Economia

Vulnerável economia italiana aguarda eleições-chave

Itália continua sendo um país frágil, abalado por uma profunda recessão e vulnerável a eventuais turbulências políticas


	Mario Monti: segundo um estudo de Cerved, 104.000 empresas fecharam no ano passado, vítimas da crise ou do "credit crunch", a falta de crédito
 (AFP/ Filippo Monteforte)

Mario Monti: segundo um estudo de Cerved, 104.000 empresas fecharam no ano passado, vítimas da crise ou do "credit crunch", a falta de crédito (AFP/ Filippo Monteforte)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2013 às 21h22.

Milão - A Itália, que irá às urnas após 15 meses de governo do professor Mario Monti, conseguiu evitar o buraco negro da dívida, mas continua sendo um país frágil, abalado por uma profunda recessão e vulnerável a eventuais turbulências políticas.

Se há algo que caracterizou este período que isso foi a "taxa de risco" - a diferença que os bônus italianos pagam a dez anos em relação aos alemães que servem de referência-, que está na boca dos jornalistas, analistas, políticos e do cidadão que há dois anos nunca tinha ouvido falar dela.

Este indicador do nível de desconfiança caiu à metade desde novembro de 2011, data em que Monti assumiu as rédeas do país.

Em uma mudança radical em relação a seu predecessor Silvio Berlusconi, Monti soube, com ajuda do Banco Central Europeu (BCE), recuperar parte da credibilidade da Itália na Europa e nos mercados financeiros, bem como a de inúmeras empresas italianas.

Neste sentido, "há um antes e um depois", resume Alberto Barcella, presidente da organização patronal Confindustria em Lombardia, a região mais rica e industrial do país.


"Este governo atuou durante um dos períodos mais difíceis da República Italiana (...) Neste contexto, acredito que (Mario Monti) fez o melhor que pode", estima, e cita as reformas trabalhistas e das aposentadorias.

Contudo, esses esforços, em particular a severa política de austeridade para reduzir a descomunal dívida do país (2 trilhões de euros) e equilibrar as contas públicas, tiveram um preço muito alto para os cidadãos.

Os italianos não gostaram muito da volta do imposto sobre bens imóveis. O tema dos impostos de fato dominou a campanha eleitoral antes de ser afetado pelos surpreendentes escândalos financeiros de gigantes como Finmeccanica ou Eni.

É difícil acreditar nas promessas oficiais de que o crescimento voltará em meados do ano, já que, pelas últimas estatísticas, a Itália acaba de atingir seis trimestres consecutivos de contração do PIB, o período de recessão mais longo em 20 anos. A economia se contraiu 2,2% em 2012.

Segundo um estudo de Cerved, 104.000 empresas fecharam no ano passado, vítimas da crise ou do "credit crunch", a falta de crédito.


Ao mesmo tempo, o desemprego continua aumentando: em dezembro, subiu a 11,2% da população ativa (36,6% entre os jovens de 15-24 anos) e alimenta o ressentimento contra uma classe política, considerada distante da realidade diária dos cidadãos e permissiva com a corrupção.

Monti, depois de ter descartado inicialmente se lançar ao cenário político, justificou sua mudança, no final de dezembro, pela vontade de preservar as reformas feitas.

"Somos os únicos que mostramos nossa capacidade de governar. E haverá um grande risco de que o grande incêndio financeiro volte a se propagar se os italianos escutarem Berlusconi e suas promessas ilimitadas", declarou esta semana.

A forte alta del Cavaliere nas pesquisas nas duas últimas semanas produziu calafrios nos mercados, em particular após sua promessa de devolver o imposto sobre bens imóveis se for eleito, o que não faz mais que trazer de volta o fantasma de uma Itália incontrolável que ameaça toda a zona do euro.

Na realidade, para os mercados, os acontecimentos são bastante favoráveis, dizem os economistas do banco UBS.

O "cenário favorito" seria o de uma aliança entre o Partido Democrata, favorito nas pesquisas, mas que talvez não tenha a maioria no Senado, e a coalizão centrista de Mario Monti, que conservaria, assim, um papel determinante no futuro governo.

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