Ambev antecipa meta e opera com energia elétrica limpa no Brasil
Com a estratégia de transição energética, a Ambev zerou a emissões de escopo 2 e reduziu emissões no escopo 1 em 40% - ambas relativas às emissões diretas; parceria com startup busca reduzir impacto causado também pelos fornecedores
Repórter de ESG
Publicado em 25 de junho de 2024 às 07h30.
A fabricante de bebidas Ambev atinge a meta de usar energia elétrica renovável em todas as operações no Brasil, algo estipulado para 2025. A novidade gera redução nas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Desde 2017, quando a meta foi estipulada, a companhia deu início à construção de usinares solares nas próprias operações e à compra de energia eólica e solar de parceiros, como 2W, Engie e Neoenergia.
De acordo com Edivan Panisson, diretor de suprimentos e sustentabilidade da Ambev, o trabalho interno de transição para energias limpas que começou no Brasil há 7 anos já se concretizava em outros mercados. “A jornada teve início em outros países em que operamos, como Chile e Argentina, que foram os primeiros a mudar a matriz energética”, conta.
Nas nações vizinhas, a Ambev firmou parcerias com as empresas fornecedoras de energia para a compra de fontes elétricas limpas. “Desenvolvemos projetos com a Enel no Chile e com a Green Power na Argentina para comercialização das energias renováveis no setor privado. Essas fontes já abastecem todas as unidades, seja com energia solar ou eólica, nos dois países”, conta.
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Redução de emissões
A operação no Brasil passava pelo mesmo desafio: desenvolver projetos que reduzissem as emissões no escopo 1, referentes à própria produção, e, principalmente, no escopo 2, ligadas ao uso de energias elétricas, aquelas que concentram as maiores emissões internamente, como explica o diretor. A substituição da matriz energética gerou uma redução de 40% nas emissões de escopo 1 e zerou a emissões no escopo 2.
De acordo com o diretor, reduzir as emissões e utilizar fontes de energia mais limpas é parte da estratégia da empresa para reduzir o impacto ambiental na produção. “Já utilizamos embalagens de matérias-primas majoritariamente recicladas e tudo o que produzimos é vendido localmente. A parte em que ainda poderíamos contribuir é reduzindo as emissões”, conta.O executivo explica que outros processos internos foram alterados pensando no alcance de objetivos sustentáveis. A empresa começou a usar a biomassa no aquecimento de produtos desde a década de 2000, o que reduz o impacto da energia calorífica necessária para a produção da cerveja. “Não basta não gerar prejuízos ambientais, mas recuperar o que já foi prejudicado”, conta Panisson.
Com os processos, a empresa já atingiu 16 unidades com neutralidade de carbono. O objetivo é atingir o net-zero em toda a companhia até 2040.
Escopo 3 como desafio
Reduzir as emissões causadas pelos fornecedores e pela cadeia de valor das bebidas, ou seja, de escopo 3, também estão entre as prioridades. Por isso, desde 2020, a empresa tem uma parceria com a startup Lemon, que leva eletricidade limpa e renovável para estabelecimentos de todo o país. A Ambev conectou a energia gerada pela Lemon em parques eólicos a 6 mil pontos em que revende seus produtos, como pequenos restaurantes, bares e mercados.
Para Panisson, a Ambev se tornou uma ponte para que pequenos negócios pudessem tornar suas energias verdes, processo que ainda é distante das empresas menores. “É mais fácil para grandes produtores, mas o desafio é ser renovável nos pequenos pontos de venda, que tem menos recursos para isso”, explica.Além de Argentina, Chile e Brasil, a estratégia de transição energética da Ambev já atingiu sucesso em outros cinco países de América Latina: Paraguai, Uruguai, El Salvador, República Dominicana, Panamá e Guatemala.