Vendas no varejo nos EUA superam expectativas, mas perspectiva é incerta
Excluindo automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios, as vendas aumentaram 1,4% no mês passado
Reuters
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 14h39.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 14h42.
As vendas no varejo dos Estados Unidos aumentaram mais do que o esperado em setembro, confirmando um forte trimestre de atividade econômica, embora a recuperação da recessão esteja em uma encruzilhada conforme o auxílio do governo chega ao fim e empresas continuam dispensando trabalhadores.
Novos casos de coronavírus também estão disparando em todo o país, o que pode levar a restrições a negócios como restaurantes, academias e bares, além de reduzir os gastos dos consumidores. A economia já está mudando para uma marcha mais lenta. Outros dados desta sexta-feira mostraram uma queda inesperada na produção industrial no mês passado.
"Embora o crescimento das vendas seja forte, ele desacelerará no restante deste ano e no próximo", disse Gus Faucher, economista-chefe da PNC Financial. "A desaceleração será ainda maior se o Congresso não aprovar outro projeto de estímulo. O desemprego continua generalizado em toda a economia dos EUA."
As vendas no varejo aumentaram 1,9% no mês passado, com os consumidores comprando veículos e roupas, jantando fora e gastando com seus hobbies. Isso se seguiu a um aumento não revisado de 0,6% em agosto.
Economistas ouvidos pela Reuters previam aumento de 0,7% nas vendas no varejo em setembro. As vendas se recuperaram para acima do nível de fevereiro, com a pandemia aumentando a demanda por bens que complementam a vida em casa, incluindo carros, móveis e eletrônicos. As vendas avançaram 5,4% em uma comparação anual em setembro.
As vendas no varejo correspondem ao componente de bens dentro dos gastos do consumidor, com serviços como saúde, educação, viagens e hospedagem compondo a outra parte.
Excluindo automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios, as vendas aumentaram 1,4% no mês passado, após uma queda revisada para baixo de 0,3% em agosto. Esse chamado núcleo das vendas no varejo corresponde mais intimamente ao componente de gastos do consumidor no Produto Interno Bruto. A estimativa preliminar era de que elas tinham caído 0,1% em agosto.
Economistas atribuem a força das vendas no varejo ao estímulo fiscal, especialmente a um subsídio semanal que foi pago a dezenas de milhões de norte-americanos desempregados. As robustas vendas no varejo de setembro reforçaram as expectativas de gastos recordes do consumidor e de crescimento econômico no terceiro trimestre.
As estimativas de crescimento para o trimestre de julho a setembro chegam a 35,2% na taxa anualizada. A economia contraiu-se a um ritmo de 31,4% no segundo trimestre, a queda mais profunda desde que o governo começou a manter registros em 1947.
Um relatório separado do Federal Reserve divulgado nesta sexta-feira mostrou que a produção industrial dos Estados Unidos caiu 0,3% no mês passado, após ganho de 1,2% em agosto. A produção permanece 6,4% abaixo do nível pré-pandemia.
Enquanto isso, uma pesquisa da Universidade de Michigan desta sexta-feira mostrou que o sentimento do consumidor saltou no início de outubro em relação a setembro. A Universidade de Michigan observou que "a desaceleração do crescimento do emprego, o ressurgimento das infecções por Covid-19 e a ausência de pagamentos adicionais de ajuda federal fizeram com que os consumidores se preocupassem mais com as atuais condições econômicas".