Venezuela pagou US$ 2,1 bilhões por "carne podre", diz deputado
O deputado Carlos Paparoni afirmou que a JBS e a BRF estão entre as que mais exportaram carne para a Venezuela desde 2011
EFE
Publicado em 21 de março de 2017 às 20h09.
Caracas - O deputado venezuelano Carlos Paparoni, opositor ao governo de Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira que a Venezuela pagou cerca de US$ 2,1 bilhões a duas empresas brasileiras que adulteravam carnes para poder vender produtos vencidos ou não apropriados para o consumo.
"Gastaram US$ 2,1 bilhões comprando da JBS e da BRF, companhias que vendem comida vencida. Estão comprando carne e produtos podres para poder importá-los", disse o parlamentar em discurso na Assembleia Nacional (AN, parlamento), controlada pela oposição ao governo.
O deputado afirmou que essas empresas estão entre as que mais exportaram carne para a Venezuela desde 2011 mediante contratos supostamente assinados pela estatal Corporación CASA, a única instância autorizada para este tipo de negociação no país.
Paparoni argumentou que o ex-presidente do parlamento Diosdado Cabello, considerado um dos homens mais importantes do chavismo; o chefe da Fazenda, José Cabello; e o ministro de Alimentação; Marco Torres, se reuniram com os proprietários das empresas em questão para fechar os acordos de importação.
"Pagam US$ 7 por cada quilo de alimento, de carne que estão comprando do Brasil. Com essa quantia nós podemos produzir 14 quilos mais e eles preferem comprar carne podre do Brasil", prosseguiu.
Como consequência da repercussão da operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF) brasileira, que revelou um esquema de propina no qual funcionários do Ministério da Agricultura liberavam carnes para a venda sem fiscalização, países como China, Coreia do Sul, Chile, Hong Kong e a União Europeia (UE) anunciaram restrições temporárias às importações de carnes brasileiras.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, o quarto no segmento de suínos, e as vendas externas desses três setores a cerca de 150 países representaram no ano passado 7,2% desse comércio, com US$ 11,6 bilhões.