Plano Safra tem recursos inéditos para inovação no campo
Plano Safra 2022/23 foi bem recebido pelo setor, apesar do aumento de juros nos financiamentos, que terão taxas de até dois dígitos
Esfera Brasil
Publicado em 20 de agosto de 2022 às 09h00.
Os recursos destinados à sustentabilidade e inovação no campo tiveram um aumento de 35% pelo novo Plano Agrícola e Pecuário do governo federal. O Plano Safra 2022/23 foi bem recebido pelo setor, apesar do aumento de juros nos financiamentos, que terão taxas de até dois dígitos mas estarão abaixo da Selic atual e serão menores para pequenos produtores. Anunciado no final de junho com previsão de R$ 341 bilhões, 36% a mais que no ano passado, é o plano de maior valor da história, segundo a CNA (Confederação Nacional de Agricultura).
Há somas significativas para incentivar a inovação tecnológica no monitoramento da produção, conservação do solo, geração de energia limpa e desenvolvimento de técnicas produtivas mais sustentáveis, com redução da emissão de carbono. Só para o Inovagro serão R$ 3,52 bilhões, com financiamentos de 10,5% ao ano. É dinheiro para sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento e automação das atividades agropecuárias e para geração e distribuição de energia de fontes renováveis.
Para o programa ABC, serão R$ 6,19 bilhões, com taxas entre 7% e 8,5% ao ano, em financiamentos da recuperação de áreas e pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-florestas e práticas ecologicamente mais eficientes para uso, manejo e proteção dos recursos naturais.
Na sua nota técnica nº 20, a CNA ressalta que o plano foi construído em meio a uma série de adversidades econômicas, políticas e climáticas que trouxeram grandes dificuldades ao setor, mas que “atende, em grande medida, as expectativas do setor agropecuário”. A grande preocupação para a agroindústria “é que o volume de recursos anunciados efetivamente esteja à disposição dos produtores rurais quando buscarem as instituições financeiras”, diz a nota.
Para a CNA, entre as mudanças positivas, destacam-se: aumento do volume de recursos especialmente para pequenos e médios produtores; o crédito para investimento passou a financiar remineralizadores de solo (pó de rocha), telefonia rural, sistemas para geração e distribuição de energia, softwares e licenças para gestão, monitoramento e automação das atividades produtivas.
O setor cafeeiro também apontou as vantagens no novo plano safra. Marcos Matos, diretor geral, e Silvia Pizzol, gestora de Sustentabilidade do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), publicaram artigo em que destacam a adaptação às mudanças climáticas na linha de crédito Pronaf ABC+Bioeconomia, que passa a financiar a adoção de práticas conservacionistas do sistema solo-água-planta e sistemas integrados de produção, a exemplo do Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
São R$ 6,19 bilhões para enfrentar a mudança do clima no setor agropecuário (Plano ABC+), 22,5% a mais que no ano anterior. Para eles, é “o maior volume de recursos da história para investimentos em práticas que aumentam a eficiência produtiva e conservam solo, água e vegetação, ampliando o sequestro de carbono da atmosfera”.
Entre os vários itens financiados nessa linha de crédito, estão a adubação verde, plantio de cultura de cobertura do solo, construção de instalações para implantação ou ampliação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural para uso próprio. A aplicação dessas práticas na cafeicultura e em outras, como sistemas integrados, “é um importante estímulo para o agro brasileiro atingir seu potencial de descarbonização, contribuindo para o enfrentamento global das mudanças climáticas”, dizem os conselheiros do Cecafé.