Economia

Venezuela deve vender títulos de renda fixa a Nomura

Os parlamentares da oposição já criticaram publicamente neste mês a Nomura por participar com o Goldman Sachs de operação de títulos de US$ 2,9 bi

Venezuela: "O governo continua com sua estratégia desesperada de vender ativos por causa de suas limitações de fluxo de caixa" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Venezuela: "O governo continua com sua estratégia desesperada de vender ativos por causa de suas limitações de fluxo de caixa" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 22 de junho de 2017 às 21h12.

Caracas - O banco central da Venezuela está tentando vender títulos de renda fixa para a Nomura Holdings Inc como forma de levantar recursos em meio a uma crise econômica, disse um deputado da oposição e uma fonte do setor financeiro nesta quinta-feira, apenas algumas semanas depois de um acordo similar envolver o banco japonês.

Os parlamentares da oposição já criticaram publicamente neste mês a Nomura por participar com o Goldman Sachs de uma operação de títulos de 2,9 bilhões de dólares que ajudou o governo do presidente Nicolas Maduro a reforçar as reservas internacionais do país.

As negociações giram em torno de 710 milhões de dólares em títulos conhecidos como notas lastreadas em crédito que foram emitidos pela Nomura para a Venezuela em 2008, de acordo com a fonte do setor financeiro, como forma de o país, então um próspero membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), investir em suas receitas de petróleo.

A Venezuela, que está lutando com uma inflação de três dígitos e escassez de produtos ao estilo soviético conforme a sua economia socialista degringola, está disposta a vender os títulos para a Nomura com desconto antes que eles vençam.

"A Nomura está comprando notas que são mantidas pelo banco central", disse à Reuters o político da oposição, Angel Alvarado, que faz parte de um amplo esforço para pressionar os bancos globais a não fornecer financiamento para a Venezuela.

"O governo continua com sua estratégia desesperada de vender ativos por causa de suas limitações de fluxo de caixa."

A Nomura não quis comentar. O presidente do Banco Central da Venezuela, Ricardo Sanguino, disse que não estava em negociações com a Nomura.

"Isso é falso, não estamos fazendo isso", disse Sanguino à Reuters depois de uma coletiva de imprensa. "Nenhum banco central revela suas estratégias."

A Venezuela negociou recentemente esse tipo de operação por meio de intermediários.

Um dos títulos tem um valor nominal de 390 milhões de dólares e vence no fim de 2018, enquanto o outro, com um valor nominal de 320 milhões de dólares, vence em 2023, de acordo com a fonte do setor financeiro, que pediu para não ser identificada.

"O acordo poderia ser fechado já na próxima semana ", disse a fonte.

As notas fazem parte de uma carteira de títulos do banco central de 2,5 bilhões de dólares que a Venezuela espera usar para arrecadar fundos por meio de operações com Wall Street, disse a fonte.

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