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Transformadores do país: o climatologista brasileiro na Royal Society

Um dos principais estudiosos da Amazônia, Carlos Nobre defende a exploração sustentável da região

Carlos Nobre: mais de 40 anos dedicados ao estudo da floresta e do clima (Arquivo pessoal/Divulgação)

Carlos Nobre: mais de 40 anos dedicados ao estudo da floresta e do clima (Arquivo pessoal/Divulgação)

Um dos principais pesquisadores sobre as mudanças climáticas na Amazônia, o climatologista Carlos Nobre foi nomeado membro da seleta Royal Society neste mês. O brasileiro é o primeiro a fazer parte da academia científica britânica desde a participação do imperador D. Pedro 2º, em 1871. Nobre formulou a hipótese de savanização da Amazônia e alerta para os riscos que a floresta corre com o desmatamento.

"A Royal Society está dando reconhecimento internacional para os riscos que a Amazônia enfrenta. Nós podemos perder a melhor biodiversidade e a maior floresta tropical do mundo", afirmou Nobre em entrevista à Reuters.

Dados recentes do Observatório do Clima mostram que a Amazônia perdeu 1.954 km2 de cobertura vegetal nos primeiros quatro meses de 2022. A área é a mesma dos municípios de São Paulo e Curitiba juntos e equivale ao dobro do que foi desmatado no mesmo período de 2021.

Nobre defende que há vantagens econômicas na exploração sustentável da floresta sobre a agricultura e a pecuária. “Estudos mostram que um hectare de floresta pode gerar até R$ 12 mil anuais em sistemas agroflorestais, enquanto um hectare desmatado para o plantio de soja rende entre R$ 500 e R$ 1 mil, e um hectare transformado em pasto não mais de R$ 100 por ano”, disse ele em entrevista ao jornal “Valor Econômico”.

O cientista está sempre em busca de soluções que conduzam o Brasil para caminhos mais sustentáveis. Nessa jornada, ele lidera o programa Terceira Via Amazônica – Amazônia 4.0, que propõe ações para elaboração de um plano mestre que mire no desenvolvimento bioeconômico da região.

Um dos pilares do projeto é a criação de uma autoridade de bioeconomia amazônica e, para isso, a sugestão é que haja parcerias público-privadas. De acordo com a descrição do programa, a nova instituição seria responsável por “acelerar e expandir uma bioeconomia amazônica vibrante e competitiva, com florestas em pé e rios fluindo”.

Outra proposta importante que faz parte do Amazônia 4.0 é a Rainforest Business School (Escola de Negócios Sustentáveis da Floresta Tropical), que pretende formar uma nova geração de especialistas que pensem em estratégias de desenvolvimento econômico a partir da manutenção da floresta.

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