(Bloomberg Creative/Getty Images)
Uma análise geral sobre os temas abordados no Global Agribusiness Forum de 2022, um dos mais relevantes encontros de agronegócio do Brasil, realizado em julho, em SP, mostra que a agricultura está no centro dos debates geopolíticos em todo o mundo, que estão sendo influenciados pelos atuais desafios demográficos, ecológicos e socioeconômicos.
Nesse sentido, a conexão entre agricultura, diplomacia e comércio exterior passou a exercer uma função estratégica de máxima importância. Além disso, pesquisas científicas estimam que até 2050 o aumento da população mundial será de 25%, e o desafio para garantir a segurança alimentar exigirá constantes esforços de cooperação internacional, fundamentados, principalmente, nas inovações tecnológicas e no combate sistemático contra o desperdício de alimentos.
O Relatório do Índice de Desperdício Alimentar do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, publicado em 2021, afirmou que a redução do desperdício de alimentos será uma necessidade cada vez mais evidente para todos os países do mundo. No entanto, infelizmente, o grande potencial econômico associado a esse tema ainda é pouco explorado, porque os estudos sobre a sua verdadeira escala e seus impactos ainda não estão sendo realizados com a devida profundidade, com algumas poucas exceções. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima que cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçadas em 2019.
De acordo com o artigo "A próxima catástrofe alimentar”, publicado pela revista The Economist, uma catástrofe alimentar está se aproximando como consequência imediata da guerra na Ucrânia e suas crises geopolíticas, energéticas e humanitárias. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou recentemente que é possível que nos próximos meses seja observada uma escassez global de alimentos, que pode durar muitos anos.
Esse complexo cenário demonstra que a segurança alimentar envolve, essencialmente, três aspectos fundamentais: a produção agrícola sustentável, a partir das melhores inovações tecnológicas do século 21, o combate contra o desperdício de alimentos e a busca por soluções científicas para evitar a desertificação dos solos. Esses três aspectos precisam ser harmonizados através de políticas públicas que sejam capazes de envolver todos os stakeholders, para que soluções profundas e definitivas possam ser encontradas.
Nossa cultura contemporânea, muito envolvida com smartphones, internet, transformação digital, e-commerce, telemedicina e várias outras inovações precisa despertar, definitivamente, para a realidade de que nada é mais importante do que investir em estratégias robustas de segurança alimentar, antes que seja tarde demais.