Vitória de Trump poderia causar recessão global, diz Citi
Vitória de Trump poderia tirar 0,8 ponto percentual no crescimento global, que ficaria abaixo da linha de 2% usada pelo banco para definir recessão
João Pedro Caleiro
Publicado em 27 de agosto de 2016 às 09h28.
São Paulo - Uma vitória de Donald Trump causaria uma desaceleração na economia dos Estados Unidos e do mundo, de acordo com o Citi .
Em um relatório assinado por seu economista-chefe Willem Buiter, o banco estima que haveria um aumento grande na incerteza com o republicano presidente.
Isso tiraria de 0,7 a 0,8 ponto percentual na estimativa de crescimento global para 2017, atualmente em 2,7%. É o suficiente para levar a taxa global para abaixo dos 2%, linha que o banco usa para definir o que é uma recessão.
O primeiro impacto seria nos mercados financeiros, que atualmente não estão precificando a vitória de Trump e seriam pegos de surpresa - um repeteco do drama quando o Reino Unido decidiu sair da União Europeia.
O comércio também deve ser afetado. Os dois candidatos se colocam contra a Parceria Transpacífica (TPP), mas Trump vai mais longe: promete colocar uma tarifa de 45% nas importações chinesas e rever o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).
Em entrevista recente para EXAME.com, o único assessor acadêmico econômico de Trump, o professor Peter Navarro, rebateu algumas críticas à plataforma do candidato:
"O comércio é um componente chave da prosperidade, e Trump é um livre comerciante, mas ele insiste que o comércio precisa ser justo. Os brasileiros sabem muito bem de como a China trapaceia, despeja seus produtos abaixo do custo nos mercados mundiais e tira os empregos das pessoas."
Pode ser só retórica de campanha, mas é suficiente para colocar em alerta grandes parceiros comerciais do país (como Canadá e México) e tantos outros que tem parcela grande de exportações indo para os EUA (incluindo o Brasil).
"Já que os EUA são um defensor de longa data (ainda que às vezes seletivo) de fronteiras abertas e comércio livre, uma mudança na sua posição sobre globalização provavelmente reforçaria a ascensão do sentimento anti-globalização e tendências protecionistas já visíveis em várias partes do mundo", diz o texto.
O banco calcula que a chance de Hillary Clinton ganhar está em 65%, mais baixa do que a maior parte dos analistas. A justificativa é que ela também tem suas fraquezas e que os modelos estatísticos valem menos em uma ciclo eleitoral recheado de surpresas.
A dúvida em relação a Hillary é quanto ela vai ceder para a ala mais à esquerda do Partido Democrata, mas o cenário-base do banco é que sua vitória representaria mudanças mínimas e faria o crescimento americano permanecer na faixa dos 2%.
A parte boa é que os dois candidatos são a favor de uma expansão de gastos que poderia estimular a economia, e a parte ruim é que mesmo com uma derrota de Trump, o movimento que ele criou não vai desaparecer tão cedo e simboliza uma cisão perigosa:
"Uma das principais conclusões dos acontecimentos políticos grandes de 2016 no Reino Unido e nos EUA é o quanto um número significativo de cidadãos, talvez até uma maioria, das economias avançadas e industrializadas chegaram a um momento decisivo em que não veem mais as políticas e os políticos do mainstream como alinhados ao seu auto-interesse econômico pessoal", diz o banco.
São Paulo - Uma vitória de Donald Trump causaria uma desaceleração na economia dos Estados Unidos e do mundo, de acordo com o Citi .
Em um relatório assinado por seu economista-chefe Willem Buiter, o banco estima que haveria um aumento grande na incerteza com o republicano presidente.
Isso tiraria de 0,7 a 0,8 ponto percentual na estimativa de crescimento global para 2017, atualmente em 2,7%. É o suficiente para levar a taxa global para abaixo dos 2%, linha que o banco usa para definir o que é uma recessão.
O primeiro impacto seria nos mercados financeiros, que atualmente não estão precificando a vitória de Trump e seriam pegos de surpresa - um repeteco do drama quando o Reino Unido decidiu sair da União Europeia.
O comércio também deve ser afetado. Os dois candidatos se colocam contra a Parceria Transpacífica (TPP), mas Trump vai mais longe: promete colocar uma tarifa de 45% nas importações chinesas e rever o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).
Em entrevista recente para EXAME.com, o único assessor acadêmico econômico de Trump, o professor Peter Navarro, rebateu algumas críticas à plataforma do candidato:
"O comércio é um componente chave da prosperidade, e Trump é um livre comerciante, mas ele insiste que o comércio precisa ser justo. Os brasileiros sabem muito bem de como a China trapaceia, despeja seus produtos abaixo do custo nos mercados mundiais e tira os empregos das pessoas."
Pode ser só retórica de campanha, mas é suficiente para colocar em alerta grandes parceiros comerciais do país (como Canadá e México) e tantos outros que tem parcela grande de exportações indo para os EUA (incluindo o Brasil).
"Já que os EUA são um defensor de longa data (ainda que às vezes seletivo) de fronteiras abertas e comércio livre, uma mudança na sua posição sobre globalização provavelmente reforçaria a ascensão do sentimento anti-globalização e tendências protecionistas já visíveis em várias partes do mundo", diz o texto.
O banco calcula que a chance de Hillary Clinton ganhar está em 65%, mais baixa do que a maior parte dos analistas. A justificativa é que ela também tem suas fraquezas e que os modelos estatísticos valem menos em uma ciclo eleitoral recheado de surpresas.
A dúvida em relação a Hillary é quanto ela vai ceder para a ala mais à esquerda do Partido Democrata, mas o cenário-base do banco é que sua vitória representaria mudanças mínimas e faria o crescimento americano permanecer na faixa dos 2%.
A parte boa é que os dois candidatos são a favor de uma expansão de gastos que poderia estimular a economia, e a parte ruim é que mesmo com uma derrota de Trump, o movimento que ele criou não vai desaparecer tão cedo e simboliza uma cisão perigosa:
"Uma das principais conclusões dos acontecimentos políticos grandes de 2016 no Reino Unido e nos EUA é o quanto um número significativo de cidadãos, talvez até uma maioria, das economias avançadas e industrializadas chegaram a um momento decisivo em que não veem mais as políticas e os políticos do mainstream como alinhados ao seu auto-interesse econômico pessoal", diz o banco.