Supermercado: a expectativa era de queda de 0,60% na comparação mensal e de queda de 8,35% sobre um ano antes (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2016 às 11h01.
Rio de Janeiro/ São Paulo - As fortes quedas em móveis e eletrodomésticos, alimentos e combustíveis pressionaram as vendas no varejo brasileiro em janeiro e o setor iniciou o ano sem dar sinais de recuperação em breve diante das perdas de emprego e da inflação alta que assolam o país.
No primeiro mês do ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, as vendas varejistas caíram 1,5 por cento sobre dezembro, no segundo pior resultado para o mês na série iniciada em 2001.
Sobre o mesmo mês do ano anterior, as vendas despencaram 10,3 por cento, maior queda desde março de 2003 (-11,4 por cento), depois de terem encerrado 2015 com a maior queda histórica.
"O volume de vendas na entrada de 2016 mostra uma aceleração no ritmo de queda das vendas, que é quase generalizada e reflete toda a conjuntura econômica", destacou a economista do IBGE Isabella Nunes.
Os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, de recuo de 0,6 por cento na comparação mensal e de 8,35 por cento sobre um ano antes.
As mesmas pressões que afetaram o setor varejista ao longo do ano passado persistem em 2016, impossibilitando a visualização de qualquer sinal de estabilidade em breve --a forte recessão econômica exacerbada pela fraqueza da confiança em meio às perdas de emprego e renda, juros e inflação elevados.
Foram exatamente esses fatores que levaram o consumo das famílias a recuar 4,0 por cento em 2015, contribuindo para o Produto Interno Bruto (PIB) encolher 3,8 por cento.
O IBGE apontou que a maior queda nas vendas varejistas em janeiro aconteceu em Móveis e eletrodomésticos, de 4,3 por cento.
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, setor com maior peso na estrutura do comércio varejista, registrou perdas de 0,9 por cento. Já as vendas de combustíveis e lubrificantes caíram 3,1 por cento sobre dezembro.
"A perda das vendas de hipermercados tem a ver com a renda real mais fraca. Há ainda uma evolução de preços de alimentos acima da inflação e os consumidores estão tendo que se ajustar a essa realidade com produtos alternativos e mais acessíveis", explicou Isabella, do IBGE.
Por sua vez, o volume de vendas no varejo ampliado --que inclui veículos e material de construção-- apresentou recuo de 1,6 por cento, com queda de 6,6 por cento nas vendas de material de construção.
A pesquisa Focus do Banco Central continua apontando que a inflação medida pelo IPCA encerrará este ano bem acima dos limites definidos pelo governo, a 7,59 por cento, com a economia registrando contração de 3,50 por cento.
Matéria atualizada às 11h