartida, pessoas brancas detêm 84,1% dos cargos de chefia, que incluem posições de diretoria e executivos sêniores.
A análise da startup de Diversidade e Inclusão foi realizada entre junho de 2022 e julho de 2024 e contou com 49 mil respondentes de 40 organizações nacionais e multinacionais. O cenário que retrata o racismo estrutural é ainda mais alarmante ao se comparar salários: a renda média de pessoas pretas e pardas é 43% inferior em relação aos brancos.
E o dado se acentua ainda mais quando olhado sob um recorte de gênero. Em média, homens pretos ganham 50% a menos que brancos, enquanto a diferença de remuneração entre mulheres pretase brancas é de 63%.
Além disso, uma pessoa negra no mesmo cargo desempenhando as mesmas funções que uma branca recebe em média 20% a menos.A falta de representatividade de negros na liderança também se repete em cargos médios. Cerca de4,8% das gerências são ocupadas por pessoas pardas e 2,8% por pessoas pretas, enquanto 74,9% são brancas. Já as funções operacionais são ocupadas por maioria negra (55%). E em cargos de serviços gerais, tradicionalmente terceirizados -- como portaria, segurança e manutenção -- a participação de negros chega a 69% -- contra 26% de brancos.
Segundo a Diversitera, o estudo é retrato de um sistema de desigualdade e d escompasso salarial e aponta para a necessidade urgente de políticas públicas e privadas eficazes para garantir igualdade de oportunidades de trabalho para esta população.
“Observar renda e remuneração é um ótimo caminho para compreender o que é o racismo estrutural e como ele opera no Brasil, quando é menos sobre episódios individuais e cotidianos de preconceito, injúria e discriminação, e mais sobre aquilo que impactou e ainda impacta gerações de determinado grupo étnico-racial", disse em nota Tamiris Hilário, especialista em questões étnico-raciais da Diversitera.
A especialista também destaca que estamos longe de vencer este jogo, e embora tenhamos avançado em políticas públicas e privadas voltadas às pessoas étnico-racialmente diversas, ainda há muito a ser feito em termos de inclusão.