Economia

Veja quatro setores da Turquia ameaçados por sanções russas

A recente crise "é um grande revés após uma década de esforços para construir uma parceria comercial e energética", considera Lilit Gevorgyan


	Recep Tayyp Erdogan: a Rússia é o maior fornecedor da Turquia, em razão da venda de gás, e seu terceiro maior cliente
 (Don Emmert/AFP)

Recep Tayyp Erdogan: a Rússia é o maior fornecedor da Turquia, em razão da venda de gás, e seu terceiro maior cliente (Don Emmert/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 16h15.

As sanções econômicas impostas pela Rússia à Turquia em retaliação à destruição de um dos seus aviões de guerra vão pesar na economia turca, incluindo sobre o turismo e a agricultura, mas o seu impacto inicial deve ser limitado.

Apesar de divergirem sobre as crises na Síria e na Ucrânia, o comércio entre os dois países aumentou nos últimos anos.

A Rússia é o maior fornecedor da Turquia, em razão da venda de gás, e seu terceiro maior cliente.

Há um ano, os presidentes Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin prometeram triplicar o volume comercial, passando de 32 bilhões de dólares em 2013 para 100 bilhões em 2023.

Agora, esta meta parece fora de alcance.

A recente crise "é um grande revés após uma década de esforços para construir uma parceria comercial e energética", considera Lilit Gevorgyan, economista do IHS Global Insight.

"O impacto econômico das sanções russas (...) será limitado", acredita, por sua vez, William Jackson, da Capital Economics, contabilizando as perdas turcas em 4,5 bilhões de dólares, ou 0,5% do seu PIB.

Veja os quatro setores da economia turca mais ameaçados pela Rússia:

Turismo

Foi o primeiro alvo do presidente Vladimir Putin. Os russos são os que mais visitam a Turquia, atrás dos alemães: 4,12 milhões em 2013 e 4,3 milhões ano passado.

Mesmo antes do incidente aéreo, a desvalorização do rublo havia diminuído o fluxo de turistas russos.

De acordo com estatísticas da Turquia, o número foi de apenas 3,5 milhões até o final de outubro, um decréscimo de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O pedido de boicote por Moscou a seus compatriotas pode exacerbar essa tendência, cujas consequências devem ser marginais.

"Tomando um exemplo extremo, se nenhum turista russo visitar a Turquia em 2016, as perdas do setor poderiam girar em torno de 3 bilhões de dólares, ou 0,4% do PIB", argumenta William Jackson.

Agricultura

O vice-primeiro-ministro russo, Arkadi Dvorkovitch, anunciou nesta segunda-feira seu embargo às frutas e legumes turcos.

As exportações de produtos alimentares turcos beneficiaram do embargo decretado por Moscou aos produtos agrícolas europeus, em represália às sanções financeiras de Bruxelas por causa da crise ucraniana. Em 2014, o comércio bilateral cresceu 19%.

Também neste setor, as perdas parecem limitadas e, sobretudo, as medidas impostas por Moscou poderiam afetar seu próprio mercado.

"Os produtores turcos e os consumidores russos vão sentir a diferença", afirma Lilit Gevorgyan. "As restrições aos produtos turcos vão provocar um efeito inflacionário sobre o índice já elevado da Rússia".

Energia

A Rússia é o principal fornecedor de energia da Turquia (55% de suas necessidades de gás e 30% de petróleo), mas não planeja, por enquanto, atingir o governo conservador turco neste setor.

Segundo o ministro da Economia russo, Alexei Oulyoukayev, não está excluído uma modificação ou suspensão de dois projetos de infraestrutura, nos quais Ancara muito investiu.

Trata-se da primeira central nuclear turca, cuja pedra fundamental foi lançada em abril em Akkuyu (sul) para uma entrada em serviço em 2020 (19 bilhões de euros) e do gasodudo Turkstream.

Obras públicas

Em 2014, cerca de 35% dos contratos de construção e obras públicas atribuídos pela Rússia a empresas estrangeiras foram para grupos turcos, segundo estatísticas do Banco Central russo.

O número 2 do governo russo, Igor Chuvalov, declarou nesta segunda que, se os contratos assinados com os turcos antes de 31 de dezembro serão honrados, todo novo projeto será submetido à aprovação das autoridades.

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